|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMBUSTÍVEIS
Pesquisa da ANP foi feita em oito capitais brasileiras; governo esperava 20%, após queda de 25% nas refinarias
Gasolina cai só 8,1% na média, diz ANP
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O primeiro levantamento feito
pela ANP (Agência Nacional do
Petróleo) após a queda de 25% no
preço da gasolina nas refinarias
revela que a redução para o consumidor foi muito menor do que
o governo federal esperava. Segundo a ANP, o preço da gasolina, em média, diminuiu apenas
8,1% em oito capitais brasileiras.
No dia 20 de dezembro, o presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou que a gasolina custaria menos 25% nas refinarias a
partir de 2 de janeiro, o que se
confirmou. Disse ainda que o
combustível custaria 20% menos
em média nos postos da BR Distribuidora, empresa ligada à Petrobras. Neste caso, a promessa
continua uma promessa.
Em São Paulo, a redução constatada pela ANP no dia 7, última
segunda-feira, foi de 7,2% nos
postos em relação à média de preço de dezembro. A maior redução
ocorreu em Recife, com queda de
16,9%. A menor, em Belo Horizonte: 2,3%. No Rio, o preço final
da gasolina caiu 6,5%.
Na capital paulista, a ANP pesquisou 285 postos, dos quais 59 da
BR Distribuidora. A queda nos
preços dos postos da estatal foi
maior do que a média do município (-9,3% contra -7,2%), mas
ainda longe do imaginado por
FHC. O preço para o consumidor
está liberado, e a queda depende
dos revendedores.
O menor preço no município,
de R$ 1,390, foi identificado justamente em um posto da BR, na
Aclimação (zona sul de SP). O
preço máximo atingiu R$ 1,899
-uma diferença de 36,2%. O preço máximo registrado em São
Paulo também foi o maior de todos os pesquisados pela ANP.
A partir de ontem, a ANP passou a divulgar a média de preços
diária nas oito principais capitais
do país -Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Recife,
Rio de Janeiro, Salvador e São
Paulo. Em Salvador, onde o preço
médio caiu 8%, a diferença entre
o menor e o maior valor cobrado
pela gasolina foi de 3,7%.
O preço médio da gasolina nas
oito cidades caiu de R$ 1,715 na
média em dezembro para R$
1,575 anteontem.
O diretor da ANP, Luiz Augusto
Horta, disse que o resultado não o
surpreendeu. Para ele, as variações extremas encontradas de Recife (-16,9%) a Belo Horizonte
(-2,3%) são uma questão de enxugamento das margens de lucro.
Na primeira, disse, o preço da gasolina era um dos mais altos do
país e havia como cortar. Já na capital mineira, o preço estava ajustado -era um dos menores.
Segundo Horta, o preço deve
cair mais nos próximos dias até
chegar ao patamar previsto pelo
governo. Mas, para que isso ocorra, afirma, é necessário um ajuste
da base de cálculo do ICMS nos
Estados, tema que será discutido
em uma reunião do Confaz (conselho que reúne os secretários de
fazenda dos Estados).
Vários Estados fixaram a base
da cobrança do ICMS com os preços de dezembro, antes da redução nas refinarias.
Solução para o ICMS
No Rio, a pendência do ICMS já
começou a ser resolvida. O Estado
reduziu o preço presumido de
venda da gasolina para recolhimento do ICMS de R$ 1,773 (do
final de dezembro) para R$ 1,622.
Esse novo valor foi obtido com
base em pesquisa feita pelo Estado na primeira semana de janeiro,
quando os preços já começaram a
cair nos postos.
Segundo Alísio Vaz, diretor do
Sindicom (sindicato das distribuidoras), a redução no Rio permitirá uma queda de 14% no preço dos combustíveis nas bombas.
Com a base antiga, sua estimativa
de redução era de 11%.
As previsões do mercado também não se confirmaram. Na média nacional, o Sindicom esperava
que a gasolina tivesse uma queda
de 14% a 15% nas bombas. Em
São Paulo, a previsão era de um
recuo de 13% a 14%.
A queda de 25% no preço da gasolina nas refinarias teve três motivos: a redução do preço internacional do petróleo -baixou para
menos de US$ 18 no fim de dezembro-, o recuo da cotação do
dólar no final do ano e a mudança
da tributação federal.
Para substituir a PPE (Parcela
de Preço Específica, imposto federal dos combustíveis), cuja alíquota era de R$ 0,44 por litro, o
governo criou a Cide (Contribuição de Intervenção de Domínio
Econômico), que recolhe R$ 0,28.
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Opinião Econômica - Paulo Rabello de Castro: Argentina na sala dos espelhos Índice
|