São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2004

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Tarifa bate inflação de novo em SP

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

As agências de viagem salgaram os preços das excursões de turismo em dezembro e provocaram uma aceleração na taxa de inflação, que subiu para 0,42%, acima das estimativas de 0,3% para o período. Esse aumento fez o acumulado do ano subir para 8,18%. Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A inflação de 2003 fica abaixo dos 9,9% de 2002, mas as pressões do ano passado continuaram as mesmas das do anterior: os preços administrados. Esse setor vem ganhando da inflação há quase uma década, desde julho de 94. Essa tendência se repetiu em 2003, que também foi mais um ano de fortes reajustes nos setores de serviços e de tarifas públicas, diz Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe.
Desde julho de 94, a inflação acumulada da Fipe é de 138,4%. Nesse mesmo período, a conta de telefone fixo subiu 606%; o gás de cozinha, 462%; os transportes coletivos, 298%; a energia elétrica, 221%; e os custos dos correios, 252%. E o país não está livre de novos aumentos no setor neste ano devido a mudanças nas regras de reajustes no setor de telefonia e ao encargo de energia emergencial (taxa a ser paga porque foi necessário acionar termelétricas para gerar energia para o Nordeste).
Picchetti diz que os ganhos com a privatização desse setor já deveriam começar a se materializar, mostrando maior qualidade e redução de preços devido à concorrência. "Ainda não estamos vendo isso", acrescenta.
Não fossem os fortes reajustes nos serviços públicos, que representaram mais de 50% da taxa acumulada do ano passado, a inflação teria ficado dentro das metas estabelecidas pelo BC.
Picchetti diz que o ano passado, que começou com incertezas sobre a política econômica do governo, terminou se mostrando um período de forte redução no consumo, tanto no setor privado como no público. A economia foi mantida apenas pelas exportações, acrescenta.
O cenário para 2004 é mais tranquilo do que o do ano passado, diz Picchetti. A Fipe prevê uma inflação de 5,5% a 6%. O coordenador da instituição diz que neste semestre, pela primeira vez, a taxa de inflação anualizada vai ficar abaixo das metas estabelecidas pelo Banco Central.

Início aquecido
Este mês, no entanto, começa com preços aquecidos. A taxa deve partir de um patamar mínimo de 0,4%, provocado pelos aumentos de pedágio na estradas estaduais, IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), cigarros, encargo de energia emergencial e mensalidades escolares.
Esse último item será o de maior pressão, e as primeiras pesquisas da Fipe indicam reajuste médio de 10% nas escolas paulistanas.
No mês passado, as maiores pressões no índice vieram de viagens (14%), tomate (13%) e arroz (6%). Esse último vem com aumentos constantes há três anos. Em 2003, o aumento foi de 28%.
Já entre as maiores quedas de dezembro estiveram os preços de limão (-21,6%), linha telefônica (-6,1%), queijo mussarela (-4,9%) e açúcar (-4,5%).

Outros índices
A Fundação Getúlio Vargas também apurou inflação próxima à da Fipe para 2003. o Índice de Preços ao Consumidor mostrou elevação de 8,01%. Já a taxa apurada pelo Dieese para o período foi de 9,55%. Todas as pesquisas se referem à cidade de São Paulo.


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