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Tarifa bate inflação de novo em SP
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
As agências de viagem salgaram
os preços das excursões de turismo em dezembro e provocaram
uma aceleração na taxa de inflação, que subiu para 0,42%, acima
das estimativas de 0,3% para o período. Esse aumento fez o acumulado do ano subir para 8,18%. Os
dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A inflação de 2003 fica abaixo
dos 9,9% de 2002, mas as pressões
do ano passado continuaram as
mesmas das do anterior: os preços administrados. Esse setor vem
ganhando da inflação há quase
uma década, desde julho de 94.
Essa tendência se repetiu em
2003, que também foi mais um
ano de fortes reajustes nos setores
de serviços e de tarifas públicas,
diz Paulo Picchetti, coordenador
do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe.
Desde julho de 94, a inflação
acumulada da Fipe é de 138,4%.
Nesse mesmo período, a conta de
telefone fixo subiu 606%; o gás de
cozinha, 462%; os transportes coletivos, 298%; a energia elétrica,
221%; e os custos dos correios,
252%. E o país não está livre de
novos aumentos no setor neste
ano devido a mudanças nas regras de reajustes no setor de telefonia e ao encargo de energia
emergencial (taxa a ser paga porque foi necessário acionar termelétricas para gerar energia para o
Nordeste).
Picchetti diz que os ganhos com
a privatização desse setor já deveriam começar a se materializar,
mostrando maior qualidade e redução de preços devido à concorrência. "Ainda não estamos vendo isso", acrescenta.
Não fossem os fortes reajustes
nos serviços públicos, que representaram mais de 50% da taxa
acumulada do ano passado, a inflação teria ficado dentro das metas estabelecidas pelo BC.
Picchetti diz que o ano passado,
que começou com incertezas sobre a política econômica do governo, terminou se mostrando
um período de forte redução no
consumo, tanto no setor privado
como no público. A economia foi
mantida apenas pelas exportações, acrescenta.
O cenário para 2004 é mais tranquilo do que o do ano passado,
diz Picchetti. A Fipe prevê uma
inflação de 5,5% a 6%. O coordenador da instituição diz que neste
semestre, pela primeira vez, a taxa
de inflação anualizada vai ficar
abaixo das metas estabelecidas
pelo Banco Central.
Início aquecido
Este mês, no entanto, começa
com preços aquecidos. A taxa deve partir de um patamar mínimo
de 0,4%, provocado pelos aumentos de pedágio na estradas estaduais, IPVA (Imposto sobre a
Propriedade de Veículos Automotores), IPTU (Imposto Predial
e Territorial Urbano), cigarros,
encargo de energia emergencial e
mensalidades escolares.
Esse último item será o de maior
pressão, e as primeiras pesquisas
da Fipe indicam reajuste médio
de 10% nas escolas paulistanas.
No mês passado, as maiores
pressões no índice vieram de viagens (14%), tomate (13%) e arroz
(6%). Esse último vem com aumentos constantes há três anos.
Em 2003, o aumento foi de 28%.
Já entre as maiores quedas de
dezembro estiveram os preços de
limão (-21,6%), linha telefônica
(-6,1%), queijo mussarela (-4,9%)
e açúcar (-4,5%).
Outros índices
A Fundação Getúlio Vargas
também apurou inflação próxima
à da Fipe para 2003. o Índice de
Preços ao Consumidor mostrou
elevação de 8,01%. Já a taxa apurada pelo Dieese para o período
foi de 9,55%. Todas as pesquisas
se referem à cidade de São Paulo.
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