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Reajuste na telefonia pode ser mais baixo
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações) não vai mais
aplicar o IGP-DI (Índice Geral de
Preços - Disponibilidade Interna)
integral no reajuste das tarifas de
telefonia fixa caso esse índice, definido nos contratos das teles, fique muito alto, como aconteceu
no ano passado.
Em 2003, o IGP-DI acumulado
na data do reajuste chegou a 30%.
O próximo reajuste acontece em
junho. A mudança em relação ao
índice de correção coincide com a
chegada à presidência da agência
do ex-sindicalista Pedro Jaime Ziller, indicado pelo ministro Miro
Teixeira (Comunicações).
Caso o IGP-DI fique em um nível muito elevado, a agência irá
usar o artigo 108 da Lei Geral de
Telecomunicações, a qual prevê
que ganhos econômicos (proporcionados por modernização, expansão, racionalização de serviços ou novas receitas) das operadoras serão compartilhados com
os usuários. A maneira de compartilhar esses ganhos é aplicar
um reajuste de tarifas menor.
"Existem dispositivos no contrato que podem ser utilizados, o
que não significa que venham a
ser utilizados. Da mesma forma
que há a figura do desequilíbrio
econômico-financeiro, também
existe a figura da possibilidade de
transferir valores maiores para a
sociedade", explicou ontem o vice-presidente da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações),
Antônio Carlos Valente.
Valente ressaltou que essa nova
postura da agência está baseada
nos contratos. "O que a gente vai
aplicar é a fórmula do contrato,
inclusive com outras interpretações que ela suscita", afirmou.
Questionado sobre a razão pela
qual a agência não usou essas interpretações em outras ocasiões,
Valente disse que "havia um processo de defasagem tarifária, que
foi sendo resgatado ao longo do
tempo". Ou seja, as tarifas das teles estavam muito baixas.
O vice-presidente da agência
ressaltou, no entanto, que neste
ano não deverá ser necessário
usar esse artifício. "Possivelmente
nós não vamos ter esse tipo de situação e, consequentemente, a
gente não antevê nenhum problema de cumprir o contrato."
Mudança de opinião
O novo presidente da Anatel,
Pedro Jaime Ziller, achava, em dezembro de 1999, que a privatização do sistema Telebrás (julho de
1998) fora um desastre.
"Quer analisemos a privatização do Sistema Telebrás pela ótica
econômica, quer analisemos pelo
prisma social, o modelo adotado
pelo governo Fernando Henrique
para liquidar empresas públicas
do setor trouxe implicações desastrosas para o nosso país", escreveu no artigo "O Futuro Ficou
Mais Distante".
Ziller era coordenador-geral do
Sindicato dos Trabalhadores em
Telecomunicações, em Minas Gerais. Ontem, disse que sua posição
estava errada. "Pensava assim e
descobri que estava errado. Fui
um futurólogo de segunda categoria", disse. "A privatização, sob
o ponto de vista de serviços, é um
absoluto sucesso."
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