São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2007

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"Pequenas" não descartam parcerias para ganhar mercado

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

Em um mercado dominado por TAM e Gol, as companhias de menor porte, como Varig e Ocean Air, apontam como fatores-chave na sua estratégia para tentar ganhar o passageiro o aumento de capacidade, baixos índices de atrasos e cancelamentos e investimento em serviço de bordo diferenciado. E não descartam parcerias.
Após o brusco encolhimento da Varig, TAM e Gol passaram a possuir juntas mais de 85% dos vôos domésticos. Elas trarão 31 novos aviões neste ano. Esse duopólio, como é classificado no setor, é ruim ao consumidor, já que pode estimular tarifas mais altas e serviços piores.
Para este ano, porém, o cenário é de competição acirrada, com chance de guerra tarifária. Isso porque, além de TAM e Gol, a Varig quer trazer no mínimo mais dez aeronaves, e a Ocean Air diz que ampliará a frota, no primeiro semestre, com a chegada de dois 767, dois Fokker 50 e seis Fokker 100.
A BRA ainda não definiu seus planos, mas foi recém-capitalizada por um fundo de investidores estrangeiros, o Brazilian Air Partners, que adquiriu cerca de 20% de seu controle.
Além de aumentar a capacidade, as pequenas dizem que querem oferecer um serviço de bordo diferenciado para atrair o consumidor. "Não quero vender barato, eu quero vender pelo preço justo e oferecendo algo que agregue valor para o consumidor, como um serviço de bordo melhor e entretenimento mais adequado", diz Luiz André Patrão, diretor de marketing e planejamento da Varig.
Carlos Ebner, presidente da Ocean Air, diz que a receita da empresa inclui atributos como pontualidade, regularidade, bons horários e serviços. "Nós sempre pensamos na oferta do melhor atendimento ao passageiro. Nunca oferecemos barrinhas de cereal", disse. Em dezembro, a empresa ofereceu degustação de vinhos a bordo e sorteio de garrafas nos vôos.
Varig e Ocean Air, hoje com 5% e 2,2% do mercado, têm como meta chegar a dezembro com 20% e 4% de participação nos vôos domésticos. Não será fácil, dizem especialistas.
"Crescer no mercado requer um programa de marketing muito amplo. Imagine o tempo para uma Ocean Air, com 2% do mercado, se tornar conhecida no mercado", analisa o consultor Paulo Bittencourt Sampaio.
Ele aponta como um caminho a união de esforços, como uma coordenação para não voarem a destinos mais concorridos nos mesmos horários.
Ebner, da Ocean Air, não descarta a hipótese. No passado, a empresa chegou a iniciar conversas com a Varig para discutir a grade de vôos, mas a Anac proibiu o procedimento.
Para Patrão, "isso definitivamente pode acontecer". "Nos falamos muito, as outras aéreas têm procurado a Varig. Temos que ter maturidade para entender que a guerra de preços acaba sendo negativa ao próprio consumidor no futuro."
No ano passado, a demanda por vôos domésticos cresceu 12,3%. Para este ano, a estimativa é a de uma alta de 10%.
Na avaliação de especialistas, se os problemas não se repetirem neste ano, o impacto negativo da crise no setor será apenas no curto prazo. (MP e JL)

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