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"Pequenas" não descartam parcerias para ganhar mercado
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
Em um mercado dominado
por TAM e Gol, as companhias
de menor porte, como Varig e
Ocean Air, apontam como fatores-chave na sua estratégia para tentar ganhar o passageiro o
aumento de capacidade, baixos
índices de atrasos e cancelamentos e investimento em serviço de bordo diferenciado. E
não descartam parcerias.
Após o brusco encolhimento
da Varig, TAM e Gol passaram a
possuir juntas mais de 85% dos
vôos domésticos. Elas trarão 31
novos aviões neste ano. Esse
duopólio, como é classificado
no setor, é ruim ao consumidor,
já que pode estimular tarifas
mais altas e serviços piores.
Para este ano, porém, o cenário é de competição acirrada,
com chance de guerra tarifária.
Isso porque, além de TAM e
Gol, a Varig quer trazer no mínimo mais dez aeronaves, e a
Ocean Air diz que ampliará a
frota, no primeiro semestre,
com a chegada de dois 767, dois
Fokker 50 e seis Fokker 100.
A BRA ainda não definiu seus
planos, mas foi recém-capitalizada por um fundo de investidores estrangeiros, o Brazilian
Air Partners, que adquiriu cerca de 20% de seu controle.
Além de aumentar a capacidade, as pequenas dizem que
querem oferecer um serviço de
bordo diferenciado para atrair
o consumidor. "Não quero vender barato, eu quero vender pelo preço justo e oferecendo algo
que agregue valor para o consumidor, como um serviço de
bordo melhor e entretenimento mais adequado", diz Luiz André Patrão, diretor de marketing e planejamento da Varig.
Carlos Ebner, presidente da
Ocean Air, diz que a receita da
empresa inclui atributos como
pontualidade, regularidade,
bons horários e serviços. "Nós
sempre pensamos na oferta do
melhor atendimento ao passageiro. Nunca oferecemos barrinhas de cereal", disse. Em dezembro, a empresa ofereceu
degustação de vinhos a bordo e
sorteio de garrafas nos vôos.
Varig e Ocean Air, hoje com
5% e 2,2% do mercado, têm como meta chegar a dezembro
com 20% e 4% de participação
nos vôos domésticos. Não será
fácil, dizem especialistas.
"Crescer no mercado requer
um programa de marketing
muito amplo. Imagine o tempo
para uma Ocean Air, com 2% do
mercado, se tornar conhecida
no mercado", analisa o consultor Paulo Bittencourt Sampaio.
Ele aponta como um caminho a união de esforços, como
uma coordenação para não
voarem a destinos mais concorridos nos mesmos horários.
Ebner, da Ocean Air, não descarta a hipótese. No passado, a
empresa chegou a iniciar conversas com a Varig para discutir
a grade de vôos, mas a Anac
proibiu o procedimento.
Para Patrão, "isso definitivamente pode acontecer". "Nos
falamos muito, as outras aéreas
têm procurado a Varig. Temos
que ter maturidade para entender que a guerra de preços acaba sendo negativa ao próprio consumidor no futuro."
No ano passado, a demanda
por vôos domésticos cresceu
12,3%. Para este ano, a estimativa é a de uma alta de 10%.
Na avaliação de especialistas,
se os problemas não se repetirem neste ano, o impacto negativo da crise no setor será apenas no curto prazo.
(MP e JL)
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