São Paulo, segunda-feira, 09 de fevereiro de 2004

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LEITE DERRAMADO

Empregados terceirizados foram dispensados; Tribunal de Justiça manda reunir processos na 29ª Vara

Parmalat já demite pessoal e pode parar

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Funcionários da Parmalat Alimentos foram colocados em aviso prévio. Os empregados nessa situação são da área de segurança da fábrica de Jundiaí (SP) e do setor de limpeza da unidade de Araçatuba (SP), segundo a Folha apurou. A decisão da empresa de dispensá-los acontece às vésperas de uma possível paralisação na produção da companhia, que pode ocorrer entre hoje e amanhã.
No total, sindicalistas calculam que cerca de 80 empregados, atualmente contratados de forma terceirizada, devem deixar a empresa entre o final deste mês e o início de março. Em Jundiaí, o aviso prévio dos vigilantes da unidade fabril acaba dia 20.
Essa é a primeira ação da Parmalat Alimentos no sentido de dispensar funcionários desde que a crise financeira do grupo veio à tona, em dezembro. A companhia tem cerca de 6.000 funcionários.
Na última sexta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação de Jundiaí foi informado do fato pelos próprios empregados. Nesta semana, a entidade deve pedir esclarecimentos à companhia. Em Araçatuba, o sindicato do setor na região também foi informado do ocorrido em meados de janeiro.
A Parmalat informa que, como reflexo do atual momento de crise, a empresa teve dificuldades para pagar em dia os seus prestadores de serviço. Com isso, alguns contratos foram rescindidos.
O comunicado oficial da companhia aos funcionários em aviso prévio não esclarece se novos empregados terceirizados serão contratados para a função.
Com o pedido de concordata já enviado à Justiça no dia 28 de janeiro, a companhia tentou negociar a edição de uma medida provisória para tentar reverter sua situação. Representantes da área econômica do governo já descartaram, porém, essa possibilidade na semana passada.
A MP anteciparia parte das normas da Lei de Falências, ainda não aprovada pelo Congresso, para dar sobrevida à empresa.
Sem recursos para comprar matérias-primas e endividada com fornecedores de embalagens, a companhia pode parar a produção hoje, segundo rumores. Reuniões das áreas Comercial e de Recursos Humanos da empresa na sexta-feira traçaram um cenário, para esta semana, com paralisação temporária das sete unidades.
Porém sem demissão de funcionários no momento (eles podem permanecer em banco de horas).

Tribunal designa juiz
Foco de ações em diferentes varas cíveis, a Parmalat tem sido objeto de uma saia justa, no mínimo constrangedora, entre juízes do Fórum Central de São Paulo.
O juiz da 29ª Vara Cível, Nuncio Theophilo Neto, solicitou na sexta-feira que todos os processos relacionados à empresa fossem encaminhados para ele. Theophilo analisa pedidos de falência e concordata da companhia. O juiz da 42ª Vara Cível, Carlos Henrique Abrão não gostou.
Está na sua alçada o processo do banco Sumitomo, atual credor, contra a empresa. E ainda uma denúncia de um ex-funcionário.
O Tribunal de Justiça teve de intervir. Segundo a Folha confirmou no sábado, o desembargador Mohamed Amaro, vice-presidente do Tribunal de Justiça/SP, designou, por meio de liminar, o juiz Theophilo como aquele que decidirá todas as questões.
"Ele [Theophilo] vai cuidar de todos os milhares de processos da empresa que existem na Justiça? Sei.", disse Abrão.
Autoridades do Principado de Mônaco bloquearam uma conta da Parmalat existente na região no valor de 2 milhões. O pedido foi feito pela polícia italiana que investiga a empresa.


Com agências internacionais

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