São Paulo, segunda-feira, 09 de fevereiro de 2004

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AÉREAS

Empresas haviam se comprometido com o Cade a não praticar preços iguais

Varig e TAM cobram a mesma tarifa

Antônio Gaudério - 6.fev.2003/Folha Imagem
Aviões de Varig e TAM se cruzam no aeroporto de Congonhas (SP)


MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Varig e TAM cobram preços exatamente iguais por suas passagens aéreas em diversos trechos. Isso ocorre apesar de as duas companhias -que hoje estudam um plano de atuação conjunta- terem se comprometido com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a não praticarem tarifas uniformes.
É o que mostra levantamento feito pela Folha nos sites das empresas na semana passada. Das tarifas promocionais cobradas para 33 trechos de ida e volta com origem no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, 26 coincidiram até nos centavos.
Dos vôos pesquisados, os preços não eram os mesmos naqueles com destino às cidades de São Luis (MA), Londrina (PR), Macapá (AP), Maceió (AL), Manaus (AM), Natal (RN) e Palmas (TO).
Para os locais mais procurados por passageiros, no entanto, como Brasília (DF), Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Porto Seguro (BA), Curitiba (PR) e Florianópolis (SC), entre outros, os valores eram iguais.
O preço promocional da passagem entre São Paulo e Curitiba, com ida no dia 10 deste mês e volta no dia 14, por exemplo, custava R$ 1.158,40, incluindo a taxa de embarque nas duas empresas. O trecho entre São Paulo e Recife, nas mesmas datas, custava R$ 1.740,35.
Atualmente, cerca de 70% dos passageiros de vôos domésticos de cada uma das duas empresas viajam em aviões compartilhados. O compartilhamento ("code-share") foi aprovado pelo Cade em março de 2003 como uma etapa preliminar da fusão das aéreas.
No entanto, Varig e TAM assinaram com o órgão o chamado Apro (Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação). Nele, elas se comprometeram a, entre outras regras, "abster-se de qualquer prática uniforme de preços ou de trocar informações sobre preço, em especial o preço final praticado aos consumidores".
Varig e TAM têm juntas 66,78% de participação no mercado de vôos domésticos. Procuradas pela Folha, as empresas negaram praticar as mesmas tarifas. O Cade não se pronunciou.
Segundo Varig e TAM, as políticas comerciais das duas empresas são distintas e cada uma vende a sua quota própria dentro do avião nos vôos compartilhados.
Além disso, as empresas afirmaram que, para cada vôo, podem praticar tarifas diferentes, dependendo, por exemplo, da antecipação com a qual o passageiro compra o bilhete.
A redução de oferta -trazida, entre outras razões, pelo compartilhamento de vôos- é apontada como uma das razões para o aumento de tarifas no ano passado.
Amanhã, as duas empresas devem apresentar ao Cade um plano de associação que envolve a criação de uma terceira empresa -da qual seriam sócias, sem se fundir- que gerenciará o "code-share" entre ambas.
Segundo a Folha apurou, se a proposta for implementada, as duas companhias devem passar a administrar conjuntamente, por meio da nova empresa, custos e receitas dos vôos compartilhados, estabelecendo parceria comercial.



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