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São Paulo, domingo, 09 de março de 2003

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CUT afirma que concorda com fiscalização maior; Força diz que vai discutir cortes com o governo

Centrais prevêem cortar serviços e demissões

DA REPORTAGEM LOCAL

As centrais sindicais informam que o corte de até 80% no recebimento de verbas do FAT vai reduzir drasticamente a prestação de serviços aos desempregados e provocar a demissão de funcionários nas próprias instituições.
"Queremos ter acesso a esse dinheiro, mas concordamos que o governo precisa fiscalizar o uso dos recursos de forma mais eficiente. Do jeito que está, não está bom", afirma João Felício, presidente da CUT. Ele diz que o governo já chamou a central para discutir a criação de novos programas para atender o trabalhador e a utilização dos recursos do FAT. "Nós sabemos que há dúvidas até sobre a eficácia desses cursos de qualificação profissional."
A CUT, segundo ele, acha que o melhor para o trabalhador seria a criação de centros públicos para a geração de emprego, com participação conjunta de trabalhadores, patrões e empregados. "Queremos influenciar nas decisões que serão tomadas para a formação de novos programas", afirma.
A central pretende discutir com o governo a união de escolas do sistema S (Senai, Sesi e Senac) com as escolas técnicas estaduais e federais. Essa seria uma forma de reduzir custos na qualificação do trabalhador e tornar mais fácil a fiscalização.
A CUT vai unificar dois convênios do Plansine -um feito com a Central de Trabalho e Renda (CTR) e outro feito com a Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM)- para melhorar a qualidade de atendimento, segundo Carlos Alberto Grana, secretário-geral da entidade. Os cinco postos da CTR em São Paulo atendem por dia, informa, cerca de 2.000 desempregados.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, informa que técnicos da central vão se reunir na próxima quarta-feira com representantes do governo para rediscutir o convênio que repassa dinheiro do FAT para recolocação de mão-de-obra.
Paulinho até ameaçou fechar nove postos de atendimento do Centro de Solidariedade ao Trabalhador por causa do atraso no repasse de verbas do governo. Juntos, eles atendem cerca de 8.000 pessoas por dia, das quais 400 conseguem emprego, informa. "Está tudo sendo regularizado. Vamos receber parte dos R$ 4,2 milhões necessários para pagar as contas de fevereiro. Falta ainda a parcela de março."
As centrais firmaram convênio parcial em janeiro, diz Paulinho, e deveriam receber um terço do total previsto em seus convênios para prestar o serviço de recolocação e de habilitação do pagamento do seguro-desemprego.
"Se a decisão for cortar 33% do valor previsto para o Plansine, teremos de demitir 250 funcionários [de um total de 750", atender um terço a menos do que estava previsto e fechar postos nos quais a procura é menor." Entre os centros que podem ser fechados, cita o de Itaquera (SP), o do Sindicato dos Comerciários (SP) e o de Olinda (PE).
"O fato é que hoje pagamos para atender o desempregado e para qualificar o trabalhador", diz Paulinho, ao se referir aos 20% que as entidades têm de oferecer de contrapartida quando firmam convênios com o ministério.
Sobre o corte de 80% previsto para os programas de qualificação, Paulinho diz que, "sem reformulação desse convênio, o governo pode até dar a nossa parte para as outras centrais". Entre os pontos que devem ser alterados está a extensão dos horários de cursos e a mudança na forma de contratação. "Em 90 horas, não se treina ninguém. Também queremos ser contratados, e não conveniados." Ele explica que, se a central for contratada, primeiro prestará serviços e, depois, receberá pelos gastos. Se for conveniada, receberá primeiro os recursos e depois prestará o serviço.
Ele diz que o governo paga por pessoa R$ 207 em cada curso de qualificação. "Só de vale-transporte gastamos R$ 136 para cada aluno, além dos custos com material didático, professor e lanche. Você paga para trabalhar e é acusado de ladrão", diz. (CR e FF)


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