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CRESCIMENTO
Instituto mantém previsão igual à feita em dezembro de 2005
Ipea prevê PIB de 3,4%; Palocci espera "forte" alta
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Menos otimista do que a equipe
econômica, o Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada),
órgão ligado ao Ministério do Planejamento, manteve sua projeção
de crescimento de 3,4% do PIB
(Produto Interno Bruto) em seu
Boletim de Conjuntura de março
de 2006, divulgado ontem.
A previsão é a mesma que havia
sido feita pelo Ipea em dezembro
do ano passado.
Ontem, em Londres, o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci, disse esperar "um forte crescimento"
neste ano, da ordem de 4%, número que considera não ser "otimista demais". O ministro faz
parte da comitiva do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva que visita
o Reino Unido.
Na avaliação do economista Fábio Giambiagi, do Ipea, um crescimento de 4% é até "possível",
embora uma expansão na faixa de
3,5% seja "mais provável". É que,
diz, a economia cresceu relativamente pouco em 2005 (2,3%), gerando um baixo "carry over", ou
seja, o crescimento herdado do
período anterior que impulsiona
o desempenho futuro.
O economista citou o exemplo
de 2004, quando o PIB subiu
4,9%. Naquele ano, o efeito propulsor do forte crescimento do final de 2003 foi de 1,5 ponto percentual. A "herança" de 2004
aponta para uma expansão de
apenas 0,5 ponto percentual sobre o PIB deste ano.
Três fatores, diz Giambiagi, irão
assegurar o crescimento em 2006:
juros mais baixos, arrefecimento
dos efeitos da crise política (que,
na visão dele, afetou a economia
especialmente no terceiro trimestre de 2005) e continuidade da expansão do crédito.
O Ipea prevê que ao final do ano
os juros básicos alcancem 14,7%
ao ano -mesma projeção feita
em dezembro. A previsão para taxa real (que desconta a inflação),
porém, subiu de 10,5% para 10,7%
ao ano. É que o instituto revisou
para baixo sua projeção para o IPCA deste ano, que passou de 4,8%
para 4,5%, chegando ao centro da
meta do governo.
Impulsionado pelo crédito e pelo aumento da massa salarial, o
consumo será o motor do PIB em
2006, segundo o Ipea. A estimativa aponta para uma expansão de
4,8% -mais do que os 4,6% previstos em dezembro e do que os
3,1% observados em 2005. Giambiagi acredita que a massa de salários aumentará 5% neste ano.
Por outro lado, o Ipea, diante de
estimativas menos otimistas para
construção civil, reduziu sua previsão para os investimentos em
2006. Até dezembro, previa expansão de 7%. A estimativa atual
foi reduzida para 5,8%. "Ainda é
um número bastante elevado",
ressalta o economista.
Ao traçar o cenário de 2006,
Giambiagi diz que, mais importante do que um forte crescimento em ano eleitoral, é a manutenção de um ambiente tranqüilo para a expansão econômica, evitando crises e turbulências como nos
pleitos de 2002 (crise pré-eleição)
e de 1998 (pré-desvalorização),
que exigiram em ambos os casos
fortes altas da taxa de juro.
Depois dos bons resultados do
começo do ano, o Ipea também
ampliou a previsão para o saldo
da balança comercial. A previsão
de superávit saltou de US$ 35,8 bilhões em dezembro para US$ 41,8
bilhões em março.
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