São Paulo, quinta-feira, 09 de março de 2006

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CRESCIMENTO

Instituto mantém previsão igual à feita em dezembro de 2005

Ipea prevê PIB de 3,4%; Palocci espera "forte" alta

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Menos otimista do que a equipe econômica, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, manteve sua projeção de crescimento de 3,4% do PIB (Produto Interno Bruto) em seu Boletim de Conjuntura de março de 2006, divulgado ontem.
A previsão é a mesma que havia sido feita pelo Ipea em dezembro do ano passado.
Ontem, em Londres, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse esperar "um forte crescimento" neste ano, da ordem de 4%, número que considera não ser "otimista demais". O ministro faz parte da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que visita o Reino Unido.
Na avaliação do economista Fábio Giambiagi, do Ipea, um crescimento de 4% é até "possível", embora uma expansão na faixa de 3,5% seja "mais provável". É que, diz, a economia cresceu relativamente pouco em 2005 (2,3%), gerando um baixo "carry over", ou seja, o crescimento herdado do período anterior que impulsiona o desempenho futuro.
O economista citou o exemplo de 2004, quando o PIB subiu 4,9%. Naquele ano, o efeito propulsor do forte crescimento do final de 2003 foi de 1,5 ponto percentual. A "herança" de 2004 aponta para uma expansão de apenas 0,5 ponto percentual sobre o PIB deste ano.
Três fatores, diz Giambiagi, irão assegurar o crescimento em 2006: juros mais baixos, arrefecimento dos efeitos da crise política (que, na visão dele, afetou a economia especialmente no terceiro trimestre de 2005) e continuidade da expansão do crédito.
O Ipea prevê que ao final do ano os juros básicos alcancem 14,7% ao ano -mesma projeção feita em dezembro. A previsão para taxa real (que desconta a inflação), porém, subiu de 10,5% para 10,7% ao ano. É que o instituto revisou para baixo sua projeção para o IPCA deste ano, que passou de 4,8% para 4,5%, chegando ao centro da meta do governo.
Impulsionado pelo crédito e pelo aumento da massa salarial, o consumo será o motor do PIB em 2006, segundo o Ipea. A estimativa aponta para uma expansão de 4,8% -mais do que os 4,6% previstos em dezembro e do que os 3,1% observados em 2005. Giambiagi acredita que a massa de salários aumentará 5% neste ano.
Por outro lado, o Ipea, diante de estimativas menos otimistas para construção civil, reduziu sua previsão para os investimentos em 2006. Até dezembro, previa expansão de 7%. A estimativa atual foi reduzida para 5,8%. "Ainda é um número bastante elevado", ressalta o economista.
Ao traçar o cenário de 2006, Giambiagi diz que, mais importante do que um forte crescimento em ano eleitoral, é a manutenção de um ambiente tranqüilo para a expansão econômica, evitando crises e turbulências como nos pleitos de 2002 (crise pré-eleição) e de 1998 (pré-desvalorização), que exigiram em ambos os casos fortes altas da taxa de juro.
Depois dos bons resultados do começo do ano, o Ipea também ampliou a previsão para o saldo da balança comercial. A previsão de superávit saltou de US$ 35,8 bilhões em dezembro para US$ 41,8 bilhões em março.


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