PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Idealizador e principal executivo do projeto de produzir laptops por US$ 100 para crianças, o ex-diretor do Laboratório de Mídia do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, na sigla em inglês) Nicholas Negroponte afirmou ontem que 1 milhão dessas máquinas vai estar nas escolas públicas do Brasil já em 2007.
A seu lado, César Alvarez, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem no Palácio do Planalto que o governo colocará verba para isso no projeto do Orçamento de 2007, a ser elaborado até agosto.
Apesar de o programa já estar em andamento, o anúncio do cronograma ocorre poucos meses antes da eleição em que Lula tentará um segundo mandato.
O projeto de Negroponte foi lançado no ano passado e até há pouco tempo sua viabilidade ainda era uma incógnita. Ontem, o professor do MIT afirmou que em dez semanas estará pronto um protótipo que servirá de base para que empresas produzam o computador portátil em larga escala.
A idéia é que sejam produzidos de 5 milhões a 10 milhões numa primeira leva, de onde viria o 1 milhão para o Brasil. Ainda não está definido onde serão feitos os laptops. Segundo Alvarez, Lula quer prioridade para a produção no Brasil, mas o assessor especial disse que ainda não sabe se o país tem capacidade técnica.
A iniciativa de distribuir 1 milhão de laptops para crianças de escolas públicas, apesar de representar um avanço, seria pouco num primeiro momento para uma rede de 55 milhões de alunos, como reconheceu Alvarez.
Ontem, Negroponte afirmou que os laptops devem estar com os alunos no ano que vem. "O cronograma é 2007 para as máquinas nas escolas. E, durante esse ano, dependendo do país e do interesse, haveria máquinas comerciais também."
Alvarez foi mais cauteloso, mas fixou o mesmo prazo. "A idéia do professor Nicholas é que haja produção industrial no quarto trimestre deste ano." Questionado se é possível ter os laptops nas escolas já em 2007, o assessor de Lula disse: "Sim, é possível. Mas talvez só no segundo semestre".
Se o laptop não for produzido no Brasil, o governo vai gastar US$ 100 milhões (R$ 220 milhões) para comprar os computadores.
Ontem, Negroponte mostrou um modelo do computador. É menor que um laptop, na cor azul, e todo os componentes estão no monitor, como no iMac G5, da Apple. É também muito mais resistente que um laptop normal e tem conexão sem fio à internet e a outros computadores do modelo.
Para o governo, a iniciativa não interfere no Programa Computador Para Todos, que subsidiou empréstimos para compra de computadores. O preço médio das máquinas no programa é de R$ 1.200, quase seis vezes o valor do laptop.


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