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OPINIÃO ECONÔMICA
Nova gestão do FAT
REMÍGIO TODESCHINI
A nova gestão do Ministério
do Trabalho e Emprego, sob
a coordenação do ministro Jaques
Wagner, está empenhada e contando com o apoio de empresários, trabalhadores e demais órgãos do governo em promover
uma reformulação geral de todos
os programas hoje existentes no
FAT. A decisão de reformatar os
programas foi adotada em reunião do Codefat em 19 de fevereiro, com todos os representantes
das centrais sindicais, inclusive da
Força Sindical.
O ministro Jaques Wagner fez
um apelo ao entendimento entre
as centrais, o governo, empresários e a sociedade para aprovar
um plano a fim de redirecionar a
aplicação do dinheiro do FAT. E
foi bem-sucedido. Por meio de resolução, o Codefat criou um grupo de trabalho para fixar critérios
na distribuição dos recursos.
"Não há necessidade de guerra
entre nós, pode ser que estejamos
de lados opostos, mas precisamos
nos entender para melhorar a
aplicação dos recursos do FAT.
Não estamos vivendo em facilidades, os tempos estão difíceis, nosso desafio será um esforço para
aplicar melhor o dinheiro do FAT
com menos recursos" foram as
palavras do ministro Jaques Wagner. Todos ouviram e concordaram.
O que nós queremos ter de fato
é um novo sistema público de emprego, com as suas várias ações
integradas e articuladas. Em janeiro, encontramos a existência
de vários sistemas paralelos e
fragmentados de programas do
FAT, que não têm ajudado de fato
na solução dos problemas do desemprego e suas graves consequências. Além disso, o FAT vem
desempenhando fraco papel de
repassador de recursos, sem um
acompanhamento mais rígido de
suas ações. O que nós queremos é
maior eficiência na aplicação dos
recursos nos programas que gerem emprego e renda. Sabemos
que a geração de empregos vai decorrer principalmente da retomada do crescimento econômico de
forma sustentável, mas é preciso
também solidificar e integrar as
diversas políticas públicas de emprego.
O ministério está lançando uma
série de diretrizes para essa reformulação:
1º) é preciso ampliar a representação dos atores sociais no FAT
-hoje cada segmento tem quatro
representações- e ao mesmo
tempo tornar obrigatório em todos os municípios e Estados os
Conselhos de Emprego, a fim de
ampliar a gestão participativa do
novo sistema;
2º) fazer acontecer de fato um
sistema de intermediação de
mão-de-obra público e menos
privado, com gestão dos atores
sociais, focado no desenvolvimento regional/local, em que toda a sociedade sinergeticamente
esteja voltada para a busca de postos de trabalho, numa parceria
com Estados e municípios, ampliando a sua capilaridade. Tal intermediação estará voltada aos
segmentos mais vulneráveis e
suscetíveis ao desemprego, como
jovens (primeiro emprego), pessoas acima de 40 anos, mulheres,
afrodescendentes e portadores de
deficiência;
3º) focar o seguro-desemprego
para a busca do emprego e vinculá-lo a atividades comunitárias,
atendendo também segmentos
hoje não contemplados;
4º) reorganizar os programas de
crédito do FAT (recursos extra-orçamentários do FAT, que hoje
totalizam aproximadamente R$ 4
bilhões ao ano), estabelecendo
contrapartidas claras na geração
de emprego e renda. Atingir os setores excluídos do sistema de crédito oficial, redefinindo as condições dos atuais programas com as
instituições oficiais de crédito
(BNDES, BB, CEF, BNB) e desenvolvendo novas parcerias com
cooperativas de crédito, de produção, com micro, pequenos e
médios empreendimentos e economia solidária (cooperativismo
e associativismo), que são potenciais geradores de emprego e renda;
5º) programa de qualificação
profissional integrado com as demais políticas de emprego e renda, buscando maior articulação
com as políticas de educação.
Para tanto, é necessário corrigir
a distorção causada pela resolução 258/00 do Codefat, que equipara o papel dos Estados (formação dos trabalhadores em grande
escala) com o das entidades parceiras (centrais sindicais, patronais, Sistema S e ONGs), que devem atuar de acordo com a sua finalidade. Hoje, os Estados cumprem metas mais rígidas que as
centrais sindicais. Ter controles e
monitoramento mais rígidos tanto dos recursos de crédito do seguro-desemprego e do abono salarial (extra-orçamentários) como dos recursos orçamentários
da Intermediação (Sistema Nacional de Emprego) e da qualificação profissional será solicitado
como uniformização de critérios
para todos os parceiros do FAT.
A nova gestão do Ministério do
Trabalho não vai se pautar em dar
exclusividade a um determinado
Estado, município, central sindical ou representação patronal, como ocorreu no passado. Nossa
ação respeitará a representativade
de cada ente público ou privado
sem qualquer tipo de favorecimento, buscando sempre a maior
universalização e publicização
das ações voltadas a um sistema
público de emprego.
Neste início de gestão, foram
feitas diversas auditorias sobre os
recursos da intermediação e da
qualificação dos anos anteriores,
que estão sendo analisados pelos
órgãos competentes: Tribunal de
Contas da União e Controladoria
Geral da União, fora os pedidos
de informação feitos pelo Ministério Público em diversas esferas.
Essa análise se estende tanto aos
convênios com os Estados como
das centrais e representação patronais. Caso sejam apuradas irregularidades em alguns desses
convênios, garantido o amplo direito de defesa, serão tomadas as
medidas cabíveis.
O ministro do Trabalho está
empenhado em ter, com a participação de toda a sociedade civil,
um novo sistema público de emprego, no qual o dinheiro do FAT
seja rigorosamente aplicado para
sua finalidade, que é atender a soluções que visem a políticas de
emprego mais eficientes.
O ministro do Trabalho quer
operar os recursos do FAT para o
seguro-desemprego, Intermediação, Qualificação e Programas de
Geração de Emprego e Renda,
num momento de restrições econômicas e vulnerabilidades externas, da melhor maneira possível,
sempre ouvindo o Codefat e buscando alternativas às restrições
orçamentárias do contingenciamento atual.
Remígio Todeschini, 49, é advogado,
secretário de Políticas Públicas de Emprego e mestre em direitos sociais pela
PUC-SP.
Hoje, excepcionalmente, a coluna de Antonio Barros de Castro
não é publicada.
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