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Construção e transportes são mais afetados
DA REPORTAGEM LOCAL
A pesquisa realizada pela
Fundação Dom Cabral mostra que nem sempre é possível antecipar o destino de
uma empresa a partir de sua
exposição na mídia.
"Boa parte das que aparecem como modelos de sucesso acabam falindo cinco anos
depois", afirma o professor
Carlos Arruda, responsável
pela coordenação do estudo.
A justificativa para a dificuldade de antever o comportamento de mercado no
longo prazo é que as inovações de gestão que podem
mudar o rumo dos negócios
são, muitas vezes, pequenas
jogadas, restritas ao comando da companhia.
"Um exemplo é a empresa
de construção civil cujo presidente estava de férias na
Europa e viu, pela televisão, a
queda do Muro de Berlim.
Imediatamente ele e outro
executivo da empresa começaram a delinear como aquilo afetaria os negócios", conta Arruda. "Ambos enviaram
um fax para o Conselho Administrativo com suas ponderações. Menos de 20 anos
depois, a companhia é três
vezes maior e a construção
civil representa apenas 30%
das atividades."
A pesquisa da Dom Cabral,
aliás, é recheada de histórias
ocorridas no mundo das
grandes empresas. Exemplo
é o caso do dono de uma empresa atacadista que fundou
sua primeira loja aos 19 anos.
Hoje, ele tem 79.
"Esse empresário percebeu que seus netos precisavam ser orientados sobre os
valores da empresa, pois,
quando nasceram, ela já contava com 10 mil empregados.
Então ele criou o que chama
de "Suco Com o Vovô", uma
reunião semanal em que
conta histórias, "causos" vividos por ele como empreendedor", revela o professor.
E qual é a dica para delinear o perfil ideal para o presidente de uma empresa
bem-sucedida?
"Nunca indicaria um curso
superior de orientação técnica, e sim algo que valorize a
formação clássica, humanista", afirma Arruda. "A capacidade de decisão fica restrita", justifica.
Setores
Em proporção, Limpeza,
Construção Civil e Transportes foram os setores mais
atingidos pelas mudanças.
De acordo com a pesquisa
da Fundação Dom Cabral, a
única companhia de Limpeza que figurava entre as 500
maiores e mais importantes
do país em 1973 não participava do ranking em 2005.
O mesmo aconteceu com
89,2% das empresas de construção (33 das 37 deixaram a
lista) e 88,9% das companhias de transporte (16 das
18 foram apagadas).
No setor de Alimentos, Bebidas e Fumo, saíram do ranking 53 das 60 cujos nomes
estavam cravados entre as
maiores e melhores. Ou seja,
88,3%. Entre Confecções e
Têxteis, o número é parecido: 88% das 25 empresas foram eliminadas do rol.
As que tiveram melhor desempenho foram as empresas de Serviço Público. Das
27 que apareciam no ranking
de 1973, 44,4% tinham saído.
No setor automotivo, o percentual foi de 59,3%.
"Não se trata apenas de má
administração. Muitas empresas boas, rentáveis e bem
administradas saíram do
ranking -foram vendidas",
explica Arruda.
(JL)
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