São Paulo, segunda-feira, 09 de abril de 2007

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Construção e transportes são mais afetados

DA REPORTAGEM LOCAL

A pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral mostra que nem sempre é possível antecipar o destino de uma empresa a partir de sua exposição na mídia.
"Boa parte das que aparecem como modelos de sucesso acabam falindo cinco anos depois", afirma o professor Carlos Arruda, responsável pela coordenação do estudo.
A justificativa para a dificuldade de antever o comportamento de mercado no longo prazo é que as inovações de gestão que podem mudar o rumo dos negócios são, muitas vezes, pequenas jogadas, restritas ao comando da companhia.
"Um exemplo é a empresa de construção civil cujo presidente estava de férias na Europa e viu, pela televisão, a queda do Muro de Berlim. Imediatamente ele e outro executivo da empresa começaram a delinear como aquilo afetaria os negócios", conta Arruda. "Ambos enviaram um fax para o Conselho Administrativo com suas ponderações. Menos de 20 anos depois, a companhia é três vezes maior e a construção civil representa apenas 30% das atividades."
A pesquisa da Dom Cabral, aliás, é recheada de histórias ocorridas no mundo das grandes empresas. Exemplo é o caso do dono de uma empresa atacadista que fundou sua primeira loja aos 19 anos. Hoje, ele tem 79.
"Esse empresário percebeu que seus netos precisavam ser orientados sobre os valores da empresa, pois, quando nasceram, ela já contava com 10 mil empregados. Então ele criou o que chama de "Suco Com o Vovô", uma reunião semanal em que conta histórias, "causos" vividos por ele como empreendedor", revela o professor.
E qual é a dica para delinear o perfil ideal para o presidente de uma empresa bem-sucedida?
"Nunca indicaria um curso superior de orientação técnica, e sim algo que valorize a formação clássica, humanista", afirma Arruda. "A capacidade de decisão fica restrita", justifica.

Setores
Em proporção, Limpeza, Construção Civil e Transportes foram os setores mais atingidos pelas mudanças.
De acordo com a pesquisa da Fundação Dom Cabral, a única companhia de Limpeza que figurava entre as 500 maiores e mais importantes do país em 1973 não participava do ranking em 2005.
O mesmo aconteceu com 89,2% das empresas de construção (33 das 37 deixaram a lista) e 88,9% das companhias de transporte (16 das 18 foram apagadas).
No setor de Alimentos, Bebidas e Fumo, saíram do ranking 53 das 60 cujos nomes estavam cravados entre as maiores e melhores. Ou seja, 88,3%. Entre Confecções e Têxteis, o número é parecido: 88% das 25 empresas foram eliminadas do rol.
As que tiveram melhor desempenho foram as empresas de Serviço Público. Das 27 que apareciam no ranking de 1973, 44,4% tinham saído. No setor automotivo, o percentual foi de 59,3%.
"Não se trata apenas de má administração. Muitas empresas boas, rentáveis e bem administradas saíram do ranking -foram vendidas", explica Arruda. (JL)


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