FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio brasileiro pode ter neste ano, na melhor das hipóteses, um Dia das Mães parecido com o do ano passado. As lojas não registraram até ontem movimento mais forte por causa da data. A expectativa é que o consumidor gaste mais com presentes somente no fim de semana.
Levantamento da Serasa, empresa especializada em análises econômico-financeiras, feito no último final de semana, mostra crescimento de 1,1% nas vendas à vista e com cheques pré-datados e queda de 3,4% nos negócios a prazo. A comparação é com o final de semana que antecedeu o Dia das Mães em 2001. "O consumidor está cauteloso e adquirindo produtos de baixo valor", afirma Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registrou do dia 1º a 7 deste mês crescimento de 1% nas consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), indicador das vendas a crédito, e de 1,7% nas consultas ao Usecheque, termômetro das vendas à vista, em relação a igual período de 2001.
"É um crescimento tímido, se considerarmos que nesse mesmo período no ano passado o consumo já estava em ritmo lento", diz Emílio Alfieri, economista da ACSP. O aumento de 1% nas consultas ao SPC, diz, pode significar que o consumidor esteja comprando eletroportáteis, pois, de janeiro a abril, as consultas ao SPC estavam em queda -em torno de 3% na comparação com o mesmo período do ano passado.
A expectativa da ACSP é que o movimento de vendas para o Dia das Mães cresça entre 2% e 3% sobre o ano passado, o que não considera um bom resultado. "Com a massa salarial contida e os juros do jeito que estão, não dá para esperar outra coisa", afirma Alfieri. A associação estima que os presentes vão ficar na faixa de R$ 50.
Fábio Pina, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, diz que o Dia das Mães não deve inverter a tendência de consumo retraído do país. "O Brasil não vai bem no campo econômico, e isso não muda de uma hora para outra."
No primeiro trimestre deste ano, o faturamento real do comércio paulista caiu 4,5% em relação a igual período de 2001. As vendas de alimentos, segundo a federação paulista, estão parecidas com as do ano passado e as de roupas e eletroeletrônicos estão cerca de 8% menores.
Levantamento da Alshop, associação que reúne lojistas de shopping centers, mostra que a expectativa de lojas de 25 shoppings é vender neste Dia das Mães cerca de 12% mais do que em 2001.
Para atrair os consumidores, cada shopping investiu em média cerca de R$ 350 mil em campanhas publicitárias. Pelo levantamento da Alshop, os produtos mais procurados para as mães no final de semana foram roupas, telefones celulares e DVDs.
Para incentivar o consumidor a gastar, alguns shoppings estão oferecendo serviço eletrônico com sugestões de presentes para as mães. No shopping Paulista, por exemplo, os clientes podem consultar um guia eletrônico, no qual os presentes são selecionados por tipo e preço e de acordo com o perfil das mães: executiva, clássica, esportista e esotérica.



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