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ALFÂNDEGA
Categoria quer reajuste salarial de 21,6% e reestruturação de carreira
Greve de fiscal da Receita atinge 90%
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Pelo menos 90% dos 7.600 auditores fiscais da Receita Federal paralisaram ontem as atividades em
portos, aeroportos e delegacias do
órgão em todo o país, no primeiro
dia da greve nacional de 48 horas
deflagrada pela categoria.
A estimativa é do Unafisco (Sindicato Nacional dos Auditores
Fiscais da Receita Federal), que
pretende repetir o movimento na
próxima semana, a fim de forçar o
governo a conceder um reajuste
salarial de 21,6% e a reestruturar o
plano de carreira da categoria.
A Secretaria da Receita Federal
não se manifestou a respeito da
paralisação. Segundo a assessoria
de imprensa do órgão, em Brasília, nenhum dirigente iria se pronunciar sobre o assunto.
De acordo com a assessoria, a
Receita também ainda não avaliou as consequências da paralisação e o grau de adesão ao movimento.
A greve atingiu principalmente
as alfândegas de portos, aeroportos e áreas de fronteira, como Foz
do Iguaçu (PR). Apesar disso, o
fluxo de cargas importadas não
foi totalmente prejudicado porque, devido aos critérios de conferência por amostragem, cerca de
80% das mercadorias não sofrem
nenhum tipo de fiscalização antes
de entrar no país.
Porto de Santos
No porto de Santos, o maior da
América Latina, somente 6% do
movimento diário médio de 3.000
contêineres são objeto de conferência documental e física, segundo o vice-presidente da delegacia
local do Unafisco, Elias Carneiro
Júnior.
Outra parcela, de 7%, passa por
conferência apenas documental.
Das mercadorias sujeitas à fiscalização, os grevistas estavam liberando ontem somente produtos
perecíveis e medicamentos.
A Codesp (estatal administradora do porto) informou que a
movimentação de cargas no cais
somente seria prejudicada pela
greve dos auditores caso o movimento se prolongasse por muito
tempo, a ponto de superlotar armazéns e terminais.
O principal objetivo das paralisações temporárias e semanais
dos fiscais -a que se iniciou ontem é a quarta desde o mês passado- é pressionar o Congresso a
aprovar relatório do deputado
Roberto Pessoa (PFL-CE), que introduziu modificações na medida
provisória do governo que regulamenta a carreira dos auditores.
Ontem, o presidente do Unafisco, Paulo Gil Holck Introini, passou o dia no Congresso, tentando
convencer deputados a votar e
aprovar o relatório, que propõe a
elevação do salário inicial dos auditores de R$ 3.700 para R$ 4.500,
equipara os vencimentos de aposentados aos do pessoal ativo e extingue os chamados critérios
"subjetivos" de avaliação dos servidores.
Fraca fiscalização
Introini afirmou que os grevistas também reivindicam mudanças na normatização do Siscomex (Sistema Integrado de Comércio
Exterior). Segundo ele, uma série
de atos normativos emitidos pela
Receita enfraquece a capacidade
de fiscalização dos auditores por
desobrigar importadores de apresentar documentos caso a mercadoria seja escoada pelo canal verde do sistema.
Hoje, nas assembléias que serão
realizadas em todo o país, a direção do Unafisco proporá ampliar
o período da paralisação de 48 horas para 72 horas na próxima semana. Segundo Introini, não está descartada a hipótese de greve por tempo indeterminado.
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