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Senador critica capitais voláteis e
juros e quer saída pela exportação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pela segunda vez na semana, o
senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado,
fez defesa de mudanças na atual
política econômica. Ele defendeu
a redução da taxa de juros básica
para o país retomar o crescimento
econômico e voltou a criticar a dependência do capital especulativo, que chamou de "capital motel" -entra de manhã, sai à noite
e não deixa nada.
As declarações do senador foram feitas na manhã de ontem no
seminário Pobreza e Desigualdade no Brasil, promovido pela
Unesco (braço da ONU para a
Educação e a Cultura).
Elas acentuam o debate sobre os
rumos da política econômica do
governo, de forma que vem desagradando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (leia texto nesta
página).
"Se a dívida pública melhora e a
inflação melhora, podemos começar a reduzir as taxas de juros,
que é o que vai acontecer", disse,
sem citar data para que isso seja
feito. O governo Lula promoveu
aumento na taxa básica de juros,
que está em 26,5% ao ano.
Crescimento
Também anteontem, o ministro
Luiz Dulci (Secretaria Geral da
Presidência) defendeu a idéia de
um modelo econômico que favoreça o crescimento do país durante a discussão sobre PPA (Plano
Plurianual) 2004-2007.
Mercadante ressaltou que a
queda na taxa de juros tem de ser
feita de forma "sustentada e progressiva". "Não adianta reduzir
juros de forma populista e apressada porque depois você tem que
aumentar de novo", disse.
No entanto, para o senador, o
aumento de 25% nas exportações,
ocorrido neste ano, é um dos sinais de recuperação da economia,
que já permitiria, segundo ele, começar a pensar em adotar um
modelo de desenvolvimento.
Para o senador, o grande desafio do país agora é fazer uma transição do modelo econômico que
chamou de "neoliberal" (definido
por ele como sendo pautado na
dependência de capital externo)
para um de desenvolvimento baseado em exportações, investimento público e na formação de
um "mercado consumidor de
massas", um dos pilares do pensamento petista na área de economia.
"O Brasil está saindo daquela lógica do modelo neoliberal marcado pelo elevado déficit externo
que segue a privatização, desnacionalização e endividamento
crescente."
Para Mercadante, não "há outra
alternativa" para sair da crise a
não ser exportar e vender mais.
"Não podemos trocar exportação
por capital volátil e cair no mesmo erro que já caímos tantas vezes. Temos que manter um saldo
exportador elevado para diminuir a vulnerabilidade externa",
afirmou o senador.
O líder do governo no Senado
ressaltou as dificuldades de uma
transição de modelo econômico:
"Não temos modelo apropriado.
O Brasil é um país tão grande e
complexo que nós somos nosso
próprio modelo. Vamos ter que
construir um caminho de mudança segura, responsável. É verdade que a esperança venceu o
medo na eleição".
(GABRIELA ATHIAS E LUCIANA CONSTANTINO)
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