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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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Senador critica capitais voláteis e juros e quer saída pela exportação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pela segunda vez na semana, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado, fez defesa de mudanças na atual política econômica. Ele defendeu a redução da taxa de juros básica para o país retomar o crescimento econômico e voltou a criticar a dependência do capital especulativo, que chamou de "capital motel" -entra de manhã, sai à noite e não deixa nada.
As declarações do senador foram feitas na manhã de ontem no seminário Pobreza e Desigualdade no Brasil, promovido pela Unesco (braço da ONU para a Educação e a Cultura).
Elas acentuam o debate sobre os rumos da política econômica do governo, de forma que vem desagradando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (leia texto nesta página).
"Se a dívida pública melhora e a inflação melhora, podemos começar a reduzir as taxas de juros, que é o que vai acontecer", disse, sem citar data para que isso seja feito. O governo Lula promoveu aumento na taxa básica de juros, que está em 26,5% ao ano.

Crescimento
Também anteontem, o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) defendeu a idéia de um modelo econômico que favoreça o crescimento do país durante a discussão sobre PPA (Plano Plurianual) 2004-2007.
Mercadante ressaltou que a queda na taxa de juros tem de ser feita de forma "sustentada e progressiva". "Não adianta reduzir juros de forma populista e apressada porque depois você tem que aumentar de novo", disse.
No entanto, para o senador, o aumento de 25% nas exportações, ocorrido neste ano, é um dos sinais de recuperação da economia, que já permitiria, segundo ele, começar a pensar em adotar um modelo de desenvolvimento.
Para o senador, o grande desafio do país agora é fazer uma transição do modelo econômico que chamou de "neoliberal" (definido por ele como sendo pautado na dependência de capital externo) para um de desenvolvimento baseado em exportações, investimento público e na formação de um "mercado consumidor de massas", um dos pilares do pensamento petista na área de economia.
"O Brasil está saindo daquela lógica do modelo neoliberal marcado pelo elevado déficit externo que segue a privatização, desnacionalização e endividamento crescente."
Para Mercadante, não "há outra alternativa" para sair da crise a não ser exportar e vender mais. "Não podemos trocar exportação por capital volátil e cair no mesmo erro que já caímos tantas vezes. Temos que manter um saldo exportador elevado para diminuir a vulnerabilidade externa", afirmou o senador.
O líder do governo no Senado ressaltou as dificuldades de uma transição de modelo econômico: "Não temos modelo apropriado. O Brasil é um país tão grande e complexo que nós somos nosso próprio modelo. Vamos ter que construir um caminho de mudança segura, responsável. É verdade que a esperança venceu o medo na eleição".
(GABRIELA ATHIAS E LUCIANA CONSTANTINO)


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