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CRISE NO CAMPO
Agricultores usaram sacas de milho e tratores para bloquear entrada de agências bancárias em Promissão
Protestos de produtores rurais chegam a SP
JOSÉ EDUARDO RONDON
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA
Os protestos de produtores rurais, que já vinham sendo realizados em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Goiás, chegaram ontem ao interior de São
Paulo. As manifestações são contra as políticas econômica e agrícola do governo federal.
Em Promissão (467 km a noroeste de São Paulo), agricultores
interditaram o acesso a cinco
agências bancárias da cidade. Os
manifestantes colocaram sacas de
milho e máquinas agrícolas em
frente aos bancos.
"Nossa principal reivindicação
é a renegociação de dívidas agrícolas, entre elas equipamentos e
maquinários. Apoiamos também
as manifestações de agricultores
que ocorrem em outros pontos
do país", disse o produtor rural
Eusébio Zaplana.
Segundo ele, cerca de 1.500 agricultores participavam dos protestos ontem em Promissão. As
agências do Banco do Brasil, Nossa Caixa e Banespa foram interditadas pelos agricultores. "Usamos
sacas de milho e máquinas para
bloquear o acesso aos prédios."
Além das três, as entradas dos
bancos Bradesco e Itaú também
foram bloqueadas.
Segundo a Polícia Militar, o clima na cidade era de tranqüilidade. O comércio funcionou normalmente.
Na rodovia Raposo Tavares
-região de Presidente Prudente
(565 km a oeste de São Paulo)-
cerca de 80 tratores foram estacionados no acostamento da estrada
durante a manifestação de agricultores.
Os protestos que ocorrem no
interior de São Paulo fazem parte
do movimento batizado de "Grito
do Ipiranga", que teve início em
abril em Mato Grosso.
Os produtores agrícolas, entre
outras reivindicações, querem redução no preço do diesel, seguro
para safras e novas linhas de crédito nos bancos. Eles reclamam
também da queda do dólar.
Em Mato Grosso, levantamento
da Polícia Rodoviária Federal
apontava ontem 11 pontos de bloqueios nas cinco rodovias federais que passam pelo Estado. Em
Mato Grosso do Sul, a BR-163 registra dois pontos de bloqueios.
Goiás e Paraná
Os ruralistas de Quirinópolis
(281 km de Goiânia) já fecharam
quatro armazéns de grãos -Seleta, Coimbra, Caramuru e cooperativa Agrovale- desde anteontem, impedindo a saída de soja.
Em Jataí (sudoeste de Goiás),
onde três rodovias federais (BRs
364, 060 e 159) estão com barreiras desde sexta-feira, os agricultores também ameaçam fechar estradas estaduais e armazéns.
Produtores rurais do norte e
noroeste do Paraná bloquearam
ontem, em Maringá, o complexo
industrial da Cocamar Agroindustrial, a maior cooperativa da
região. Eles também bloquearam
o terminal ferroviário da ALL
(América Latina Logística) impedindo o embarque de soja, milho
e farelo de soja para os portos de
Paranaguá (PR) e São Francisco
do Sul (SC). A ALL estimou em
R$ 1,2 milhão os prejuízos pela
paralisação dos embarques.
Colaborou José Maschio, da Agência
Folha, em Londrina
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