São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2008

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País será emergente com mais milionários em 2017, diz estudo

Brasil terá 675 mil domicílios com fortuna de pelo menos US$ 1 mi; Bolsa e commodities explicam o crescimento

Mas o Brasil é um dos países com maior concentração de renda; EUA, Japão e Reino Unido liderarão lista geral de milionários


ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO

O Brasil será o país emergente com o maior número de milionários em 2017, de acordo com estudo da Barclays Wealth e da Economist Intelligence Unit. Serão 675 mil domicílios com fortuna de pelo menos US$ 1 milhão, superando China, Índia e Rússia. Já 15 países, considerados desenvolvidos, ficarão à frente do Brasil.
O Brasil também ficará na frente dos colegas de Brics (grupo também integrado por Rússia, Índia e China) no número de domicílios com riqueza de pelo menos US$ 500 mil. De acordo com o levantamento, 2,6 milhões de residências terão ao menos meio milhão de dólares, 700 mil a mais que a Índia e 800 mil a mais que a Rússia e a China.
Os dois países asiáticos com população superior a 1 bilhão, no entanto, superarão amplamente o Brasil no número de domicílios com ao menos US$ 100 mil. A projeção é que 15 milhões de domicílios brasileiros tenham esse valor em 2017, mais que o dobro do ano passado. A estimativa para a China, por exemplo, é de 75 milhões de lares com US$ 100 mil ou mais.
Segundo o estudo, chamado "Fortunas em expansão", em 2017, ficará "fora de moda" usar o termo "emergente" para designar os Brics. "O expressivo poder econômico dessas economias -e o dramático crescimento da riqueza- significa que eles [os Brics] terão completa e verdadeiramente emergido para o palco global."
A explicação do levantamento para o crescimento do número de milionários no Brasil, que no ano passado era considerado "insignificante", são o aumento dos preços das commodities e a expansão da Bolsa.
O país é o principal exportador de uma série de produtos como minério de ferro, café, açúcar, carne bovina, suco de laranja. E a Bolsa de São Paulo é uma das que mais crescem no mundo. Nos últimos 12 meses até abril, expandiu-se em 70% e foi a que mais subiu entre 52 Bolsas mundiais, de acordo com a Standard & Poor's.
A consultoria americana BCG (The Boston Consulting Group) disse que no ano passado havia 190 mil milionários no Brasil, 46,1% mais que em 2006. Na lista de bilionários deste ano da revista "Forbes", o Brasil tem 18 representantes, com uma fortuna média de US$ 3,6 bilhões -o mais rico é o empresário Antônio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, com US$ 10 bilhões. Ele aparece na 77ª colocação geral.
No topo da lista da pesquisa da Barclays Wealth e da EIU, a liderança continuará com os Estados Unidos, que terão quase 30 milhões de domicílios milionários daqui a nove anos, seguido por Japão e Reino Unido. A única mudança entre os dez primeiros é a saída da Suíça, substituída pela Holanda.

Concentração
Porém, o Brasil fica na metade de baixo da tabela quando o assunto é concentração dessa renda, melhor apenas que 16 países. Os milionários representarão 1,1% dos domicílios, à frente apenas de nações como Rússia, Argentina e China no estudo com 50 países. Em Cingapura, 40% dos domicílios terão pelo menos US$ 1 milhão.
O Brasil é o nono país mais desigual do mundo, de acordo com levantamento com 127 nações divulgado no início do mês passado pelo Banco Mundial. No país, os 10% mais ricos concentravam 44,9% da renda em 2005, e os 10% mais pobres, 0,9%. Pelo estudo do Banco Mundial, que usa dados de anos diferentes, o índice de Gini -que mede a concentração de renda- do Brasil só é melhor que o de países como Namíbia, Lesoto e Bolívia.


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