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Nova estratégia recompõe reservas e tenta evitar queda brusca do dólar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após intervir no mercado,
negociando contratos especiais
de câmbio, que, na prática funcionam como uma operação de
compra de dólares, o BC iniciou
ontem nova fase na sua estratégia de conter os "excessos" do
mercado e evitar queda brusca
na taxa de câmbio. Com o argumento de recompor as reservas
internacionais (espécie de poupança pública em dólar para
dar segurança em fases de crise), passará a comprar diretamente a moeda estrangeira.
O BC não atuava nesse mercado à vista desde 10 de setembro. Ao contrário, com a intensificação da crise naquele mês,
passou a vender dólares -à vista e por meio de contratos especiais de câmbio- evitando uma
disparada na cotação.
Por causa da crise, o BC chegou a vender US$ 14,5 bilhões
que saíram das suas reservas.
Com isso, garantiu o dinheiro
necessário para as transações
do mercado financeiro e, ao
mesmo tempo, impediu que o
real perdesse muito mais valor.
Agora, a ação na ponta contrária é possível porque, se antes o problema era falta da
moeda estrangeira, nas últimas
semanas há um excesso de dólares que tem que ser recolhido,
se o governo não quiser deixar
o real se valorizar tanto de uma
hora para a outra.
Só no início da semana, cerca
de R$ 2 bilhões em recursos estrangeiros ingressaram no país
para serem aplicados na Bolsa.
Em nota divulgada, ontem, o
BC mais uma vez argumenta
que não tem compromisso com
um valor específico para a taxa
de câmbio e que, portanto, não
se pauta por um piso ou um teto desconhecido pelo mercado.
Segundo a nota, o BC está só
retomando sua estratégia -iniciada em 2004 e interrompida
em períodos de turbulência-
de aproveitar ventos positivos e
recompor as reservas.
Na prática, porém, uma coisa
leva à outra. O interesse do BC
em recompor as reservas ajuda
a segurar o câmbio. A atuação
não é suficiente para reverter a
tendência de apreciação do
real, mas busca conter excessos
e, assim, não deixar a cotação
sofrer uma forte oscilação.
Variações grandes e repentinas no câmbio não são desejáveis porque, além de tumultuar
o ambiente de negócios e gerar
ganhos e perdas, trazem problemas à economia, já que tem
impacto também na inflação.
O movimento de aposta na
apreciação do real, que ganhou
força no início do ano passado,
foi um dos maiores causadores
da onda de prejuízo que o setor
produtivo teve no final de
2008. Prevendo que o real se
apreciaria ainda mais, empresas fizeram apostas de risco que
viraram dívidas monumentais
quando a moeda brasileira se
desvalorizou no auge da crise.
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