São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nova estratégia recompõe reservas e tenta evitar queda brusca do dólar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após intervir no mercado, negociando contratos especiais de câmbio, que, na prática funcionam como uma operação de compra de dólares, o BC iniciou ontem nova fase na sua estratégia de conter os "excessos" do mercado e evitar queda brusca na taxa de câmbio. Com o argumento de recompor as reservas internacionais (espécie de poupança pública em dólar para dar segurança em fases de crise), passará a comprar diretamente a moeda estrangeira.
O BC não atuava nesse mercado à vista desde 10 de setembro. Ao contrário, com a intensificação da crise naquele mês, passou a vender dólares -à vista e por meio de contratos especiais de câmbio- evitando uma disparada na cotação.
Por causa da crise, o BC chegou a vender US$ 14,5 bilhões que saíram das suas reservas. Com isso, garantiu o dinheiro necessário para as transações do mercado financeiro e, ao mesmo tempo, impediu que o real perdesse muito mais valor.
Agora, a ação na ponta contrária é possível porque, se antes o problema era falta da moeda estrangeira, nas últimas semanas há um excesso de dólares que tem que ser recolhido, se o governo não quiser deixar o real se valorizar tanto de uma hora para a outra.
Só no início da semana, cerca de R$ 2 bilhões em recursos estrangeiros ingressaram no país para serem aplicados na Bolsa.
Em nota divulgada, ontem, o BC mais uma vez argumenta que não tem compromisso com um valor específico para a taxa de câmbio e que, portanto, não se pauta por um piso ou um teto desconhecido pelo mercado.
Segundo a nota, o BC está só retomando sua estratégia -iniciada em 2004 e interrompida em períodos de turbulência- de aproveitar ventos positivos e recompor as reservas.
Na prática, porém, uma coisa leva à outra. O interesse do BC em recompor as reservas ajuda a segurar o câmbio. A atuação não é suficiente para reverter a tendência de apreciação do real, mas busca conter excessos e, assim, não deixar a cotação sofrer uma forte oscilação.
Variações grandes e repentinas no câmbio não são desejáveis porque, além de tumultuar o ambiente de negócios e gerar ganhos e perdas, trazem problemas à economia, já que tem impacto também na inflação.
O movimento de aposta na apreciação do real, que ganhou força no início do ano passado, foi um dos maiores causadores da onda de prejuízo que o setor produtivo teve no final de 2008. Prevendo que o real se apreciaria ainda mais, empresas fizeram apostas de risco que viraram dívidas monumentais quando a moeda brasileira se desvalorizou no auge da crise.


Texto Anterior: BC faz a 1ª compra de dólares na crise
Próximo Texto: Roberto Rodrigues: O sertão vai virar mar...
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.