São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

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Bancos ainda restringem e encarecem crédito

DE NOVA YORK

Apesar das ajudas bilionárias que os bancos vêm recebendo do governo dos EUA, eles continuam na contramão do que o Tesouro americano esperava.
Mesmo levantando dinheiro no mercado a "risco zero", com papéis 100% garantidos pela FDIC (a agência federal que regula o setor), os bancos diminuiram os volumes, cortaram prazos e elevaram o custo de empréstimos para consumidores e até mesmo para as maiores empresas dos EUA.
Por conta disso, e da iniciativa de alguns bancos de querer se livrar de restrições como limites a bônus de executivos, o Tesouro já decidiu que só ficarão livres as intituições que não apenas devolverem os bilhões que receberam diretamente. Elas também terão de provar que podem levantar dinheiro sem suporte estatal.
Além dos cerca de US$ 200 bilhões que o Tesouro injetou diretamente em dezenas de bancos, a FDIC deu garantias a outros US$ 300 bilhões em papéis que essas instituições venderam no mercado. O custo para os bancos pela proteção da FDIC é insignificante.
O objetivo do governo foi facilitar a captação de recursos na praça para que os bancos tivessem mais caixa destinado a empréstimos. Mas não só o mercado de crédito não vem se recuperando como o custo para as empresas disparou.
Em março, por exemplo, houve uma retração de cerca de US$ 11,1 bilhões no volume de crédito aos consumidores nos EUA, a maior contração desde 1943, quando o indicador passou a ser apurado. Em fevereiro, outros US$ 8,1 bilhões haviam desaparecido do mercado de crédito ao consumo. Em termos anuais, a queda, de 5,2%, é a maior desde 1990.

Custo mais alto
Entre as empresas, a situação não é melhor. Nas últimas semanas, gigantes como a Hewl- lett-Packard (eletrônicos) e Verizon (telefonia) tiveram de aceitar linhas de crédito de cerca de US$ 6 bilhões cada para serem pagas em menos de 365 dias a um custo de 2% acima da Libor (taxa de referência para empréstimos interbancários).
Antes da crise, elas captavam essas mesmas linhas (chamadas de "revolver lines") com prazos de três anos a um custo de 0,2% sobre a Libor.
Segundo a Loan Pricing Corp., 72% das "revolver lines" captadas por empresas de primeira linha nos EUA em 2009 têm prazos menores que um ano. Há 12 meses, eram apenas 30%. E quase a metade tinha prazo de três anos ou mais.
A restrição bancária em elevar o total de empréstimos também afeta diretamente as empresas e o comércio que não têm imóveis próprios e que os estão comprando financiados.
Em abril, os calotes nesses tipos de financiamento atingiram o maior nível em 11 anos, já que muitos bancos não aceitaram refinanciar os empréstimos de empresas -que têm registrado vendas menores.
Muitos bancos vêm fazendo lobbies constantes junto ao Tesouro para se livrarem das restrições impostas a eles. Mas, diante da atual dependência das garantias estatais, e da contração do crédito, isso ainda deve levar algum tempo. (FCZ)


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