|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bancos ainda restringem e encarecem crédito
DE NOVA YORK
Apesar das ajudas bilionárias
que os bancos vêm recebendo
do governo dos EUA, eles continuam na contramão do que o
Tesouro americano esperava.
Mesmo levantando dinheiro
no mercado a "risco zero", com
papéis 100% garantidos pela
FDIC (a agência federal que regula o setor), os bancos diminuiram os volumes, cortaram
prazos e elevaram o custo de
empréstimos para consumidores e até mesmo para as maiores empresas dos EUA.
Por conta disso, e da iniciativa de alguns bancos de querer
se livrar de restrições como limites a bônus de executivos, o
Tesouro já decidiu que só ficarão livres as intituições que não
apenas devolverem os bilhões
que receberam diretamente.
Elas também terão de provar
que podem levantar dinheiro
sem suporte estatal.
Além dos cerca de US$ 200
bilhões que o Tesouro injetou
diretamente em dezenas de
bancos, a FDIC deu garantias a
outros US$ 300 bilhões em papéis que essas instituições venderam no mercado. O custo para os bancos pela proteção da
FDIC é insignificante.
O objetivo do governo foi facilitar a captação de recursos
na praça para que os bancos tivessem mais caixa destinado a
empréstimos. Mas não só o
mercado de crédito não vem se
recuperando como o custo para
as empresas disparou.
Em março, por exemplo,
houve uma retração de cerca de
US$ 11,1 bilhões no volume de
crédito aos consumidores nos
EUA, a maior contração desde
1943, quando o indicador passou a ser apurado. Em fevereiro, outros US$ 8,1 bilhões haviam desaparecido do mercado
de crédito ao consumo. Em termos anuais, a queda, de 5,2%, é
a maior desde 1990.
Custo mais alto
Entre as empresas, a situação
não é melhor. Nas últimas semanas, gigantes como a Hewl-
lett-Packard (eletrônicos) e Verizon (telefonia) tiveram de
aceitar linhas de crédito de cerca de US$ 6 bilhões cada para
serem pagas em menos de 365
dias a um custo de 2% acima da
Libor (taxa de referência para
empréstimos interbancários).
Antes da crise, elas captavam
essas mesmas linhas (chamadas de "revolver lines") com
prazos de três anos a um custo
de 0,2% sobre a Libor.
Segundo a Loan Pricing
Corp., 72% das "revolver lines"
captadas por empresas de primeira linha nos EUA em 2009
têm prazos menores que um
ano. Há 12 meses, eram apenas
30%. E quase a metade tinha
prazo de três anos ou mais.
A restrição bancária em elevar o total de empréstimos
também afeta diretamente as
empresas e o comércio que não
têm imóveis próprios e que os
estão comprando financiados.
Em abril, os calotes nesses tipos de financiamento atingiram o maior nível em 11 anos, já
que muitos bancos não aceitaram refinanciar os empréstimos de empresas -que têm registrado vendas menores.
Muitos bancos vêm fazendo
lobbies constantes junto ao Tesouro para se livrarem das restrições impostas a eles. Mas,
diante da atual dependência
das garantias estatais, e da contração do crédito, isso ainda deve levar algum tempo.
(FCZ)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Venda de veículos na China bate recorde Índice
|