|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PUNIÇÃO
Presidente da Ortopé tem pena de três anos e meio
Sonegação no RS leva empresários à cadeia
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre
A condenação de empresários
gaúchos à prisão por delitos fiscais
e financeiros está deixando de ser
um fato raro e se tornando um
acontecimento comum nos últimos tempos.
Quatro importantes nomes do
meio empresarial foram presos
desde março do ano passado.
Os processos começam, administrativamente, em repartições da
União, como a Receita Federal.
Antes de chegar à Justiça para
julgamento, passam pela Procuradoria da República no Estado, que
desenvolveu uma metodologia de
trabalho que pode ser adotada nacionalmente pelo Ministério Público (leia texto nesta página).
Alguns dos condenados mais conhecidos exerceram posições de liderança no meio empresarial, como o ex-presidente da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado
do Rio Grande do Sul) de 80 a83,
Sérgio Schapke, e o ex-presidente
da Calçados Ortopé, Horst Volk.
Outros empresários condenados
judicialmente foram o proprietário da Data Control, Ademar Kehrwald, e o diretor-presidente do
grupo Éberle Mundial (antigo Zivi
Hércules), Michael Ceitlin.
Sonegação fiscal
Kehrwald, que dominou o mercado nacional de cursos de informática, com 70 escolas e 80 mil alunos, foi condenado, em primeira
instância, a 14 anos e meio de reclusão, em regime fechado, por sonegação fiscal (R$ 36,4 milhões) e
evasão de divisas (US$ 3,5 milhões).
Ele cumpre pena no Presídio
Central de Porto Alegre desde
março de 98, enquanto aguarda
julgamento em segunda instância.
Seus bens -entre os quais, um
dos mais luxuosos apartamentos
de Porto Alegre, casas e fazendas- foram sequestrados judicialmente.
Volk, que também foi secretário
estadual do Turismo, no governo
Jair Soares (83 a 86), foi condenado
a três anos e meio de reclusão por
sonegação fiscal com fraude. O
empresário foi preso no último dia
19, em sua mansão.
Ao ser detido pela Polícia Federal, em Gramado, onde foi interventor (69 a 73), sentiu-se mal e
precisou ser removido para o Hospital Penitenciário da capital.
Recuperado, agora é obrigado a
ficar das 20h às 7h, diariamente, no
albergue do presídio da cidade de
Canela, dividindo uma cela com
outros quatro presidiários.
A condenação de Sérgio Schapke, presidente da Companhia Geral de Indústrias, é de dois anos e
quatro meses, por deixar de recolher contribuições previdenciárias
descontadas dos empregados.
O ex-presidente da Fiergs foi preso em 3 de maio último e passou a
dormir na prisão-albergue Lima
Drumond. Na sexta-feira passada,
porém, uma liminar transformou
sua pena de reclusão em prestação
de serviço à comunidade.
Michael Ceitlin, condenado a um
ano e nove meses de reclusão, em
primeira instância, esteve preso
por um dia, em março, mas conseguiu sair com um habeas-corpus.
Seu processo deve ser julgado este
mês no Tribunal Regional Federal.
A Procuradoria da República diz
que existem 18 ações criminais por
sonegação contra ele, no valor de
R$ 34 milhões.
Texto Anterior: Luís Nassif: Os congos de São Benedito Próximo Texto: Programa de salvamento do BNDES nasceu em Wall Street Índice
|