São Paulo, Domingo, 09 de Maio de 1999
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PUNIÇÃO
Presidente da Ortopé tem pena de três anos e meio
Sonegação no RS leva empresários à cadeia

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre

A condenação de empresários gaúchos à prisão por delitos fiscais e financeiros está deixando de ser um fato raro e se tornando um acontecimento comum nos últimos tempos.
Quatro importantes nomes do meio empresarial foram presos desde março do ano passado.
Os processos começam, administrativamente, em repartições da União, como a Receita Federal.
Antes de chegar à Justiça para julgamento, passam pela Procuradoria da República no Estado, que desenvolveu uma metodologia de trabalho que pode ser adotada nacionalmente pelo Ministério Público (leia texto nesta página).
Alguns dos condenados mais conhecidos exerceram posições de liderança no meio empresarial, como o ex-presidente da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul) de 80 a83, Sérgio Schapke, e o ex-presidente da Calçados Ortopé, Horst Volk.
Outros empresários condenados judicialmente foram o proprietário da Data Control, Ademar Kehrwald, e o diretor-presidente do grupo Éberle Mundial (antigo Zivi Hércules), Michael Ceitlin.

Sonegação fiscal
Kehrwald, que dominou o mercado nacional de cursos de informática, com 70 escolas e 80 mil alunos, foi condenado, em primeira instância, a 14 anos e meio de reclusão, em regime fechado, por sonegação fiscal (R$ 36,4 milhões) e evasão de divisas (US$ 3,5 milhões).
Ele cumpre pena no Presídio Central de Porto Alegre desde março de 98, enquanto aguarda julgamento em segunda instância.
Seus bens -entre os quais, um dos mais luxuosos apartamentos de Porto Alegre, casas e fazendas- foram sequestrados judicialmente.
Volk, que também foi secretário estadual do Turismo, no governo Jair Soares (83 a 86), foi condenado a três anos e meio de reclusão por sonegação fiscal com fraude. O empresário foi preso no último dia 19, em sua mansão.
Ao ser detido pela Polícia Federal, em Gramado, onde foi interventor (69 a 73), sentiu-se mal e precisou ser removido para o Hospital Penitenciário da capital.
Recuperado, agora é obrigado a ficar das 20h às 7h, diariamente, no albergue do presídio da cidade de Canela, dividindo uma cela com outros quatro presidiários.
A condenação de Sérgio Schapke, presidente da Companhia Geral de Indústrias, é de dois anos e quatro meses, por deixar de recolher contribuições previdenciárias descontadas dos empregados.
O ex-presidente da Fiergs foi preso em 3 de maio último e passou a dormir na prisão-albergue Lima Drumond. Na sexta-feira passada, porém, uma liminar transformou sua pena de reclusão em prestação de serviço à comunidade.
Michael Ceitlin, condenado a um ano e nove meses de reclusão, em primeira instância, esteve preso por um dia, em março, mas conseguiu sair com um habeas-corpus. Seu processo deve ser julgado este mês no Tribunal Regional Federal.
A Procuradoria da República diz que existem 18 ações criminais por sonegação contra ele, no valor de R$ 34 milhões.


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