São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2008

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Caixa Econômica entra na área de câmbio

Banco vai vender moeda estrangeira e oferecer financiamento para empresários que trabalham com comércio exterior

CEF vai competir com o líder Banco do Brasil, que possui hoje 26% dos contratos de câmbio para exportação e 25% daqueles à importação

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de o Banco do Brasil começar a oferecer financiamento imobiliário, a CEF (Caixa Econômica Federal) contra-ataca e se prepara para atuar no mercado de câmbio e crédito para o comércio exterior, um dos negócios fortes do BB.
A CEF conseguiu autorização do Banco Central para operar com câmbio em 2006, mas ainda não oferece nenhum serviço nessa área. Agora, o banco conclui mudanças internas para, até 2009, comprar e vender moeda estrangeira aos clientes. E oferecer linhas de financiamento e contratos de câmbio para empresários que trabalham com exportação e importação, principalmente pequenas e microempresas.
O primeiro passo, já em funcionamento, foi um projeto-piloto de venda de dólares para os funcionários. Até o ano que vem, todos os clientes da instituição poderão comprar moeda estrangeira nas agências antes de viajar para o exterior, o chamado "câmbio manual".
A abertura desse mercado, autorizada na semana passada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), também vai beneficiar a instituição. O banco tem interesse em transformar as casas lotéricas, hoje seus correspondentes bancários, em correspondentes cambiais -que poderão fazer operações de envio e recebimento de remessas de dólares do exterior.
De todas as novas operações internacionais da Caixa Econômica, essa é a mais incipiente. Os outros projetos estão em fase de conclusão.
Outra parte do projeto internacional da instituição é voltado para as empresas, ligado aos objetivos da política industrial do governo de ampliar o número de exportadores do país. A CEF vai operar com câmbio para exportação e importação e linhas de financiamento de ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio) e ACE (Adiantamento de Contrato de Exportação).
O ACC é uma linha de crédito de capital de giro para exportações, em que o banco antecipa, em reais, o valor de um bem que será exportado no futuro. O ACE é o crédito, também em reais, do valor de uma mercadoria que já foi embarcada para o exterior, mas o cliente estrangeiro vai pagar a empresa a prazo, em dólares ou euros.
Segundo o vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa, Carlos Brito, o banco identificou demanda de 8.000 empresas, que já são seus clientes, por serviços ligados ao comércio exterior. Hoje, apenas 37 mil empresas no país trabalham com exportação ou importação.
A meta do governo federal, com a política industrial, é aumentar em 10% o número de empresas exportadoras, principalmente as de pequeno porte, até 2010.
"O nosso objetivo ao entrar nesse mercado é ter um portfólio completo e oferecer tudo de que o cliente precisa. Os tempos de globalização exigem esse direcionamento", disse Brito.
O novo foco da CEF entra em um mercado liderado pelo concorrente público. O Banco do Brasil responde hoje por 26% de todos os contratos de câmbio para exportação no país e 25% dos contratos de câmbio para importação. A carteira de crédito para o comércio exterior do BB é R$ 11,019 bilhões (dados do primeiro trimestre), dos quais 59,6% são contratos de ACC e ACE.
O superintendente de Negócios Internacionais da CEF, Flávio Petró, disse que um estudo de mercado feito pelo banco mostrou que é possível conquistar 5% do total das operações de comércio exterior no país até 2014, quando o fluxo de importações e exportações deve somar US$ 421 bilhões.


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