São Paulo, terça-feira, 09 de junho de 2009

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Bilionária de biografia trágica, Lily Safra herdou o Ponto Frio do 2º marido

NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A vida da ex-controladora do Ponto Frio, a bilionária socialite e filantropa gaúcha Lily Watkins Cohen Monteverde Bendahan Safra, 71, é material farto para biógrafos e roteiristas. O livro ou filme de sua vida narraria, em cenários luxuosos de Mônaco, Nova York e Londres, tragédias, romances, intrigas -além de negócios e dinheiro, muito dele.
Quando o repórter investigativo Dominick Dunne, da "Vanity Fair", escreveu artigo de 14 páginas sobre a controversa morte do banqueiro Edmond Safra -marido de Lily morto em 1999 em Mônaco, num incêndio provocado por seu enfermeiro-, afirmou: "Lily Safra é, de longe, a figura mais interessante de toda essa história".
"Watkins" é o sobrenome do pai, inglês de ascendência judaica e do ramo de ferrovias, que emigrou ao Brasil no início do século passado. "Cohen" veio do primeiro marido, argentino milionário fabricante de meias de náilon, com quem casou aos 19 anos e teve três filhos. Depois do divórcio, Lily ganhou seu terceiro sobrenome: "Monteverde" -de Alfredo, o dono da rede Ponto Frio, com quem teve outro filho.
Após o suicídio de Alfredo em 1969, com um tiro no peito, Lily mudou-se para Londres e passou a viver dos rendimentos da rede varejista. Num leilão em Paris, conheceu o banqueiro Edmond Safra: os dois disputavam uma escultura lance a lance e ele arrematou-a ao final. Então, deu-lhe a peça de presente.
Judeu ortodoxo, Edmond sofreu a oposição da família, que não queria vê-lo casado com uma judia liberal, e acabou se afastando de Lily. A oposição inicial marcaria a relação familiar. Antes de voltar para Edmond e se casarem em 1976, ganhou mais um sobrenome, após breve casamento com o empresário inglês Samuel Bendahan.

Rede e fortuna
Havia pelo menos oito anos Lily queria se desfazer do controle do Ponto Frio e, após ensaios frustrados, em março anunciou nova tentativa, concretizada agora.
A gestão da rede sempre foi permeada por desavenças pessoais. Em 1998, a revista "Exame" noticiou que, à época, havia dez anos que Lily e o então sócio, Simon Alouan, não trocavam "sequer uma palavra". A ruptura ocorrera, segundo a revista, em 1989, com a morte do filho Cláudio num acidente de carro, após uma suposta discussão com Alouan. Lily não o perdoou.
Com fortuna estimada em US$ 1 bilhão, segundo a revista "Forbes", que lhe rende a posição de 701ª pessoa mais rica do mundo, Lily também é a única brasileira a aparecer entre os cem moradores mais ricos do Reino Unido, conforme o jornal britânico "Sunday Times".
Em um ano, ela passou do 156º para o 87º lugar no ranking dos mil habitantes mais ricos do país. Seu patrimônio não subiu, segundo o jornal. Seus "concorrentes" é que perderam bilhões na crise.


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