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Bilionária de biografia trágica, Lily Safra herdou o Ponto Frio do 2º marido
NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A vida da ex-controladora
do Ponto Frio, a bilionária
socialite e filantropa gaúcha
Lily Watkins Cohen Monteverde Bendahan Safra, 71, é
material farto para biógrafos
e roteiristas. O livro ou filme
de sua vida narraria, em cenários luxuosos de Mônaco,
Nova York e Londres, tragédias, romances, intrigas
-além de negócios e dinheiro, muito dele.
Quando o repórter investigativo Dominick Dunne, da
"Vanity Fair", escreveu artigo de 14 páginas sobre a controversa morte do banqueiro
Edmond Safra -marido de
Lily morto em 1999 em Mônaco, num incêndio provocado por seu enfermeiro-,
afirmou: "Lily Safra é, de
longe, a figura mais interessante de toda essa história".
"Watkins" é o sobrenome
do pai, inglês de ascendência
judaica e do ramo de ferrovias, que emigrou ao Brasil
no início do século passado.
"Cohen" veio do primeiro
marido, argentino milionário fabricante de meias de
náilon, com quem casou aos
19 anos e teve três filhos. Depois do divórcio, Lily ganhou
seu terceiro sobrenome:
"Monteverde" -de Alfredo,
o dono da rede Ponto Frio,
com quem teve outro filho.
Após o suicídio de Alfredo
em 1969, com um tiro no peito, Lily mudou-se para Londres e passou a viver dos rendimentos da rede varejista.
Num leilão em Paris, conheceu o banqueiro Edmond Safra: os dois disputavam uma
escultura lance a lance e ele
arrematou-a ao final. Então,
deu-lhe a peça de presente.
Judeu ortodoxo, Edmond
sofreu a oposição da família,
que não queria vê-lo casado
com uma judia liberal, e acabou se afastando de Lily. A
oposição inicial marcaria a
relação familiar. Antes de
voltar para Edmond e se casarem em 1976, ganhou mais
um sobrenome, após breve
casamento com o empresário inglês Samuel Bendahan.
Rede e fortuna
Havia pelo menos oito
anos Lily queria se desfazer
do controle do Ponto Frio e,
após ensaios frustrados, em
março anunciou nova tentativa, concretizada agora.
A gestão da rede sempre
foi permeada por desavenças
pessoais. Em 1998, a revista
"Exame" noticiou que, à época, havia dez anos que Lily e
o então sócio, Simon Alouan,
não trocavam "sequer uma
palavra". A ruptura ocorrera,
segundo a revista, em 1989,
com a morte do filho Cláudio
num acidente de carro, após
uma suposta discussão com
Alouan. Lily não o perdoou.
Com fortuna estimada em
US$ 1 bilhão, segundo a revista "Forbes", que lhe rende
a posição de 701ª pessoa
mais rica do mundo, Lily
também é a única brasileira a
aparecer entre os cem moradores mais ricos do Reino
Unido, conforme o jornal
britânico "Sunday Times".
Em um ano, ela passou do
156º para o 87º lugar no ranking dos mil habitantes mais
ricos do país. Seu patrimônio
não subiu, segundo o jornal.
Seus "concorrentes" é que
perderam bilhões na crise.
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