São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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RETOMADA

Indústria cresce 2,2% sobre abril com recuperação do consumo interno e chega ao maior nível de atividade desde 1991

Produção atinge pico histórico em maio

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Com sinais mais firmes de recuperação do consumo doméstico, incluindo o de bens semi e não-duráveis (alimentos, bebidas e vestuário), a produção da indústria cresceu pelo terceiro mês consecutivo em maio. A alta foi de 2,2% na comparação com abril, já descontados os efeitos sazonais (típicos de cada período), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Tal desempenho fez a indústria atingir o maior patamar de produção já registrado pela PIM (Pesquisa Industrial Mensal), iniciada em 1991. O recorde anterior era de novembro de 2003. Em relação àquele mês, a indústria opera num nível 2,2% maior.
Sobre maio de 2003, a indústria cresceu 7,8% (a nona taxa positiva seguida), em parte beneficiada pela fraca base de comparação do ano passado, dizem especialistas.
Os dados do IBGE se somam aos divulgados anteontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), segundo os quais a indústria atingiu em maio o nível recorde de 82,52% da capacidade instalada -o maior desde 1992.
Para Isabela Nunes, economista do IBGE, a "principal novidade" de maio foi a reação da produção de semi e não-duráveis (1,7% ante abril), impulsionada pela melhora do mercado de trabalho.
Segundo Isabela Nunes, esse resultado revela que "o efeito multiplicador" da alta das exportações, do bom desempenho do agronegócio e da expansão do crédito (que vem beneficiando os bens duráveis) "se espalhou". Atingiu, diz, ramos tipicamente voltados para o consumo doméstico que ainda demoravam a reagir.
O economista Bráulio Borges, da consultoria LCA, concorda. Diz que o crescimento do emprego fez subir a massa de salários, ampliando o consumo de não-duráveis. Segundo ele, a massa de salários (rendimentos totais multiplicado pelo número de pessoas ocupadas) teve expansão de 1% nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE em abril ante o mesmo mês de 2004.
Na taxa com ajuste sazonal, todos as categorias de uso apresentaram expansão em maio: bens de capital (3,7%), intermediários (1,7%) e duráveis (3,2%). Esses dois últimos também bateram o recorde no patamar produtivo.
Entre os ramos voltados para o mercado interno favorecidos pelo efeito "multiplicador", o IBGE destaca a expansão na comparação com abril de calçados e couros (8%), farmacêutica (4,1%), têxtil (2,6%), minerais não-metálicos (2,2%) e vestuário (0,9%).
Se o atual patamar de produção for mantido, a indústria crescerá 4,5% em 2004, diz o IBGE.

Recorde antecipado
Baseado em projeções do próprio BC, o presidente do órgão, Henrique Meirelles, disse no fim de junho que a produção atingiria, em maio, seu pico histórico.
Isabela Nunes relativiza o recorde. Diz que numa trajetória de crescimento é "natural" que a cada mês a indústria opere num nível de produção mais alto. O que importa, diz, é a variação da produção de um mês para o outro.
Já para o economista Juan Pedro Jensen, o fato de a indústria estar no maior nível desde 1991 é "surpreendente".


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