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RETOMADA
Indústria cresce 2,2% sobre abril com recuperação do consumo interno e chega ao maior nível de atividade desde 1991
Produção atinge pico histórico em maio
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Com sinais mais firmes de recuperação do consumo doméstico,
incluindo o de bens semi e não-duráveis (alimentos, bebidas e
vestuário), a produção da indústria cresceu pelo terceiro mês consecutivo em maio. A alta foi de
2,2% na comparação com abril, já
descontados os efeitos sazonais
(típicos de cada período), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Tal desempenho fez a indústria
atingir o maior patamar de produção já registrado pela PIM
(Pesquisa Industrial Mensal), iniciada em 1991. O recorde anterior
era de novembro de 2003. Em relação àquele mês, a indústria opera num nível 2,2% maior.
Sobre maio de 2003, a indústria
cresceu 7,8% (a nona taxa positiva
seguida), em parte beneficiada
pela fraca base de comparação do
ano passado, dizem especialistas.
Os dados do IBGE se somam
aos divulgados anteontem pela
CNI (Confederação Nacional da
Indústria), segundo os quais a indústria atingiu em maio o nível
recorde de 82,52% da capacidade
instalada -o maior desde 1992.
Para Isabela Nunes, economista
do IBGE, a "principal novidade"
de maio foi a reação da produção
de semi e não-duráveis (1,7% ante
abril), impulsionada pela melhora do mercado de trabalho.
Segundo Isabela Nunes, esse resultado revela que "o efeito multiplicador" da alta das exportações,
do bom desempenho do agronegócio e da expansão do crédito
(que vem beneficiando os bens
duráveis) "se espalhou". Atingiu,
diz, ramos tipicamente voltados
para o consumo doméstico que
ainda demoravam a reagir.
O economista Bráulio Borges,
da consultoria LCA, concorda.
Diz que o crescimento do emprego fez subir a massa de salários,
ampliando o consumo de não-duráveis. Segundo ele, a massa de
salários (rendimentos totais multiplicado pelo número de pessoas
ocupadas) teve expansão de 1%
nas seis regiões metropolitanas
pesquisadas pelo IBGE em abril
ante o mesmo mês de 2004.
Na taxa com ajuste sazonal, todos as categorias de uso apresentaram expansão em maio: bens de
capital (3,7%), intermediários
(1,7%) e duráveis (3,2%). Esses
dois últimos também bateram o
recorde no patamar produtivo.
Entre os ramos voltados para o
mercado interno favorecidos pelo
efeito "multiplicador", o IBGE
destaca a expansão na comparação com abril de calçados e couros (8%), farmacêutica (4,1%),
têxtil (2,6%), minerais não-metálicos (2,2%) e vestuário (0,9%).
Se o atual patamar de produção
for mantido, a indústria crescerá
4,5% em 2004, diz o IBGE.
Recorde antecipado
Baseado em projeções do próprio BC, o presidente do órgão,
Henrique Meirelles, disse no fim
de junho que a produção atingiria, em maio, seu pico histórico.
Isabela Nunes relativiza o recorde. Diz que numa trajetória de
crescimento é "natural" que a cada mês a indústria opere num nível de produção mais alto. O que
importa, diz, é a variação da produção de um mês para o outro.
Já para o economista Juan Pedro Jensen, o fato de a indústria
estar no maior nível desde 1991 é
"surpreendente".
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