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Amorim aceita falar
de ajuste automático
DOS ENVIADOS A PUERTO IGUAZÚ
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, admitiu,
pela primeira vez, disposição em
discutir com a Argentina a criação
de um mecanismo automático de
ajuste ao comércio, que seria acionado toda vez que houvesse um
excessivo desequilíbrio comercial
entre os países do Mercosul.
"Não me importo em discutir
esse tema, desde que haja mudanças bruscas nas exportações",
afirmou Amorim à Folha, após o
encerramento oficial da reunião
de Cúpula do Mercosul. Ele não
qualificou, porém, o que seriam
"mudanças bruscas".
Nunca antes uma autoridade
brasileira havia aceitado tratar do
tema, oficialmente apresentado
pela Argentina no último semestre. O assunto foi um dos mais
acalorados na reunião de cúpula.
A dificuldade em resolver esse
tema é o principal motivo de
queixa dos argentinos com os
avanços na integração. "A agenda
externa do bloco anda num carro
a 100 km/h. A agenda interna, no
entanto, está num carro que não
passa de 20 km/h", disse à Folha o
secretário de Comércio argentino,
Martín Redrado.
A decisão do governo argentino
em editar resolução que permite a
adoção de licenças prévias foi tomada porque o Brasil se negava a
criar um instrumento institucional de ajuste ao comércio. O Brasil
não aceitava nem sequer discutir
ajustes automáticos.
Mas nem todos no governo brasileiro estão dispostos, como
Amorim, a negociar o tema. O
ministro do Desenvolvimento,
Luiz Fernando Furlan, afirmou
ontem que um gatilho para controlar exportações é inadequado.
"É incompatível com o processo
de integração", afirmou.
(AS e CD)
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