São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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Amorim aceita falar de ajuste automático

DOS ENVIADOS A PUERTO IGUAZÚ

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, admitiu, pela primeira vez, disposição em discutir com a Argentina a criação de um mecanismo automático de ajuste ao comércio, que seria acionado toda vez que houvesse um excessivo desequilíbrio comercial entre os países do Mercosul.
"Não me importo em discutir esse tema, desde que haja mudanças bruscas nas exportações", afirmou Amorim à Folha, após o encerramento oficial da reunião de Cúpula do Mercosul. Ele não qualificou, porém, o que seriam "mudanças bruscas".
Nunca antes uma autoridade brasileira havia aceitado tratar do tema, oficialmente apresentado pela Argentina no último semestre. O assunto foi um dos mais acalorados na reunião de cúpula.
A dificuldade em resolver esse tema é o principal motivo de queixa dos argentinos com os avanços na integração. "A agenda externa do bloco anda num carro a 100 km/h. A agenda interna, no entanto, está num carro que não passa de 20 km/h", disse à Folha o secretário de Comércio argentino, Martín Redrado.
A decisão do governo argentino em editar resolução que permite a adoção de licenças prévias foi tomada porque o Brasil se negava a criar um instrumento institucional de ajuste ao comércio. O Brasil não aceitava nem sequer discutir ajustes automáticos.
Mas nem todos no governo brasileiro estão dispostos, como Amorim, a negociar o tema. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou ontem que um gatilho para controlar exportações é inadequado. "É incompatível com o processo de integração", afirmou. (AS e CD)


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