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Foco
Manaus tenta conter "camelódromo" gigante que preocupa Zona Franca
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A região das lojas credenciadas da ZFM (Zona Franca
de Manaus), uma das maiores
áreas de livre comércio do
Brasil, é um "camelódromo" a
céu aberto.
Dos 6.800 ambulantes cadastrados pela prefeitura em
toda a cidade, 2.180 (32%)
trabalham ao lado das lojas
que vendem com até 40% de
desconto eletrodomésticos,
artigos eletrônicos e perfumes -produzidos na região
industrial da ZFM, onde estão as fábricas beneficiadas
por incentivos fiscais.
Preocupada com a "imagem negativa" e os transtornos que os camelôs causam
principalmente aos turistas,
os maiores clientes da Zona
Franca comercial, a Prefeitura de Manaus pretende mudar todos os ambulantes que
têm barracas para o centro da
cidade. "Vamos construir um
shopping popular para abrigar os vendedores que atuam
na Zona Franca", disse Ideraldo Custódio de Moraes,
chefe da divisão de comércio
informal da prefeitura.
Os lojistas torcem para que
o projeto da prefeitura saia do
papel. "A concorrência é desleal, eles não pagam impostos, tomam conta da rua e
ainda vendem produtos falsificados", disse Cléber Santana, funcionário de uma loja
especializada na comercialização de eletrodomésticos.
Para concorrer com os lojistas da ZFM, os ambulantes
são obrigados a seguir algumas determinações. Todas as
barracas são padronizadas
(têm 1,2 m x 0,8 m) e não podem funcionar a partir das
19h e aos domingos e feriados.
"Em compensação, os ambulantes não pagam nenhuma
taxa à prefeitura e podem
vender de tudo, inclusive artigos importados, que são encontrados nos estabelecimentos credenciados pela
Zona Franca", disse Moraes.
"A nossa convivência com
os lojistas é muito boa", afirmou Risonei Saldanha, que
há oito anos trabalha como
camelô no centro de Manaus.
Em sua barraca, o cliente tem
à disposição videogames, rádios, telefones celulares e
aparelhos de DVD. "O preço
aqui é muito mais em conta, o
problema é que ninguém dá
garantia", disse a turista cearense Marisa Santana Freitas, que gastou R$ 400.
Como as barracas são pequenas e leves, os "donos dos
pontos" contratam seguranças para vigiar os produtos à
noite e nos dias em que os camelôs não trabalham. "Ganho R$ 15 por semana para
tomar conta de cada barraca e
tenho 30 clientes", disse Augusto César Santos da Silva.
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