São Paulo, domingo, 09 de julho de 2006

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Foco

Manaus tenta conter "camelódromo" gigante que preocupa Zona Franca

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A região das lojas credenciadas da ZFM (Zona Franca de Manaus), uma das maiores áreas de livre comércio do Brasil, é um "camelódromo" a céu aberto.
Dos 6.800 ambulantes cadastrados pela prefeitura em toda a cidade, 2.180 (32%) trabalham ao lado das lojas que vendem com até 40% de desconto eletrodomésticos, artigos eletrônicos e perfumes -produzidos na região industrial da ZFM, onde estão as fábricas beneficiadas por incentivos fiscais.
Preocupada com a "imagem negativa" e os transtornos que os camelôs causam principalmente aos turistas, os maiores clientes da Zona Franca comercial, a Prefeitura de Manaus pretende mudar todos os ambulantes que têm barracas para o centro da cidade. "Vamos construir um shopping popular para abrigar os vendedores que atuam na Zona Franca", disse Ideraldo Custódio de Moraes, chefe da divisão de comércio informal da prefeitura.
Os lojistas torcem para que o projeto da prefeitura saia do papel. "A concorrência é desleal, eles não pagam impostos, tomam conta da rua e ainda vendem produtos falsificados", disse Cléber Santana, funcionário de uma loja especializada na comercialização de eletrodomésticos.
Para concorrer com os lojistas da ZFM, os ambulantes são obrigados a seguir algumas determinações. Todas as barracas são padronizadas (têm 1,2 m x 0,8 m) e não podem funcionar a partir das 19h e aos domingos e feriados. "Em compensação, os ambulantes não pagam nenhuma taxa à prefeitura e podem vender de tudo, inclusive artigos importados, que são encontrados nos estabelecimentos credenciados pela Zona Franca", disse Moraes.
"A nossa convivência com os lojistas é muito boa", afirmou Risonei Saldanha, que há oito anos trabalha como camelô no centro de Manaus. Em sua barraca, o cliente tem à disposição videogames, rádios, telefones celulares e aparelhos de DVD. "O preço aqui é muito mais em conta, o problema é que ninguém dá garantia", disse a turista cearense Marisa Santana Freitas, que gastou R$ 400.
Como as barracas são pequenas e leves, os "donos dos pontos" contratam seguranças para vigiar os produtos à noite e nos dias em que os camelôs não trabalham. "Ganho R$ 15 por semana para tomar conta de cada barraca e tenho 30 clientes", disse Augusto César Santos da Silva.


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