|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Contribuição pode ser cobrada de importado
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo divulgou ontem uma
proposta de emenda constitucional que abre a possibilidade de
aumento da carga tributária sobre
bens e serviços importados, além
de prever a criação de uma contribuição específica sobre o setor de
combustíveis.
A criação do novo tributo já era
esperada, mas o texto da emenda
retira a restrição constitucional
para a tributação -por contribuições sociais- dos serviços de
telecomunicações e de energia
elétrica recebidos do exterior.
Segundo o secretário-adjunto
da Receita Federal, Ricardo Pinheiro, não havia impedimento
constitucional para a incidência
de contribuições sociais sobre
bens e serviços importados de
maneira geral. Mas também não
havia essa previsão. Ou seja, caso
o governo decidisse cobrar hoje
essas contribuições, poderia enfrentar questionamentos na Justiça.
Pinheiro lembrou que o produtor nacional paga contribuições
sociais e essa cobrança é uma desvantagem competitiva em relação
a alguns tipos de produtos importados. "Nós não queremos privilegiar o nacional, mas também
não podemos privilegiar o importado", disse.
O secretário afirmou, porém,
que não há intenção de a Receita
Federal propor a criação de contribuições sociais sobre qualquer
produto importado.
Pinheiro lembrou ainda que as
novas taxações, caso acontecessem, teriam de ser negociadas no
Mercosul e na OMC (Organização
Mundial do Comércio). O aumento da tributação sobre o produto importado poderia melhorar o saldo da balança comercial
brasileira na medida em que inibisse compras externas.
Combustíveis
A nova contribuição de intervenção no domínio econômico
que está sendo proposta para o setor de combustíveis incidirá sobre
a comercialização dos produtos
nacionais e importados.
Ela substituirá a atual conta-petróleo, que é a parcela dos preços
dos combustíveis que vai para o
Tesouro Nacional, tornando esse
custo mais transparente para o
consumidor. O tributo também
poderá substituir as contribuições
sociais do setor.
A nova contribuição, que só deverá vigorar em 2002 com a liberação da importação de derivados
de petróleo, é caracterizada por
ser cobrada de um setor específico para benefício desse próprio
setor.
Ou seja, o produto da sua arrecadação será destinado para atividades de fiscalização do setor e fomento nas áreas de transporte,
minas e energia e meio ambiente.
Pela emenda, a lei orçamentária
também poderá destinar os recursos para abater a dívida pública gerada pelo setor de combustíveis e para os subsídios que estão
embutidos nos preços do gás de
cozinha e do diesel, por exemplo.
O presidente da República terá
o poder de alterar as alíquotas do
imposto por meio de decreto.
Uma alíquota máxima será fixada
em lei.
Texto Anterior: Preço do álcool bate recorde em Ribeirão Preto Próximo Texto: Opinião econômica - Antonio Barros de Castro: Além da fabricação Índice
|