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TRABALHO
Em 99, a taxa de desemprego nas regiões metropolitanas chegou a 14% da força de trabalho, contra 9,5% em 96
Capitais perdem mais empregos com crises
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO
Um retrato do país em 1996 e
outro no ano passado mostram
que os maiores estragos das crises
que abalaram a economia nesse
período foram sentidos no mercado de trabalho das regiões metropolitanas brasileiras.
Entre 1996 e 1999, a taxa de desemprego nas regiões metropolitanas atingiu 14% da força de trabalho, acentuando ainda mais a
distância da desocupação nos
grandes centros daquela registrada em nível nacional (9,8%), segundo a Pnad (Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios). Em
1996, o desemprego metropolitano médio era de 9,5%, contra
6,9% do país.
Todas as informações constam
de um levantamento sobre desemprego coordenado pelo pesquisador Marcelo Neri, chefe do
Centro de Políticas Sociais da
Fundação Getúlio Vargas, com
base nos dados da Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Fluxo migratório
"Essa crise de que se fala, na verdade, é uma crise de desemprego
metropolitana", diz Neri.
Segundo ele, a crise de agora bateu todos os recordes dos anos 80
em impactos negativos no mercado de trabalho.
O economista explica que as taxas de desemprego cresceram
ainda mais nas regiões Sul e Sudeste, o que quase fez estancar o
fluxo migratório para as principais cidades do país.
Para São Paulo, segundo o economista, o fluxo de migração ficou próximo a zero em 1998. A
crise, acredita ele, continuou expulsando as pessoas das grandes
cidades. "Existe uma busca por
novas fronteiras."
A taxa de desemprego da Pnad
normalmente passa despercebida. É sempre maior do que os resultados mensais do IBGE, que
pesquisa apenas seis regiões metropolitanas do país, por ser mais
abrangente (são dez as regiões
metropolitanas) e também por
diferenças metodológicas.
Pobreza estancou
O contraponto à escalada do desemprego foi o não empobrecimento da população, de acordo
com o economista. O índice de
pobreza ficou praticamente estável nos últimos quatro anos, chegando a cair um pouco -de
29,8% para 29,3%- entre os períodos pré e pós-crises.
O índice de pobreza é um cálculo da Fundação Getúlio Vargas
sobre a proporção da população
cuja renda domiciliar per capita,
seja ela de trabalho, aluguel ou
aposentadoria, está abaixo de R$
76 por mês.
A quantia refere-se ao custo de
uma cesta de alimentos que contenha o mínimo necessário para
uma pessoa se sustentar durante
um mês, segundo critérios da
OMS (Organização Mundial de
Saúde).
O levantamento da fundação
ajusta o valor de acordo com a região. No Nordeste, por exemplo,
cai a 90% dos R$ 76.
Neri enfatiza que teria sido ainda pior se a pobreza tivesse disparado junto com o desemprego,
após as crises asiática, russa e a do
real, cuja desvalorização, em janeiro do ano passado, levou a um
repique da inflação e a uma freada
na economia.
"Minha principal crítica é que
estamos olhando muito para o
próprio umbigo, para o mercado
de trabalho metropolitano. Essas
não são as regiões mais pobres",
disse o pesquisador.
O desemprego cresceu para todos, mas nas áreas rurais ele é
muito baixo (3,2% no ano passado). Nos centros urbanos a taxa
está próxima a 10%.
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