São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRABALHO
Em 99, a taxa de desemprego nas regiões metropolitanas chegou a 14% da força de trabalho, contra 9,5% em 96
Capitais perdem mais empregos com crises

ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

Um retrato do país em 1996 e outro no ano passado mostram que os maiores estragos das crises que abalaram a economia nesse período foram sentidos no mercado de trabalho das regiões metropolitanas brasileiras.
Entre 1996 e 1999, a taxa de desemprego nas regiões metropolitanas atingiu 14% da força de trabalho, acentuando ainda mais a distância da desocupação nos grandes centros daquela registrada em nível nacional (9,8%), segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Em 1996, o desemprego metropolitano médio era de 9,5%, contra 6,9% do país.
Todas as informações constam de um levantamento sobre desemprego coordenado pelo pesquisador Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, com base nos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Fluxo migratório
"Essa crise de que se fala, na verdade, é uma crise de desemprego metropolitana", diz Neri.
Segundo ele, a crise de agora bateu todos os recordes dos anos 80 em impactos negativos no mercado de trabalho.
O economista explica que as taxas de desemprego cresceram ainda mais nas regiões Sul e Sudeste, o que quase fez estancar o fluxo migratório para as principais cidades do país.
Para São Paulo, segundo o economista, o fluxo de migração ficou próximo a zero em 1998. A crise, acredita ele, continuou expulsando as pessoas das grandes cidades. "Existe uma busca por novas fronteiras."
A taxa de desemprego da Pnad normalmente passa despercebida. É sempre maior do que os resultados mensais do IBGE, que pesquisa apenas seis regiões metropolitanas do país, por ser mais abrangente (são dez as regiões metropolitanas) e também por diferenças metodológicas.

Pobreza estancou
O contraponto à escalada do desemprego foi o não empobrecimento da população, de acordo com o economista. O índice de pobreza ficou praticamente estável nos últimos quatro anos, chegando a cair um pouco -de 29,8% para 29,3%- entre os períodos pré e pós-crises.
O índice de pobreza é um cálculo da Fundação Getúlio Vargas sobre a proporção da população cuja renda domiciliar per capita, seja ela de trabalho, aluguel ou aposentadoria, está abaixo de R$ 76 por mês.
A quantia refere-se ao custo de uma cesta de alimentos que contenha o mínimo necessário para uma pessoa se sustentar durante um mês, segundo critérios da OMS (Organização Mundial de Saúde).
O levantamento da fundação ajusta o valor de acordo com a região. No Nordeste, por exemplo, cai a 90% dos R$ 76.
Neri enfatiza que teria sido ainda pior se a pobreza tivesse disparado junto com o desemprego, após as crises asiática, russa e a do real, cuja desvalorização, em janeiro do ano passado, levou a um repique da inflação e a uma freada na economia.
"Minha principal crítica é que estamos olhando muito para o próprio umbigo, para o mercado de trabalho metropolitano. Essas não são as regiões mais pobres", disse o pesquisador.
O desemprego cresceu para todos, mas nas áreas rurais ele é muito baixo (3,2% no ano passado). Nos centros urbanos a taxa está próxima a 10%.



Texto Anterior: Entidade dos EUA investiga pneus Bridgestone e Firestone em acidentes
Próximo Texto: Indústria em SP cria vagas pelo 7º mês consecutivo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.