|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONJUNTURA
Tendência de recuperação foi interrompida no 2º trimestre; de janeiro a junho, houve queda de 0,1%, diz IBGE
Produção industrial fica estável no semestre
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
No primeiro semestre deste
ano, a produção da indústria brasileira ficou estagnada: houve discreta queda de 0,1% em relação ao
mesmo período do ano passado,
segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De acordo com o chefe do Departamento de Indústria do IBGE, Sílvio Sales, a indústria não
cresceu na média de abril a junho.
Para piorar, no período, foi interrompida a tendência de recuperação apresentada desde o fim do
ano passado.
Na média dos três últimos meses encerrados em junho, a produção ficou praticamente estável,
com alta de 0,1%.
Segundo Sales, desde o fim de
2001, a indústria ensaia uma recuperação baseada nas perspectivas
otimistas para este ano. O economista afirmou, porém, que, como
não houve uma melhora de cenário -os juros se mantiveram altos e a renda do trabalhador teve
queda-, a confiança dos empresários e dos consumidores voltou
a ficar fragilizada.
"No começo do ano houve uma
recuperação da forte queda do
ano passado. Agora se estabilizou.
A piora do ambiente macroeconômico [disparada do dólar"
adiou uma retomada mais forte",
disse a economista Marcela Prada, da Tendências Consultoria.
Apesar de estagnada no semestre, a produção industrial melhorou em junho. Houve crescimento de 0,8% em relação a maio na
comparação livre de influências
sazonais (típicas de cada período). O crescimento, somado ao de
abril (4,9%), não foi capaz, porém, de anular a forte queda de
5,2% de maio. "No saldo, a indústria ficou no zero a zero."
Em relação a junho de 2001, a
produção da indústria cresceu
0,7%. O economista Wilson Ramião, do Lloyds TSB, afirmou
que, apesar da estabilidade no semestre, o resultado de junho surpreendeu favoravelmente. Com a
disparada do dólar, diz, esperava-se até uma taxa negativa.
Para Ramião, se não fosse a crise
nos mercados financeiros, a indústria poderia ter até crescido no
semestre, pois os juros cobrados
dos consumidores seriam mais
baixos, o que ampliaria o consumo e a produção.
Segundo Sales, o bom desempenho de setores ligados à agricultura, à exportação e à exploração de
petróleo impediu a queda no semestre. São exemplos a fabricação de celulose (7%), adubos e
fertilizantes (25,9%) e o abate de
carnes (8,2%). A produção de petróleo e gás subiu 14,3%.
Perderam ritmo ramos que dependem da oferta de crédito
-mais restrita com o aumento
dos juros-, como automóveis
(queda de 12,4%) e eletrodomésticos (caiu 4,7%). Também recuou a produção de insumos da indústria automobilística: o ramo de autopeças caiu 9,2% e o de borracha, 3,1%.
Texto Anterior: O Vaivém das Commodities Próximo Texto: Setor de transformação vende, emprega e paga menos, diz CNI Índice
|