São Paulo, sexta-feira, 09 de agosto de 2002

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CONJUNTURA

Tendência de recuperação foi interrompida no 2º trimestre; de janeiro a junho, houve queda de 0,1%, diz IBGE

Produção industrial fica estável no semestre

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

No primeiro semestre deste ano, a produção da indústria brasileira ficou estagnada: houve discreta queda de 0,1% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De acordo com o chefe do Departamento de Indústria do IBGE, Sílvio Sales, a indústria não cresceu na média de abril a junho. Para piorar, no período, foi interrompida a tendência de recuperação apresentada desde o fim do ano passado.
Na média dos três últimos meses encerrados em junho, a produção ficou praticamente estável, com alta de 0,1%.
Segundo Sales, desde o fim de 2001, a indústria ensaia uma recuperação baseada nas perspectivas otimistas para este ano. O economista afirmou, porém, que, como não houve uma melhora de cenário -os juros se mantiveram altos e a renda do trabalhador teve queda-, a confiança dos empresários e dos consumidores voltou a ficar fragilizada.
"No começo do ano houve uma recuperação da forte queda do ano passado. Agora se estabilizou. A piora do ambiente macroeconômico [disparada do dólar" adiou uma retomada mais forte", disse a economista Marcela Prada, da Tendências Consultoria.
Apesar de estagnada no semestre, a produção industrial melhorou em junho. Houve crescimento de 0,8% em relação a maio na comparação livre de influências sazonais (típicas de cada período). O crescimento, somado ao de abril (4,9%), não foi capaz, porém, de anular a forte queda de 5,2% de maio. "No saldo, a indústria ficou no zero a zero."
Em relação a junho de 2001, a produção da indústria cresceu 0,7%. O economista Wilson Ramião, do Lloyds TSB, afirmou que, apesar da estabilidade no semestre, o resultado de junho surpreendeu favoravelmente. Com a disparada do dólar, diz, esperava-se até uma taxa negativa.
Para Ramião, se não fosse a crise nos mercados financeiros, a indústria poderia ter até crescido no semestre, pois os juros cobrados dos consumidores seriam mais baixos, o que ampliaria o consumo e a produção.
Segundo Sales, o bom desempenho de setores ligados à agricultura, à exportação e à exploração de petróleo impediu a queda no semestre. São exemplos a fabricação de celulose (7%), adubos e fertilizantes (25,9%) e o abate de carnes (8,2%). A produção de petróleo e gás subiu 14,3%.
Perderam ritmo ramos que dependem da oferta de crédito -mais restrita com o aumento dos juros-, como automóveis (queda de 12,4%) e eletrodomésticos (caiu 4,7%). Também recuou a produção de insumos da indústria automobilística: o ramo de autopeças caiu 9,2% e o de borracha, 3,1%.



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