|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para indústria e comércio, diminuição do compulsório veio com atraso e precisa ser acompanhada de mais corte nos juros
Empresários aprovam redução, mas acham pouco para retomada
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão de reduzir a alíquota
de recolhimento compulsório foi
correta, mas "veio com atraso" e
deve ser a primeira de uma série
de iniciativas do governo para
reativar a combalida economia.
Líderes industriais e do comércio
repetiram esse mesmo discurso
ontem, após serem informados
da medida.
Alguns empresários foram além
disso: para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), "seria bom que o governo obrigasse os bancos a emprestar um mínimo ao consumidor. Se não, o dinheiro pode ser
aplicado em títulos do governo",
afirmou Julio Gomes de Almeida,
diretor da entidade.
A ACSP (Associação Comercial
de São Paulo) segue essa mesma
linha de raciocínio. "A medida
deve contribuir para a melhora
gradativa da atividade econômica, mas desde que o sistema financeiro direcione os recursos liberados para a atividade produtiva", disse o presidente da entidade, Guilherme Afif Domingos.
Ou seja, sem contrapartida dos
bancos, pouco muda. O compulsório equivale a uma parcela dos
depósitos bancários que as instituições financeiras são obrigadas
a depositar no Banco Central.
Com a medida anunciada ontem,
os bancos, em tese, poderão reduzir os juros cobrados do mercado,
porque terão mais dinheiro disponível para emprestar.
Mas as instituições têm liberdade para agir como quiserem.
"Em doses homeopáticas, o
Banco Central relaxa a política
monetária. A Fiesp é favorável a
essa decisão (...), que acreditamos
que vá ser acompanhada por nova queda de juros", informa a Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo, em nota assinada
por seu presidente, Horacio Lafer
Piva.
Efeito demorado
Roberto Faldini, diretor da federação, afirmou ontem que os reflexos dessa queda no compulsório só chegam ao mercado dentro
de um a dois meses. "Na hora de
subir a alíquota de recolhimento,
o dinheiro some rapidinho.
Quando a taxa cai e, portanto,
tende a aumentar o volume de recursos na economia, aí é tudo
mais lento", afirmou.
A expectativa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) é
que o governo adote outras soluções "que permitam continuar a
flexibilização da política monetária do país". Para Armando Monteiro Neto, presidente da CNI, "a
iniciativa chega com atraso". Lideranças pedem há meses a queda na taxa.
"Essa medida deve ser apenas o
início do processo de redução dos
compulsórios, que ainda continuam extremamente elevados, e
deve ser complementada por uma
queda mais acelerada da taxa Selic", disse Domingos, da ACSP. A
taxa Selic -juros básicos da economia- é definida pelo Banco
Central em reuniões mensais e está em 24,5% ao ano.
Para Almeida, do Iedi, a redução do compulsório deve contribuir para a queda das taxas de juros. Na sua avaliação, o compulsório sobre os depósitos à vista
continua muito elevado.
"Provavelmente, daqui dois a
três meses vamos sentir o efeito
dessa medida, um estímulo para a
economia real", afirmou, na mesma linha do discurso de Roberto
Faldini.
Representante do setor têxtil,
Paulo Skaf, presidente da Abit, associação de empresários do segmento, reforçou o coro ontem e
afirmou que a medida "é um passo na direção correta". Mas por si
só é insuficiente para reativar a
economia.
Colaborou Fátima Fernandes,
da Reportagem Local
Texto Anterior: Analista não crê em consumo maior Próximo Texto: Frase Índice
|