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Com desemprego em alta, nem juros mais baixos estimulariam consumidor
Analista não crê em consumo maior
DA REPORTAGEM LOCAL
A redução do compulsório total
de depósitos à vista de 68% para
53% -que pode significar R$ 8
bilhões a mais na economia-
não quer dizer necessariamente
maior oferta imediata de crédito
pessoal ou para as indústrias.
Isso porque, além dessa queda
no montante que as instituições
financeiras têm que deixar depositado no Banco Central, não foi
determinado nenhum tipo de restrição ao destino desse dinheiro.
Ou seja, os bancos vão investir a
quantia liberada onde for mais lucrativo e menos arriscado. O problema é que as taxas de juros para
empréstimos estão elevadas, o
que aumenta o risco de calote.
"Se aplicações em câmbio ou títulos forem mais lucrativas e com
risco menor, esse é o caminho que
será seguido pelos bancos", diz
Vander Rosifini Júnior, da consultoria ABM Consulting.
Além disso, alguns analistas
acreditam que a demanda por financiamentos é pequena.
"Com as condições atuais da
economia, como renda comprimida e desemprego elevado, será
que alguém vai querer buscar financiamento?", questiona Fábio
Silveira, da MB Associados.
Ele acredita que a redução do
compulsório será sentida na medida em que a economia se mostrar mais previsível. "A previsibilidade está meio embaçada neste
momento. O trabalhador não vê
com bons olhos o que vem ocorrendo no setor automobilístico,
com a redução do emprego."
A redução do compulsório, diz,
é uma medida positiva, mas não é
suficiente para permitir um aumento do consumo. "É fundamental que o consumidor se sinta
confiante para não achar que vai
perder o emprego. Se o vizinho
dele é demitido, ele fica reticente
em buscar crédito", diz.
Sobra
O próprio Banco Central admite
que o efeito da diminuição no
compulsório sobre a economia
deve ser reduzido.
Segundo técnicos da instituição,
a sobra de dinheiro no mercado
chega a cerca de R$ 30 bilhões
-mais do que o triplo dos recursos que devem ser liberados com
a queda do compulsório.
Esse dinheiro é recolhido pelo
BC, por meio da venda de títulos
públicos de curto prazo. Dessa
maneira, em vez de os bancos emprestarem dinheiro para o setor
privado, na prática, acaba emprestando para o governo.
Isso se explica, em parte, pela
segurança que o investimento em
títulos públicos oferece, já que as
chances de o governo dar um calote em sua dívida são menores do
que as de uma pessoa ou empresa
ficar inadimplente com o banco.
Se o efeito sobre o crédito não
deve ser instantâneo, a redução
do compulsório seria um sinal de
que o BC deve continuar no caminho da redução da taxa de juros
básica, a Selic, na tentativa de reaquecer a economia.
"O BC, historicamente, não faz
movimentos descontínuos. Acredito que podemos esperar queda
nos juros", analisa Alexandre
Schwartsman, consultor do Unibanco Asset Management.
Além da queda do compulsório
e a última redução da Selic, a redução do IPI dos automóveis é
outro sinal de que o governo está
tomando medidas na tentativa de
conseguir "o espetáculo do crescimento" ainda neste ano.
(MAELI PRADO, FÁTIMA FERNANDES)
Com a Sucursal de Brasília
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