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São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2003

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BC permitirá que os bancos descontem parcelas de empréstimos de seus clientes diretamente da folha de pagamento

Outra medida para baixar juro sai em 10 dias

ANDRÉ SOLIANI
SANDRA MANFRINI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo deve anunciar em dez dias mais uma medida para tentar reduzir os juros cobrados por bancos comerciais, segundo o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. A idéia é permitir que as parcelas dos empréstimos sejam cobradas diretamente da folha de pagamento dos trabalhadores.
"Essa medida permitirá uma redução de "spread" [diferença entre a taxa de captação dos bancos e os juros cobrados dos clientes] importante, pois permite uma garantia muito grande", afirmou Palocci, ao anunciar ontem a medida, que foi apresentada ao governo pela CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Ao permitir descontar as parcelas dos empréstimos da folha de pagamento, o risco de inadimplência é reduzido, o que possibilita a queda nas taxas de juros. Parte dos juros é exatamente o risco que o banco corre de não receber o pagamento do empréstimo.
Palocci afirmou que a redução do compulsório sobre os depósitos à vista (dinheiro na conta corrente), anunciada pelo Banco Central, também terá um efeito importante nas taxas de juros cobradas no mercado pelas instituições financeiras.
"[A decisão] vai produzir efeitos imediatos em relação aos "spreads" bancários", afirmou o ministro. Segundo ele, a medida mostra a confiança do BC no cumprimento das metas de inflação. A meta de inflação anual para o próximo ano é de 5,5%, com margem de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos.
O secretário do Tesouro, Joaquim Levy, disse que a redução do compulsório é para antecipar um esperado aumento na demanda por crédito mais barato, que acontecerá conforme haja aumento da atividade econômica. Atualmente, os bancos estão com sobra de dinheiro, que, em vez de ser usado para fazer empréstimos, acaba no caixa do BC.

Sem pacotes
Palocci disse que o governo tem uma agenda, com uma série de medidas, para estimular a atividade econômica. Ele, no entanto, afirmou que não se trata de um "pacote econômico". "Não é adequado trabalhar por meio de pacotes. Trabalhamos com pautas."
Entre as medidas para estimular a economia estão a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros, anunciada nesta semana, a queda dos juros no mês passado, o pacote para estimular o microcrédito para a população de baixa de renda e as mudanças, em análise no Congresso, na Lei de Falências.


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