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PRESSÃO
BNDES quer mudar norma do FMI que registra investimento como despesa
Falta Palocci falar sobre regra, diz Lessa
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, disse que só falta o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci Filho,
se pronunciar sobre a reivindicação de que o FMI (Fundo Monetário Internacional) modifique a
regra que contabiliza como despesas gastos com investimentos.
"O ministro da Fazenda está calado por enquanto. Mas, na hora
que ele falar, se consagra ou não
[o pleito de mudança na regra],
pela importância que a Fazenda
tem para uma questão desse tipo", disse Lessa, ao encerrar seminário do BNDES e da CAF (Corporação Andina de Fomento).
Segundo Lessa, os investimentos dos países sul-americanos são
discriminados pelo FMI, que impõe condições muito mais duras
do que as vigentes, por exemplo,
na Europa. Nos países europeus,
o cálculo do déficit público relacionado com um investimento inclui apenas a parcela a ser amortizada naquele ano (principal e juros), e não o valor total do projeto.
"Algumas pessoas do governo
já têm falado alguma coisa nesse
sentido [de flexibilizar as regras].
O ministro da Indústria e Comércio [Luiz Fernando Furlan] falou
da mesma coisa que eu falei. O
ministro José Dirceu [Casa Civil]
também já falou", disse ele, acrescentando que só falta o ministro
Palocci se pronunciar.
Na visão dele, a posição do fundo trava o desenvolvimento regional: "Se ficarmos intimidados,
vamos ficar cada vez mais numa
posição secundária e marginal. As
restrições serão cada vez mais inibidoras [do crescimento]".
Na quarta-feira, primeiro dia do
seminário, o presidente da CAF,
Enrique García, afirmou que os
países da América do Sul estão
traçando uma estratégia conjunta
para irem ao FMI pedir que seja
modificada a regra.
No seminário, foram apresentados 22 projetos de infra-estrutura,
a serem financiados pelas duas
instituições. Segundo Lessa, os
desembolsos do BNDES deverão
chegar a pouco mais US$ 3 bilhões -entre US$ 700 milhões e
US$ 800 milhões ao ano.
Ao falar das restrições ao crescimento, Lessa criticou ainda o papel dos banco centrais, incluindo
o brasileiro, que não querem ampliar o limite das garantias dadas
às exportações. Para Lessa, os BCs
colocam limites muito restritos ao
chamado CCR (Convênio de Crédito Recíproco) -instrumento
pelo qual assumem os riscos de
inadimplência de exportadores.
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