UOL


São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRESSÃO

BNDES quer mudar norma do FMI que registra investimento como despesa

Falta Palocci falar sobre regra, diz Lessa

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, disse que só falta o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, se pronunciar sobre a reivindicação de que o FMI (Fundo Monetário Internacional) modifique a regra que contabiliza como despesas gastos com investimentos.
"O ministro da Fazenda está calado por enquanto. Mas, na hora que ele falar, se consagra ou não [o pleito de mudança na regra], pela importância que a Fazenda tem para uma questão desse tipo", disse Lessa, ao encerrar seminário do BNDES e da CAF (Corporação Andina de Fomento).
Segundo Lessa, os investimentos dos países sul-americanos são discriminados pelo FMI, que impõe condições muito mais duras do que as vigentes, por exemplo, na Europa. Nos países europeus, o cálculo do déficit público relacionado com um investimento inclui apenas a parcela a ser amortizada naquele ano (principal e juros), e não o valor total do projeto.
"Algumas pessoas do governo já têm falado alguma coisa nesse sentido [de flexibilizar as regras]. O ministro da Indústria e Comércio [Luiz Fernando Furlan] falou da mesma coisa que eu falei. O ministro José Dirceu [Casa Civil] também já falou", disse ele, acrescentando que só falta o ministro Palocci se pronunciar.
Na visão dele, a posição do fundo trava o desenvolvimento regional: "Se ficarmos intimidados, vamos ficar cada vez mais numa posição secundária e marginal. As restrições serão cada vez mais inibidoras [do crescimento]".
Na quarta-feira, primeiro dia do seminário, o presidente da CAF, Enrique García, afirmou que os países da América do Sul estão traçando uma estratégia conjunta para irem ao FMI pedir que seja modificada a regra.
No seminário, foram apresentados 22 projetos de infra-estrutura, a serem financiados pelas duas instituições. Segundo Lessa, os desembolsos do BNDES deverão chegar a pouco mais US$ 3 bilhões -entre US$ 700 milhões e US$ 800 milhões ao ano.
Ao falar das restrições ao crescimento, Lessa criticou ainda o papel dos banco centrais, incluindo o brasileiro, que não querem ampliar o limite das garantias dadas às exportações. Para Lessa, os BCs colocam limites muito restritos ao chamado CCR (Convênio de Crédito Recíproco) -instrumento pelo qual assumem os riscos de inadimplência de exportadores.


Texto Anterior: Luís Nassif: Inflação e câmbio
Próximo Texto: Panorâmica - Produtividade: "Grupo do crescimento" terá 1ª reunião
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.