|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LETRA CAPITAL
Autores apontam instituições financeiras como responsáveis pelas crises econômicas na Argentina
Livros culpam bancos por fracassos
DE BUENOS AIRES
Nos últimos anos, os argentinos parecem exorcizar os males
do passado pela literatura. Desde o colapso econômico de 2001,
uma série de lançamentos vêm
dissecando os fracassos econômicos do país. Em quase todos
os livros os bancos são apontados como principais protagonistas das crises e saqueadores das
riquezas -ou pelos menos como importantes atores.
O jornalista Adrián Murano
conta em "Banqueiros, os Donos do Poder", o mais recente
lançamento, uma série de negociatas que permitiram que, pouco antes do "corralito" (o sistema que congelou os depósitos
bancários em 2002), os bancos
autorizassem 144 cancelamentos
de depósitos fixos no valor de
US$ 83,6 milhões.
Resultado de 50 entrevistas e
dois anos de pesquisas em material das comissões parlamentares, Murano detalha como, por
mais de um século, os bancos
desenvolveram um mecanismo
padrão na Argentina que consistiria em emaranhar-se no poder
e no sistema produtivo, influenciar a elaboração das leis, sugar
os recursos, muitas vezes por
meio de corrupção, e sair ilesos,
protegidos pelas leis que ajudaram a criar.
O livro de Murano vai da influência do magnata do início do
século passado Ernesto Tornquist na negociação da dívida
com os credores britânicos do
Baring Brothers -o primeiro
"default" da Argentina- à participação do Banco Geral de Negócios, do Banco Galícia, do
BankBoston e do Citibank na
longa história de endividamento
do país e na onda de privatizações dos anos 90, quando, segundo o autor, todos foram investigados por corrupção.
"Citibank versus Argentina,
História de um País em Bancarrota", escrito pelo jornalista
Marcelo Zlotogwiazda e pelo
contador público Luis Balaguer,
lançado no ano passado, dedica
460 páginas a relatar como a presença do principal banco norte-americano na Argentina se confunde com a história do país.
"A primeira sucursal do Citibank aberta fora dos EUA foi a
de Buenos Aires, em 1914, o que
mostra o que era a Argentina para o imperialismo emergente
norte-americano naquele momento", diz Zlotogwiazda.
Segundo os autores, "o livro
ajuda a entender como a Argentina passou de uma das nações
mais poderosas e promissoras
do mundo, quando aqui desembarcou o Citibank, ao país quebrado, com miséria e sem futuro
certo que é atualmente".
(CLÁUDIA DIANNI)
Texto Anterior: Vizinho em crise: Argentina suspende revisões com o FMI Próximo Texto: Panorâmica - Consumo: Shopping centers estimam aumento de 5% nas vendas do Dia dos Pais Índice
|