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EXUBERÂNCIA NACIONAL
Banco supera Itaú e registra maior resultado semestral do setor; carteira de crédito teve expansão de 20%
Lucro do Bradesco dobra e atinge R$ 2,62 bi
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com um lucro líquido de R$
2,621 bilhões, o Bradesco lidera a
safra de balanços do primeiro semestre do ano. "O resultado é recorde no sistema financeiro brasileiro para um período de seis meses", destacou o presidente do
banco, Márcio Cypriano, ao
anunciar ontem os resultados da
instituição. O lucro do banco deu
um salto de 109,7% em relação ao
primeiro semestre do ano passado e superou o do rival Itaú, divulgado na semana passada, que ficou em R$ 2,475 bilhões.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio também teve forte crescimento -de 19,4%
no primeiro semestre de 2004 para 34,9% neste ano. Para Cypriano, a rentabilidade do Bradesco
está em linha com a de outras empresas, como a Ipiranga (34,2%) e
a Souza Cruz (33,6%).
Cypriano diz que não houve um
fator pontual impulsionando o
resultado do Bradesco. A origem
do lucro está assim distribuída,
segundo o banco: 34% vieram da
área de crédito; 30%, de seguros;
25%, de tarifas de serviços e 11%,
de títulos e valores mobiliários.
Um dos destaques do balanço
foi o crescimento de 20,2% da carteira de crédito, que totaliza R$
78,3 bilhões. "O crescimento da
economia e a recuperação da renda e do emprego fizeram aumentar nossa carteira de crédito, e estamos revendo nossa projeção de
crescimento dessas operações
neste ano", diz Cypriano.
A estimativa do banco é de uma
expansão entre 20% e 25% da carteira. A projeção anterior era de
aumento de 20% a 22%.
Origem do lucro
Não foi, entretanto, a expansão
do crédito que puxou o lucro do
Bradesco, mas uma combinação
de fatores, segundo analistas.
"Houve um aumento muito grande dos ganhos com instrumentos
derivativos", observa Carlos Coradi, presidente da EFC, Engenheiros Financeiros & Consultores. O resultado dessas operações
cresceram 1.237%, totalizando R$
1,696 bilhão. Trata-se de operações nos mercados futuros de
câmbio e de juros.
Segundo Coradi, também ajudou a alavancar o lucro líquido o
crescimento de 33% nos resultados com seguros, previdência e
capitalização, que totalizaram R$
3,2 bilhões. A expansão de 27%
nas receitas com tarifas foi o terceiro fator propulsor do resultado
do semestre. Essas receitas chegaram a R$ 3,4 bilhões no semestre.
Só em quarto lugar ele elenca o
aumento de R$ 429 milhões nas
receitas com operações de crédito
-mais 6%- como causa do
crescimento do lucro. Essas receitas saíram de R$ 6,7 bilhões no
primeiro semestre do ano passado para R$ 7,1 bilhões neste ano.
Ao mesmo tempo, o Bradesco
reduziu suas despesas com intermediação financeira. "Essa combinação de fatores resultou na
grande variação do resultado bruto da instituição, que saiu de R$
5,3 bilhões no primeiro semestre
de 2004 para R$ 7,1 bilhões neste
ano", acrescenta Coradi.
Eficiência
Para Gustavo Pedreira, analista
da ABM Risk, "houve aumento da
eficiência na intermediação financeira, com crescimento de receitas e redução de despesas". Enquanto as receitas da intermediação financeira aumentaram 5,2%
no período, as despesas caíram
14,8%. Os gastos com pessoal, por
exemplo, de R$ 2,4 bilhões, tiveram expansão de 2,3% -inferior
à inflação medida pelo IPCA, que
foi de 3,16% no período. Já as despesas administrativas ficaram estáveis em R$ 2,4 bilhões.
Com isso, a margem financeira
(receitas menos despesas da intermediação financeira, excluídas
as provisões) cresceu 30,3%, totalizando R$ 8,3 bilhões. "Esse é o
"spread" do banco", diz Pedreira.
Segundo o analista, o aumento da
margem financeira em quase R$ 2
bilhões em relação ao primeiro
semestre de 2004 revela o ganho
de eficiência do banco.
Bradesco x Itaú
O que diferencia os resultados
do Bradesco, maior banco privado do país, do seu concorrente
Itaú é o tamanho do salto dado
neste semestre pelo líder do setor.
Enquanto seu lucro líquido mais
do que dobrou, o do Itaú cresceu
35,6%. "O Bradesco comprou
muitos bancos desde 2002 e concluiu o processo de absorção dessas instituições. Agora começa a
usufruir dos ganhos desse crescimento", diz Pedreira, da ABM.
Já o Itaú deve o aumento do lucro a uma forte redução de despesas -de R$ 4,9 bilhões para R$ 1,1
bilhão- e ao aumento de 27,5%
nas receitas de tarifas.
Também a rentabilidade sobre
o patrimônio líquido cresceu
mais no caso do Bradesco do que
no do Itaú, de acordo com Coradi,
da EFC. Pelos seus cálculos, a rentabilidade anualizada do Itaú
atingiu 35,6% no primeiro semestre deste ano em comparação
com os 30,6% de igual período do
ano passado.
Já o Bradesco, por esse critério,
obteve rentabilidade de 32,3%,
em comparação com os 19,2% do
primeiro semestre de 2004, segundo cálculo da EFC. O Bradesco considera a rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio, o
que dá 34,9% no semestre.
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