São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2005

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EXUBERÂNCIA NACIONAL

Banco supera Itaú e registra maior resultado semestral do setor; carteira de crédito teve expansão de 20%

Lucro do Bradesco dobra e atinge R$ 2,62 bi

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com um lucro líquido de R$ 2,621 bilhões, o Bradesco lidera a safra de balanços do primeiro semestre do ano. "O resultado é recorde no sistema financeiro brasileiro para um período de seis meses", destacou o presidente do banco, Márcio Cypriano, ao anunciar ontem os resultados da instituição. O lucro do banco deu um salto de 109,7% em relação ao primeiro semestre do ano passado e superou o do rival Itaú, divulgado na semana passada, que ficou em R$ 2,475 bilhões.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio também teve forte crescimento -de 19,4% no primeiro semestre de 2004 para 34,9% neste ano. Para Cypriano, a rentabilidade do Bradesco está em linha com a de outras empresas, como a Ipiranga (34,2%) e a Souza Cruz (33,6%).
Cypriano diz que não houve um fator pontual impulsionando o resultado do Bradesco. A origem do lucro está assim distribuída, segundo o banco: 34% vieram da área de crédito; 30%, de seguros; 25%, de tarifas de serviços e 11%, de títulos e valores mobiliários.
Um dos destaques do balanço foi o crescimento de 20,2% da carteira de crédito, que totaliza R$ 78,3 bilhões. "O crescimento da economia e a recuperação da renda e do emprego fizeram aumentar nossa carteira de crédito, e estamos revendo nossa projeção de crescimento dessas operações neste ano", diz Cypriano.
A estimativa do banco é de uma expansão entre 20% e 25% da carteira. A projeção anterior era de aumento de 20% a 22%.

Origem do lucro
Não foi, entretanto, a expansão do crédito que puxou o lucro do Bradesco, mas uma combinação de fatores, segundo analistas. "Houve um aumento muito grande dos ganhos com instrumentos derivativos", observa Carlos Coradi, presidente da EFC, Engenheiros Financeiros & Consultores. O resultado dessas operações cresceram 1.237%, totalizando R$ 1,696 bilhão. Trata-se de operações nos mercados futuros de câmbio e de juros.
Segundo Coradi, também ajudou a alavancar o lucro líquido o crescimento de 33% nos resultados com seguros, previdência e capitalização, que totalizaram R$ 3,2 bilhões. A expansão de 27% nas receitas com tarifas foi o terceiro fator propulsor do resultado do semestre. Essas receitas chegaram a R$ 3,4 bilhões no semestre.
Só em quarto lugar ele elenca o aumento de R$ 429 milhões nas receitas com operações de crédito -mais 6%- como causa do crescimento do lucro. Essas receitas saíram de R$ 6,7 bilhões no primeiro semestre do ano passado para R$ 7,1 bilhões neste ano.
Ao mesmo tempo, o Bradesco reduziu suas despesas com intermediação financeira. "Essa combinação de fatores resultou na grande variação do resultado bruto da instituição, que saiu de R$ 5,3 bilhões no primeiro semestre de 2004 para R$ 7,1 bilhões neste ano", acrescenta Coradi.

Eficiência
Para Gustavo Pedreira, analista da ABM Risk, "houve aumento da eficiência na intermediação financeira, com crescimento de receitas e redução de despesas". Enquanto as receitas da intermediação financeira aumentaram 5,2% no período, as despesas caíram 14,8%. Os gastos com pessoal, por exemplo, de R$ 2,4 bilhões, tiveram expansão de 2,3% -inferior à inflação medida pelo IPCA, que foi de 3,16% no período. Já as despesas administrativas ficaram estáveis em R$ 2,4 bilhões.
Com isso, a margem financeira (receitas menos despesas da intermediação financeira, excluídas as provisões) cresceu 30,3%, totalizando R$ 8,3 bilhões. "Esse é o "spread" do banco", diz Pedreira. Segundo o analista, o aumento da margem financeira em quase R$ 2 bilhões em relação ao primeiro semestre de 2004 revela o ganho de eficiência do banco.

Bradesco x Itaú
O que diferencia os resultados do Bradesco, maior banco privado do país, do seu concorrente Itaú é o tamanho do salto dado neste semestre pelo líder do setor. Enquanto seu lucro líquido mais do que dobrou, o do Itaú cresceu 35,6%. "O Bradesco comprou muitos bancos desde 2002 e concluiu o processo de absorção dessas instituições. Agora começa a usufruir dos ganhos desse crescimento", diz Pedreira, da ABM.
Já o Itaú deve o aumento do lucro a uma forte redução de despesas -de R$ 4,9 bilhões para R$ 1,1 bilhão- e ao aumento de 27,5% nas receitas de tarifas.
Também a rentabilidade sobre o patrimônio líquido cresceu mais no caso do Bradesco do que no do Itaú, de acordo com Coradi, da EFC. Pelos seus cálculos, a rentabilidade anualizada do Itaú atingiu 35,6% no primeiro semestre deste ano em comparação com os 30,6% de igual período do ano passado.
Já o Bradesco, por esse critério, obteve rentabilidade de 32,3%, em comparação com os 19,2% do primeiro semestre de 2004, segundo cálculo da EFC. O Bradesco considera a rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio, o que dá 34,9% no semestre.


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