São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2005

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VAREJO

Receita sobe só 1,1% no 1º semestre, e empresa culpa queda na confiança; lucro aumenta 41,5% com ajuda de ganho financeiro

Consumo cai e afeta venda do Pão de Açúcar

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A população gastou menos no primeiro semestre, e o grupo Pão de Açúcar, a maior rede de comércio do país -tem duas vezes o faturamento da Casas Bahia-, fechou o período com uma discreta alta de 1,1% nas vendas reais (descontada a inflação). A elevação foi registrada nas mesmas lojas que a cadeia tinha no ano passado. Aberturas de pontos são desconsideradas a fim de não "maquiar" o número.
De janeiro a junho, as vendas líquidas somaram R$ 6,4 bilhões, uma alta de 9,4% ao se considerarem lojas novas e antigas, e o lucro líquido atingiu R$ 121,9 milhões no intervalo -expansão de 41,5% sobre 2004. Essa elevação substancial no lucro (bem superior à expansão nas vendas) tem relação com o desempenho de outros indicadores, como aumento na receita financeira, por exemplo.
Numa análise setorial, nota-se que o desempenho de itens não-alimentícios (eletrônicos, vestuário) continua segurando os resultados da rede de supermercados, que ampliou o acesso à crédito para a população comprar parcelado. Esse segmento teve alta de 16,5% nas vendas (mesmas lojas) no semestre, enquanto os alimentos registraram expansão de 3,3%. Percebe-se, no entanto, uma desaceleração na venda das duas categorias.
Para efeito de comparação, no primeiro trimestre, os itens não-alimentícios vinham com uma alta de 19,6% da demanda. Os alimentos haviam registrado elevação também maior, de 9,1%.
Isso aconteceu, destaca o grupo, num momento em que "os itens alimentícios de grandes volumes tais como arroz, soja, leite, carne, entre outros, apresentaram forte deflação de preço de venda no primeiro semestre de 2005", informa o balancete.
Outro dado relevante vem à tona no balanço: o grupo admite que há mais pessoas nas lojas, mas elas estão gastando menos. É um dos dados mais relevantes do balanço para uma análise de comportamento do consumidor. "Importante destacar que o número de clientes [mesmas lojas] apresentou crescimento de 1% no semestre. Por outro lado, diante da queda do nível de confiança dos consumidores, verificamos uma redução do tíquete médio em termos reais, em razão, principalmente, de um menor consumo de itens considerados supérfluos e de produtos não-alimentícios", relata a direção do grupo.
Para compreender a expansão no lucro da empresa, num cenário de demanda retraída, é preciso levar em conta que houve uma manutenção nas despesas operacionais da rede e queda nas despesas gerais e administrativas do grupo. Ao mesmo tempo, a receita que a empresa consegue ao aplicar o seu caixa no mercado financeiro deu fôlego aos números.
Também houve redução no período promocional para a venda a crédito de itens duráveis, admite a rede. Com isso, a empresa trabalhou menos tempo com taxas de juros baixas.
Com 553 lojas, a rede é a maior do setor varejista e atua com as lojas Extra, Pão de Açúcar, Sendas, CompreBem e ExtraEletro.


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