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LEÃO GULOSO
Objetivo do fisco é aumentar a arrecadação
Receita Federal quer recuperar na "MP do Bem" parte da "MP do Mal"
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A exemplo dos lobbies empresariais que se articulam para obter
os benefícios tributários da medida provisória batizada de "MP do
Bem", a Receita Federal também
aproveita a tramitação da medida
no Congresso para incluir no texto regras destinadas a elevar a arrecadação.
Segundo o relator da MP na Câmara, deputado Custódio Mattos
(PSDB-MG), a Receita pleiteia novos artigos com o objetivo de reduzir brechas para a sonegação e
elevar a eficiência do fisco.
Embora faça mistério sobre o
conteúdo das reivindicações,
Mattos adianta que entre elas estão temas contemplados pela medida provisória 232, rejeitada pelo
Congresso no primeiro semestre
após pressões de empresários e
entidades de classe.
Editada no último dia útil de
2004, a 232 corrigiu a tabela do
Imposto de Renda, mas, para
compensar o benefício aos contribuintes, elevou tributos para diferentes setores e trouxe outras medidas não anunciadas previamente para elevar a arrecadação.
Foi estigmatizada como uma espécie de "MP do Mal" -embora
o apelido não tenha sido empregado, não é por outro motivo que
a "MP do Bem", editada em junho, recebeu esse nome.
"Não quero antecipar quais são
os pedidos da Receita, porque se
trata de coisas complexas sobre as
quais ainda não tenho opinião
formada", disse Mattos ontem.
Questionado sobre por que a
Receita não adotou as propostas
no texto original da MP, o relator
-que, embora oposicionista,
tem negociado todas as alterações
no texto com o governo- explicou, sorrindo, que, segundo a Receita, são "temas que amadureceram" desde a edição da medida
provisória.
Ao menos um pedido da Receita já foi atendido pelo relator: seu
texto ampliará os poderes do Ministério da Fazenda para eliminar
possibilidades de sonegação de
tributos em operações de comércio exterior.
Mattos não soube detalhar a nova regra, mas disse que o ministro
será autorizado pela medida a intervir nos preços de transferência
que servem de base para transações das empresas multinacionais
com suas matrizes e filiais no exterior. "Assumo como minha a
mudança porque entendi que ela
será benéfica para o país."
Colcha de retalhos
Lançada em meio à crise política, a "MP do Bem" -que havia
sido concebida como um estímulo aos investimentos de empresas
exportadoras- acabou ampliada
para contemplar setores tão diversos como o imobiliário e a previdência privada. A nova versão
que o relator deve apresentar hoje
torna ainda mais extensa essa colcha de retalhos.
Também receberão vantagens
tributárias, entre outros, o leite
em pó, queijos de consumo mais
popular, companhias aéreas, geradoras de energia elétrica, embalagens de frutas para exportação,
jóias e taxistas.
No último caso, o benefício
coincide com um projeto lançado
recentemente pelo governo: a
prorrogação até 2009 do prazo
para isenção do IPI na compra
dos carros.
Apesar da entrada de tantas
"bondades", a nova versão da MP
não deve elevar muito a perda de
arrecadação embutida no texto
original, calculada em R$ 3,3 bilhões em 2006 pela Receita.
A inovação mais importante do
relator -a redução dos prazos
para o recebimento de créditos
tributários- deverá custar ao fisco R$ 600 milhões anuais.
O texto, que ainda incluirá prazos mais folgados para o recolhimento do FGTS e do Simples (tributação simplificada para as micro e pequenas empresas), ainda
precisa ser votado pela Câmara e
pelo Senado até 15 de outubro
-do contrário, a medida provisória perderá a validade.
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