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Governo estuda estímulo ao crédito habitacional sem TR
Medida, que está sendo elaborada com rapidez, permite que mutuários tenham prestação fixa no financiamento
Também está em discussão a permissão para a troca
de uma instituição financeira por outra que ofereça juros menores
SHEILA D"AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para estimular os bancos a
fechar contratos de financiamento habitacional com prestações fixas e sem o uso da TR
(Taxa Referencial) como indexador, o governo poderá autorizar que os empréstimos feitos
nessas condições sejam computados pelos bancos para
cumprir os limites de aplicação
impostos pelo Banco Central.
Hoje, 65% dos depósitos das
cadernetas de poupança devem
ser usados em empréstimos para a compra da casa própria.
Além disso, uma outra medida em discussão dentro da
equipe econômica prevê que o
mutuário que já tem um financiamento pelo SFH (Sistema
Financeiro de Habitação) num
determinado banco possa migrar para outra instituição financeira que ofereça juros
mais baixos.
Segundo a Folha apurou, a
dúvida dentro do governo é se a
legislação permite que o imóvel
-que fica vinculado a um contrato específico- pode ser usado no novo empréstimo até que
o antigo seja quitado.
Isso porque, na prática, a
operação funciona como se o
mutuário estivesse pegando
um financiamento numa outra
instituição financeira que lhe
oferece juros menores, dando
como garantia o imóvel, para
quitar a dívida antiga.
O objetivo da medida é aumentar a concorrência entre os
bancos e reduzir os custos dos
empréstimos sobretudo para a
classe média e pessoas de renda mais elevada. Ao garantir essa possibilidade ao mutuário,
ele terá maior poder de barganha. O banco que o atrair, por
sua vez, ganhará um cliente
que terá um compromisso de
longo prazo com a instituição.
Já no caso dos empréstimos
com prestações fixas, a idéia do
governo é aumentar esse mercado e reduzir o custo desse tipo de financiamento, que está
desvinculado da TR.
Hoje alguns bancos já fazem
esses empréstimos. O problema é que, além de custarem
mais caro, como não seguem as
regras do Sistema Financeiro
de Habitação, eles não podem
ser contabilizados nos limites
de aplicação fixados pelo BC.
Os 65% dos recursos da poupança são emprestados levando em consideração não só a
correção das prestações pela
TR (que é o mesmo indexador
que corrige a poupança) mais
juros de até 12% ao ano, como
também comprometimento de
renda e limite do valor financiado. Tudo especificado nas
normas do SFH.
Técnicos do governo defendem que parte desses 65% seja
preenchida por essa nova modalidade de empréstimo. Isso
aumentaria o interesse dos
bancos nesse financiamento.
Além disso, cogita-se a autorização para que as prestações
sejam descontadas diretamente na folha de pagamento, o que
pode diminuir o custo das operações de forma significativa.
Medida provisória
O tema, no entanto, ainda
não está totalmente resolvido.
Como as regras dos financiamentos estão estabelecidas em
lei, o governo precisaria editar
uma medida provisória para
tratar dessa questão. A proposta, que está sendo debatida há
algum tempo, foi apresentada
pela Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito
Imobiliário e Poupança).
O desfecho desse debate,
agora, é interessante para o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que está em campanha
para reeleição e tenta reverter a
baixa popularidade entre as
classes média e de maior poder
de compra.
A medida resolveria ainda
um temor dos mutuários: se
conseguirá pagar as prestações
quando elas começarem a ser
reajustadas. Com a prestação
fixa, isso é resolvido. De acordo
com os técnicos do governo, as
dúvidas ainda são muitas, mas
há pressa em avançar com o tema. Por isso, uma opção seria
lançar esse tipo de financiamento inicialmente para os
funcionários públicos.
Assim, seria possível testar o
interesse dos bancos, o valor
que será cobrado dos clientes e,
também, a disposição da população em se endividar com esse
novo instrumento.
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