São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006
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SALVADOR ARRIOLA México-Mercosul: fatos e oportunidades
O MINISTRO das Relações Exteriores do México, Luis Ernesto Derbez, não veio recentemente ao Brasil para "advogar
a admissão do México ao Mercosul",
como comentou o professor Luiz
Carlos Bresser-Pereira, no seu artigo do dia 19 de junho nesta Folha.
Cabe lembrar que, no dia 5 de julho
de 2002, mediante o Acordo Nš 54
de Complementação Econômica
da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração), os países-membros do Mercosul e o México
estabeleceram compromissos de
alcançar, por meio de negociações
periódicas, uma zona de livre comércio, com a qual o México poderia obter a posição de membro associado do bloco.
Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em 2005 o Brasil registrou um superávit comercial US$ 3,2 bilhões com o México, quinto maior saldo entre seus parceiros comerciais. Nos últimos cinco anos, o comércio bilateral Brasil-México duplicou e alcançou quase US$ 5 bilhões. O Brasil se converteu no principal destino das exportações mexicanas na América Latina. O México, por sua vez, tornou-se o quarto principal destino das exportações brasileiras, as quais passaram de US$ 1,7 bilhão em 2001 a US$ 4,1 bilhões em 2005. Os investimentos brasileiros no México aumentaram 850% no prazo de cinco anos, e os investimentos mexicanos no Brasil superam hoje US$ 8 bilhões, constituindo-se no maior investimento no Brasil com origem em um país em desenvolvimento e ocupando o lugar na classificação dos principais países investidores. Diante da incerteza da Rodada Doha e dos efeitos dela no avanço das negociações bilaterais do Mercosul, a ampliação do Acordo Nš 53 de Complementação Econômica Brasil-México apresenta-se como uma alternativa interessante. Por meio dos acordos comerciais de livre comércio que o México estabeleceu com 43 países, 95% de seu acesso ao mercado internacional é livre de tarifas alfandegárias. Exatamente 90% do comércio exterior brasileiro se concentra nesses 43 países. Além disso, entre os países do Mercosul, o Uruguai já tem um tratado de livre comércio com o México, e a Argentina concluiu, em 9 de junho, negociações que lhe dão preferências relevantes para aproximadamente 50% dos produtos que exportam para o México. Com relação ao Paraguai, os diferentes mecanismos comerciais que já existem no âmbito da Aladi permitem ao México outorgar a esse país preferências tarifárias substantivas que abarcam mais de 70% de seu universo tarifário. Outras medidas são prova do interesse no aprofundamento e da ampliação da relação bilateral Brasil-México. Em janeiro de 2007, entrará em vigor o convênio para evitar a bitributação entre os dois países e também estará funcionando o acordo entre a Bovespa e a Bolsa de Valores do México para ampliar a perspectiva de negócios entre investidores brasileiros e mexicanos. O fato de o México ser membro do Nafta (Tratado de Livre Comercio da América do Norte) e a sua proximidade geográfica com os Estados Unidos não têm impedido que seja hoje o país latino-americano que mais compra da América Latina; o país em desenvolvimento e latino-americano que mais investe no Brasil e o latino-americano que mais investe na América Latina, mais de US$ 23 bilhões; o que tem o maior número de acordos de livre comercio com países da região latino-americana e com o qual o Brasil tem seu quinto maior superávit comercial. Neste momento, o México é o sócio econômico mais importante da comunidade latino-americana. Além disso, é referência cultural e social da região. A semelhança dos desafios do México e do Brasil, como alcançar crescimento sustentado, desenvolvimento e maior igualdade social, e seu papel na América Latina deveriam levar brasileiros e mexicanos a estabelecer uma ampla agenda comum, que contribuísse para a solução de tais problemas e apontasse, por essa via, o reencontro da integração regional. SALVADOR ARRIOLA , economista e diplomata, é cônsul-geral do México em São Paulo. Texto Anterior: Furlan espera atrair produção da Intel ao país Próximo Texto: Governo estuda estímulo ao crédito habitacional sem TR Índice |
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