São Paulo, segunda-feira, 09 de setembro de 2002

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Fundos cambiais apanham do dólar

DA REPORTAGEM LOCAL

Com a instabilidade no mercado financeiro, a rentabilidade média dos fundos cambiais continua descolada da variação cambial.
De acordo com dados do site Fortuna, neste mês, até o dia 4, o dólar voltou a despontar, com valorização de 3,65%, enquanto os fundos renderam 1,88%.
Em agosto ocorreu o oposto. Os fundos se saíram melhores. Apresentaram queda de 1,42%, contra a queda de 11,85% do dólar. Já em julho, enquanto o dólar subiu 20,54%, os fundos cambiais renderam, em média, 7,77%.
Há vários perfis de fundos cambiais, mas a maioria costuma aplicar em papéis do governo em reais indexados ao dólar ou fazer operações no mercado futuro de câmbio. Esses títulos e operações embutem, além da variação cambial, uma taxa de juros conhecida no mercado por cupom cambial.
Vários fatores, como a falta de dólares no mercado à vista, o medo provocado pelas eleições, o aumento do risco Brasil e a indefinição da economia americana estão fazendo com que o cupom cambial oscile bruscamente.
"As mesmas questões que estão afetando o mercado de juros, a cotação do câmbio, as Bolsas e os títulos externos também estão atingindo o cupom cambial", explica Eduardo Castro, gestor de renda fixa da ABN Amro Asset Management.
Essa oscilação ora valoriza os títulos das carteiras dos fundos cambiais, ora desvaloriza, refletindo na rentabilidade da categoria, já que ela também é obrigada a fazer marcação a mercado, isto é, contabilizar seus papéis pelo valor no mercado secundário e não pelo preço de compra.
Em julho, por exemplo, os fundos renderam, em média, bem menos do que o câmbio porque, no final daquele mês, o estresse chegou ao pico do ano. O cupom cambial para operações de 30 dias chegou a 100% ao ano, desvalorizando os títulos cambiais que prometiam juros menores.
Em agosto, a instabilidade cedeu, fazendo com que o cupom diminuísse, os títulos se valorizassem e, consequentemente, os fundos tivessem desempenho melhor do que o dólar.
Na sexta-feira, o cupom cambial, conforme o prazo, variava de 21% a 30% ao ano. Esses valores são menores do que os praticados em julho, mas continuam distantes dos registrados no começo do ano, entre 4% e 8% ao ano.
A expectativa dos analistas é que, enquanto a estabilidade não voltar, o cupom cambial e o dólar continuarão bastante voláteis.
Para quem investe em fundo cambial e quer maior aderência ao dólar, Castro recomenda procurar os fundos que investem em títulos cambias de curto prazo, pois são os que costumam ter menos oscilação de preço.
Para quem acha que, em 2003, o cenário será de calmaria, a ocasião também pode ser propícia para investir nesse tipo de aplicação, já que hoje está carregando papéis que asseguram, em média, a variação cambial mais um juros de 25% ao ano. (ISABEL CAMPOS)


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