São Paulo, segunda-feira, 09 de setembro de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Temor de novos ataques aos EUA, guerra no Iraque e índices econômicos atraem a atenção do investidor

Semana tem vários focos de turbulências

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O temor de novos atentados terroristas nos Estados Unidos na semana em que os ataques de 11 de setembro completam um ano, a possibilidade de guerra no Iraque e a piora de índices econômicos norte-americanos atraem as atenções de investidores para aquele país.
Para alguns analistas, porém, o foco principal continua em terreno doméstico, com a rolagem da dívida cambial, que vence na quarta-feira, e as eleições. O mercado espera conhecer amanhã os resultados das pesquisas do Datafolha, do Ibope e do Vox Populi.
Executivos de bancos e de corretoras temem que o embate entre os candidatos Ciro Gomes (PPS) e José Serra (PSDB) favoreça Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e inviabilize a ida do tucano para o segundo turno.
Serra é o candidato do mercado por representar a continuidade da atual política econômica.
Nos Estados Unidos, o risco, segundo analistas, é as Bolsas caírem ainda mais. Dow Jones já devolveu quase a metade do que havia recuperado até 22 de agosto.
"Como todo mundo investe em ações, se elas se desvalorizam muito, as pessoas podem reduzir o consumo, o que provoca nova queda dos papéis, como uma bola de neve", diz Júlio Ziegelman, do BankBoston.
Vários indicadores americanos importantes saem nesta semana. Amanhã será divulgado o Redbook (Livro Vermelho), que mede as vendas no varejo.
Na quarta-feira sai o Beige Book (Livro Bege), uma compilação econômica dos 12 distritos regionais do Fed (Federal Reserve, o banco central americano). Esse relatório é usado nas reuniões do Fomc (o comitê de política monetária do Fed) em que é decidida a taxa básica de juros.
Como o Beige Book é conhecido duas semanas antes dessas reuniões, o mercado especula sobre a possibilidade de mudanças na taxa de juros e ajusta suas carteiras de acordo com essa expectativa.
Se o Beige Book apontar para o aquecimento da economia ou para pressões inflacionárias, o Fed poderá ficar mais inclinado a aumentar a taxa de juros. Caso o relatório indique condições recessivas, o Fed poderá sentir necessidade de reduzir a taxa para estimular a economia. A próxima reunião do Fomc está marcada para o dia 24 deste mês.
Na sexta-feira será a vez do Retail Sales (indicador de vendas, considerado mais consistente que o Redbook), da prévia do Consumer Sentiment (que mede a confiança do consumidor) e do PPI (índice de preços ao produtor).
O PPI calcula a média de preços pagos aos produtores. Pelo acompanhamento da pressão sobre os preços no setor produtivo, o mercado procura antecipar qual será o desempenho de diferentes tipos de investimentos.
Na semana passada, dados de que em agosto a produção industrial americana permaneceu estagnada e que o setor de serviços praticamente não cresceu derrubaram as Bolsas.
Analistas divergem sobre os efeitos que uma eventual guerra teria sobre as Bolsas. Em oportunidades semelhantes, as Bolsas americanas já subiram e já caíram. Desta vez, os ataques, previsíveis, podem já estar nos preços.

Petrobras
Alguns analistas estranharam a expressiva alta das ações da Petrobras (11,05%) na semana passada, diante das incertezas sobre o futuro da estatal no novo governo.
Para Luiz Antônio Vaz das Neves, da Planner, porém, apesar do receio de investidores locais, "com a alta do petróleo, gestores internacionais buscam barganhas no setor, como é o caso de Petrobras."


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