São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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Com mercado propenso a mais risco, medida evita "quebradeira"

DA REPORTAGEM LOCAL

Para alguns analistas, a medida anunciada anteontem pelo Banco Central visa, principalmente, evitar risco sistêmico no médio e longo prazos. Segundo Natan Blanche, sócio da consultoria Tendências, o objetivo da autoridade monetária foi obrigar os bancos a desarmar posições no mercado futuro de câmbio e evitar operações de alavancagem nesse mercado. Alavancagem é fazer operações aplicando mais do que o capital próprio.
Segundo ele, como o cupom cambial -a projeção do valor da taxa de juros em dólar, no mercado futuro- está alto, superando o patamar em que está sendo rolada a dívida em títulos cambiais que vence no próximo dia 17, os investidores podem ficar tentados a tomar risco.
"Como o mercado está pouco alavancado e há prêmios altos no mercado futuro, com contratos de cupom cambial pagando 50% ao ano, instituições menores e mais agressivas poderiam sentir-se tentadas a alavancar posições para obter ganhos", diz Blanche. Isso, em um quadro de instabilidade e mudança poderia expor essas instituições a fraturas.
No mercado à vista de câmbio, segundo Blanche, não estaria ocorrendo alavancagem, pois há pouca liquidez. O volume negociado no mercado à vista caiu de US$ 1,8 bilhão, antes da crise, para US$ 400 milhões. De acordo com as normas do BC, os bancos podem ficar comprados em até US$ 5 bilhões no mercado à vista e estariam abaixo disso.
Na opinião de Blanche, o BC adotou medidas para conter a exposição dos bancos em câmbio só agora, pois está se preparando para "chuvas futuras". "É importante evitar alavancagem em situações em que podem ocorrer movimentos de ruptura, como numa eleição, pois poderia haver quebra de bancos mais expostos." (SB)


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