São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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Para Soros, chance de renegociação da dívida do país é superior a 50%

DA REDAÇÃO

O megainvestidor George Soros, 72, voltou a afirmar que o Brasil dificilmente deixará de passar por uma reestruturação de sua dívida, seja quem for o presidente eleito. De acordo com Soros, o país não aguentará, por muito tempo, continuar pagando juros tão elevados para captar recursos no exterior, e tais taxas não deverão recuar tão cedo.
"A chance de o Brasil ser obrigado a reorganizar seu débito é superior a 50%", disse o megainvestidor ontem em uma palestra na London School of Economics, da Universidade de Londres. "Se um país como o Brasil, que implementou políticas sólidas, não pude se sustentar, então há o risco real de um colapso do sistema financeiro global."
As idéias defendidas pelo investidor ontem são semelhantes às expostas em um debate, no final do mês passado, no IIE (Institute for International Economics), em Washington. Naquela ocasião, Soros afirmou que os investidores internacionais provavelmente não dariam uma chance ao país.
Para Soros -que tem origem húngara, mas é naturalizado norte-americano-, a instabilidade brasileira demonstra o fracasso do FMI (Fundo Monetário Internacional), "um sistema que deve ser reformado".
"Se o sistema não tem como apoiar um país que foi um de seus melhores alunos, isso demonstra que a globalização não funciona", afirmou Soros. Para o investidor, um eventual colapso brasileiro seria um duro golpe para a economia mundial.
O megainvestidor também criticou a animosidade dos investidores ante a possibilidade de um governo do PT. "Por que os mercados sempre têm medo de quem não é de sua linha?" Em junho, Soros já tinha dito que os investidores internacionais "imporiam" a vitória de José Serra (PSDB).


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