São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONJUNTURA

Mesmo com a disparada do dólar, setor cresceu 0,3% em agosto; para economistas, resultado é favorável

Apesar da crise, produção industrial não cai

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar da turbulência no mercado financeiro, a indústria conseguiu manter o ritmo de produção praticamente estável. Segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o setor cresceu apenas 0,3% de julho para agosto na comparação com ajuste sazonal -sem influências típicas de cada período.
Para o IBGE, o fato de a produção industrial não ter caído, mesmo com a disparada do dólar, é favorável. "Não houve queda, ainda que pese toda a instabilidade financeira, o que é positivo", disse o chefe do Departamento de Indústria do IBGE, Sílvio Sales.
Essa quase estabilidade, diz o IBGE, também foi notada em junho e julho, quando a produção da indústria registrara aumento de 0,9% e 0,1%, respectivamente.
"Nos últimos três meses, o cenário financeiro foi desfavorável e a demanda interna puxou [a indústria] para baixo. Ainda assim, eu diria que foi um aspecto positivo a indústria sustentar seu patamar de produção", afirmou.
A opinião de Sales é compartilhada por economistas ouvidos pela Folha. "Foi um resultado muito positivo, pois o país já estava vivendo, em agosto, toda essa turbulência, com o câmbio se depreciando e dúvidas em relação ao cenário político. Tudo isso, porém, não se traduziu numa queda [da produção]", disse o economista Juan Pedro Jensen, da Tendências Consultoria.
"Apesar de toda a incerteza e da crise cambial, houve um pequeno aumento da produção, que, acredito, vai continuar nos próximos meses", afirmou o economista Hamilton Kay, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do governo federal.
Na comparação com agosto de 2001, apesar da base de comparação fraca (por causa do racionamento), a indústria cresceu 0,9%.
Segundo Sales, o que sustentou o nível de produção foram as exportações, que beneficiaram setores como abates de aves (4,8% em agosto na comparação com o mesmo período do ano passado), óleos vegetais (10,1%), siderurgia (12,3%) e celulose (16,4%).
Também tiveram bom desempenho ramos ligados ao agronegócio: cresceu a produção de fertilizantes, cuja alta foi de 17,2% de janeiro a agosto, e máquinas para a agricultura, 15,9%.
Para Sales, a indústria pode iniciar um processo de recuperação em setembro. É que o setor estava superestocado desde abril, quando atingiu o pico de produção. Agora, diz ele, está com um nível pequeno de estoques.


Texto Anterior: Alca: Novo governo vai ter flexibilidade para negociar
Próximo Texto: Dólar dá início a substituição de importações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.