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CONJUNTURA
Mesmo com a disparada do dólar, setor cresceu 0,3% em agosto; para economistas, resultado é favorável
Apesar da crise, produção industrial não cai
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar da turbulência no mercado financeiro, a indústria conseguiu manter o ritmo de produção praticamente estável. Segundo pesquisa do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), o setor cresceu apenas 0,3%
de julho para agosto na comparação com ajuste sazonal -sem influências típicas de cada período.
Para o IBGE, o fato de a produção industrial não ter caído, mesmo com a disparada do dólar, é
favorável. "Não houve queda, ainda que pese toda a instabilidade
financeira, o que é positivo", disse
o chefe do Departamento de Indústria do IBGE, Sílvio Sales.
Essa quase estabilidade, diz o
IBGE, também foi notada em junho e julho, quando a produção
da indústria registrara aumento
de 0,9% e 0,1%, respectivamente.
"Nos últimos três meses, o cenário financeiro foi desfavorável e
a demanda interna puxou [a indústria] para baixo. Ainda assim,
eu diria que foi um aspecto positivo a indústria sustentar seu patamar de produção", afirmou.
A opinião de Sales é compartilhada por economistas ouvidos
pela Folha. "Foi um resultado
muito positivo, pois o país já estava vivendo, em agosto, toda essa
turbulência, com o câmbio se depreciando e dúvidas em relação
ao cenário político. Tudo isso, porém, não se traduziu numa queda
[da produção]", disse o economista Juan Pedro Jensen, da Tendências Consultoria.
"Apesar de toda a incerteza e da
crise cambial, houve um pequeno
aumento da produção, que, acredito, vai continuar nos próximos
meses", afirmou o economista
Hamilton Kay, do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do governo federal.
Na comparação com agosto de
2001, apesar da base de comparação fraca (por causa do racionamento), a indústria cresceu 0,9%.
Segundo Sales, o que sustentou
o nível de produção foram as exportações, que beneficiaram setores como abates de aves (4,8% em
agosto na comparação com o
mesmo período do ano passado),
óleos vegetais (10,1%), siderurgia
(12,3%) e celulose (16,4%).
Também tiveram bom desempenho ramos ligados ao agronegócio: cresceu a produção de fertilizantes, cuja alta foi de 17,2% de
janeiro a agosto, e máquinas para
a agricultura, 15,9%.
Para Sales, a indústria pode iniciar um processo de recuperação
em setembro. É que o setor estava
superestocado desde abril, quando atingiu o pico de produção.
Agora, diz ele, está com um nível
pequeno de estoques.
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