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LUÍS NASSIF
O papel das centrais
Paulinho , da Força Sindical, entra em contato para
explicar o acordo com o Santander para financiamento com
desconto em folha. Diz que o
acordo foi exclusivamente com
os metalúrgicos da Força. Outros
sindicatos da Força negociaram
acordos semelhantes com outros
bancos. Sustenta que, dado o
grau de desinformação da
"peãozada", tanto a Força
quanto a CUT entenderam a necessidade de mediar as negociações para evitar prejuízos aos associados.
Vamos por partes. Nos últimos
anos, os "spreads" bancários foram extremamente elevados
porque não havia competição
entre os bancos para a concessão
de crédito. Principalmente no financiamento de pessoas físicas,
havia pouquíssimo interesse em
razão da queda de renda e da dificuldade de gerenciar a inadimplência. Agora, com essa bela sacada do desconto em folha, o financiamento à pessoa física será
o primeiro passo para o restabelecimento da competição bancária, dependendo da maneira como for implementado.
A idéia de cada categoria fechar acordo com um banco na
prática mata a competição, que
ficará restrita aos níveis das taxas de juros do primeiro acordo
fechado. Cada banco delimita
seu território e ninguém irá se
habilitar a invadir o território
vizinho por duas razões: se apresentar taxa menor para conquistar o cliente do outro banco, terá
que reduzir as taxas para seus
próprios clientes; e ficará a ver
navios porque o banco titular terá o direito de cobrir a sua proposta.
Em um mercado volátil como é
o da taxa de juros, não pode haver nenhuma barreira de entrada para novos competidores. Por
outro lado, há que haver plena
informação aos associados. O
melhor modelo seria o seguinte:
1) cada central montaria um
site, no qual haveria leilão de
crédito;
2) cada empresa associada se
inscreveria informando o valor
da sua carteira de financiamento -ou seja, número de funcionários, valor do financiamento
requerido e prazos;
3) o site uniformizaria de forma automática as propostas dos
bancos, com o cálculo da taxa
efetiva de juros, levando em conta não apenas a taxa nominal
apresentada por cada banco como também os custos adicionais
(como Taxa de Abertura de Crédito e outras);
4) a menor oferta ganharia automaticamente o contrato.
Com isso, as centrais cumpririam seu papel de zelar pelos interesses dos associados, teriam
uma função legitimadora de
conferir transparência ao processo e dariam uma contribuição inestimável à introdução da
competição no mercado de crédito.
Comissão
Segundo levantamento do repórter Enio Lucíola, para o "Programa Econômico", da TV Cultura, os bancos remunerarão os
sindicatos ligados à Força pela
taxa de 0,5% sobre o volume de
crédito liberado, mais 0,5% sobre o pagamento das prestações,
a título de comissão de venda.
Em 2002, o orçamento do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador) destinou R$ 38 milhões à
Força Sindical.
Só no caso do Santander, se
cumpridas as metas de emprestar R$ 2 bilhões, haverá R$ 22
milhões para os sindicatos, considerando que as condições do
acordo com a Força sejam estendidas aos demais. Obviamente o
custo é incorporado às taxas pagas pelos sindicalizados.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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