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COMÉRCIO MUNDIAL
Após pressão dos EUA, Lula quer manter bloco unido e defende estratégias distintas para Alca e OMC
Presidente pede à Colômbia que siga no G20
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa nova tentativa para manter unidos os países que integram
o G20plus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou ontem
por telefone com Alvaro Uribe,
presidente da Colômbia. Lula pediu a Uribe que o país permaneça
no G20plus e que envie representante à reunião que começa amanhã em Buenos Aires. Uribe disse
que faria isso, apurou a Folha.
Preocupado com a pressão dos
EUA sobre os países que, liderados pelo Brasil, atuaram em conjunto em oposição à proposta
americana e européia para a flexibilização das negociações agrícolas, Lula não quer perder o espaço
que avalia ter conquistado na reunião de Cancún. Espera manter o
grupo unido para que os países
em desenvolvimento possam obter vantagens nas negociações
com EUA e União Européia.
Anteontem, Lula já havia conversado com o presidente do Peru, Alejandro Toledo, para que o
país permaneça como integrante
do G20plus. Assim como a Colômbia, o Peru havia manifestado
intenção de sair do grupo.
Reprimenda federal
Em almoço ontem com os ministros Celso Amorim (Relações
Exteriores), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Roberto
Rodrigues (Agricultura) e Antonio Palocci Filho (Fazenda), Lula
ordenou, em tom duro, o fim do
"tiroteio" entre essas autoridades
sobre o processo de negociação
do Brasil para integrar a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas).
Lula, porém, deu razão pontual
aos ministros da área econômica
(Palocci, Rodrigues e Furlan), que
criticaram publicamente e nos
bastidores a condução que o Itamaraty deu à negociação sobre a
Alca na reunião da semana passada em Trinidad e Tobago.
Nessa reunião -mais uma rodada de negociações para formação da Alca-, o Itamaraty endureceu com os EUA, defendendo
discussão restrita de temas para a
formação da área de livre comércio.
Os ministérios da área econômica alegam que o Itamaraty não
discutiu a estratégia para a reunião de Trinidad e Tobago com as
outras áreas de governo envolvidas na negociação da Alca e que
isso teria levado a um isolamento
desnecessário do Brasil. O Itamaraty rebate, dizendo que aplicou
política de governo.
Contrariados com o Brasil, os
EUA ofereceram a países vantagens econômicas em negociações
bilaterais para tentar enfraquecer
o G20plus. Daí Lula tentar manter
o Peru e a Colômbia no grupo.
No almoço com os ministros,
Lula disse ainda que, apesar da nítida afinidade entre os temas discutidos no âmbito da Alca e da
OMC (Organização Mundial do
Comércio), como protecionismo
agrícola e compras governamentais, deve haver nuances em relação às duas negociações.
Ou seja, não pode haver mistura
automática entre as estratégias
para a Alca e a OMC, até porque
nem todo o G20plus participa das
negociações para a implantação
da Alca.
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