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São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2003

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COMÉRCIO MUNDIAL

Após pressão dos EUA, Lula quer manter bloco unido e defende estratégias distintas para Alca e OMC

Presidente pede à Colômbia que siga no G20

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Numa nova tentativa para manter unidos os países que integram o G20plus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou ontem por telefone com Alvaro Uribe, presidente da Colômbia. Lula pediu a Uribe que o país permaneça no G20plus e que envie representante à reunião que começa amanhã em Buenos Aires. Uribe disse que faria isso, apurou a Folha.
Preocupado com a pressão dos EUA sobre os países que, liderados pelo Brasil, atuaram em conjunto em oposição à proposta americana e européia para a flexibilização das negociações agrícolas, Lula não quer perder o espaço que avalia ter conquistado na reunião de Cancún. Espera manter o grupo unido para que os países em desenvolvimento possam obter vantagens nas negociações com EUA e União Européia.
Anteontem, Lula já havia conversado com o presidente do Peru, Alejandro Toledo, para que o país permaneça como integrante do G20plus. Assim como a Colômbia, o Peru havia manifestado intenção de sair do grupo.

Reprimenda federal
Em almoço ontem com os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Roberto Rodrigues (Agricultura) e Antonio Palocci Filho (Fazenda), Lula ordenou, em tom duro, o fim do "tiroteio" entre essas autoridades sobre o processo de negociação do Brasil para integrar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Lula, porém, deu razão pontual aos ministros da área econômica (Palocci, Rodrigues e Furlan), que criticaram publicamente e nos bastidores a condução que o Itamaraty deu à negociação sobre a Alca na reunião da semana passada em Trinidad e Tobago.
Nessa reunião -mais uma rodada de negociações para formação da Alca-, o Itamaraty endureceu com os EUA, defendendo discussão restrita de temas para a formação da área de livre comércio.
Os ministérios da área econômica alegam que o Itamaraty não discutiu a estratégia para a reunião de Trinidad e Tobago com as outras áreas de governo envolvidas na negociação da Alca e que isso teria levado a um isolamento desnecessário do Brasil. O Itamaraty rebate, dizendo que aplicou política de governo.
Contrariados com o Brasil, os EUA ofereceram a países vantagens econômicas em negociações bilaterais para tentar enfraquecer o G20plus. Daí Lula tentar manter o Peru e a Colômbia no grupo.
No almoço com os ministros, Lula disse ainda que, apesar da nítida afinidade entre os temas discutidos no âmbito da Alca e da OMC (Organização Mundial do Comércio), como protecionismo agrícola e compras governamentais, deve haver nuances em relação às duas negociações.
Ou seja, não pode haver mistura automática entre as estratégias para a Alca e a OMC, até porque nem todo o G20plus participa das negociações para a implantação da Alca.


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