São Paulo, sábado, 09 de outubro de 2004

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AGRICULTURA

Primeira ação oficial de fiscalização em supermercados não detecta presença de organismos geneticamente modificados

Produtos passam em teste de transgênico

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na primeira ação oficial de fiscalização nas prateleiras dos supermercados desde que um decreto presidencial determinou a rotulagem de produtos com mais de 1% de transgênicos em sua composição, o Ministério da Justiça não detectou a presença de organismos geneticamente modificados em 29 produtos analisados. Entre eles, estão marcas de leite e queijo de soja, sopas e salgadinhos.
Encomendada pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, subordinada à Secretaria de Defesa Econômica, a análise partiu de amostras de 45 produtos recolhidos em nove Estados em agosto.
A análise ficou prejudicada em 11 amostras que tiveram embalagens violadas. Em outros cinco produtos (três marcas de leite com sabores e duas amostras de sopa), o teste não foi conclusivo porque o código genético não foi preservado no processamento.
"O que podemos afirmar é que, nos produtos analisados, não há chance de haver transgênico acima do limite legal", disse o secretário Daniel Goldberg. As análises encomendadas ao laboratório SGS (Société Générale de Surveillance) do Brasil checaram a presença de transgênicos até um percentual de 0,1%, um décimo do limite previsto na legislação para exigir o rótulo.
Desde 31 de março, a indústria brasileira é obrigada a informar aos consumidores a presença de transgênicos. Seis meses depois de encerrado o prazo de adaptação concedido à indústria, não há notícia de nenhum produto comercializado com o triângulo amarelo e um T no centro impresso nas embalagens. Quem for pego descumprindo o decreto da rotulagem pode pagar multa de mais de R$ 3 milhões.
Goldberg anunciou "um cronograma intenso" de coleta de amostras e análises nos próximos 60 dias. Os produtos já analisados poderão ser novamente checados, de forma aleatória. Os primeiros testes se concentraram em produtos que usam soja como principal ingrediente porque a comercialização do grão geneticamente modificado foi liberada nas duas safras colhidas desde o início do governo Lula.
Para Goldberg, a possibilidade de o processamento dos alimentos destruir os vestígios de soja transgênica usada na composição pode explicar a ausência de embalagens rotuladas nas prateleiras. "Mas não faz sentido especular algo fora dos resultados."
A SGS, empresa contratada pelo Ministério da Justiça e responsável pelas análises cujo resultado foi divulgado ontem, já encontrou transgênicos na composição de produtos da indústria brasileira em exames anteriores, encomendados por outros clientes, afirmou no mês passado à Folha Marcos Zwir, diretor agrícola da empresa.
Os produtos investigados pelo ministério até o momento não incluem aqueles que foram objeto de alerta divulgado pela organização não-governamental Greenpeace, uma das principais adversárias dos transgênicos.


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