São Paulo, domingo, 09 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONSUMO

Com o bolso mais cheio, classe média quer aparelhos de tela plana e maiores; de cada 5 comprados, 1 é de 29 polegadas

Melhora na renda "aumenta" a tela da TV

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

De cada 5 televisores que a indústria venderá às lojas em neste ano, 1 será de 29 polegadas, segundo estimativa do setor.
As vendas de TVs de tela plana -desejo de consumo da classe média neste Natal-, ficarão entre 1,5 milhão e 1,7 milhão de unidades no ano, 70% acima do volume do ano passado.
No caso do DVD gravável, outra coqueluche do mercado, de 6.000 a 7.000 peças são vendidas, em média, a cada mês no país em 2005. Em dezembro, esse número deve aumentar de 30% a 40%.
Por trás desse movimento há uma classe média com o bolso ligeiramente mais cheio neste ano, que sente os efeitos do aumento da renda desde 2004, é altamente receptiva a novidades tecnológicas e, mais do que isso, assiste a uma queda vertiginosa dos preços nas prateleiras.
Para ter uma idéia clara do tombo nas etiquetas, o gravador de DVD custava R$ 7.000 quando foi lançado no país, há cerca de dois anos. No início de 2004, já estava sendo vendido por até R$ 3.500. Para este Natal, as lojas de ruas vão colocá-lo à venda por R$ 999, em seis vezes, sem juros.
Na avaliação de Hiroshi Kishima, gerente de produtos da Semp Toshiba, o consumo em massa do gravador de DVD se dará mesmo daqui a um ano e meio. Ficará, talvez, para o Natal de 2006.
"Iniciamos um processo de expansão nas vendas agora. O produto custa um sétimo do valor quando entrou no país, mas vai ficar ainda mais barato no próximo ano", afirma Kishima.
Num patamar de preço acima, para a classe de maior poder aquisitivo, a TV de plasma de 42 polegadas entrou no país em 2003 custando R$ 22 mil -caso do modelo da Samsung. O mesmo produto custa hoje R$ 12,5 mil, em média. Em promoções neste final de semana, o produto poderá ser encontrado por R$ 11,5 mil -quase metade do seu preço em 2003.

Atração por tecnologia
A popularização da tecnologia tem forte peso nisso. O país é o décimo maior mercado consumidor em eletrônicos, e o que conta é o efeito do "cachorro correndo atrás do próprio rabo": quanto mais acessível o produto, menor o valor, pois os ganhos de escala aumentam e barateiam os custos. Em conseqüência, mais acessível ainda ele fica.
"Há uma questão comportamental. O brasileiro gosta de tecnologia e simplicidade e é muito aberto a novidades que se tornam objeto de desejo. Pesquisas mostram isso", diz José Fuentes, presidente da divisão de eletrônicos da Philips Brasil.
Todos esses fatores pesam na decisão de compra e há, especialmente, uma questão inédita para o setor: a necessidade de compra do consumidor, por conta do início do processo de renovação da frota dos eletrônicos.
É algo confirmado e já sentido pelos fabricantes neste momento. Em 1994, com a expansão no consumo pela implantação do Plano Real, que reduziu a inflação, uma massa de consumidores fora do mercado retornou às lojas.
A demanda por produtos eletrônicos disparou em 1996 e em 1997. Como o "tempo de vida" dessas mercadorias é de oito a dez, começou novamente o troca-troca de produtos.

Renda maior
O que faz diferença agora é que aquele que comprou a TV de 29 polegadas convencional há dez anos, tenderá a trocá-la por outra com um patamar acima em termos tecnológicos -possivelmente pela de tela plana.
Isso não ocorreria se não houvesse ganho no rendimento da população (a renda real subiu 3,7% nos últimos 12 meses), melhoria nos indicadores de emprego e uma "mãozinha" do varejo.
O consumidor terá à disposição no varejo neste final de ano planos de pagamento em até 24 meses, ou em 12 vezes sem juros, no cartão. E descontos de R$ 100 a R$ 200 se pagar à vista.
É a forma de a loja incentivar as compras da classe C, classificada pelas consultorias de consumo, como a LatinPanel, como a classe média que ganha de quatro a dez salários mínimos (R$ 1.200 a R$ 3.000) mensais.

Tela plana
Pelos cálculos da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) para a Folha, 12,88% das vendas totais da indústria de TVs em 2004 foram de aparelhos de tela plana.
A taxa deve quase dobrar neste ano, para 24,69%, segundo previsão inicial. Para os aparelhos de 29 polegadas, a participação deve subir de 16,5% em 2004 para 20,87% em 2005 -o que dá 1 em cada 5 televisores vendidos neste ano.
Segundo relatório sobre o setor de TV digital feito em abril por Jorge Chami Batista, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio, neste ano a indústria espera vender de 1,5 milhão a 1,7 milhão de TVs de tela plana (1 milhão em 2004).
Os televisores de plasma e LCD (cristal líquido) começaram a ser comercializados no Brasil em 2002, com 2.100 unidades vendidas, informa a Eletros. Em 2003, foram 2.400 unidades. Em 2004, houve um salto de 379%, para 11,5 mil TVs entregues às lojas.
Para este ano, a associação espera algo em torno de 35 mil unidades. A Philips, por exemplo, fala em algo como 60 mil unidades.


Texto Anterior: Saiba mais: BC já projeta inflação abaixo da meta em 2005
Próximo Texto: Ligações perigosas: Brasil Telecom sofreu pressão política, diz Cico
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.