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CONSUMO
Com o bolso mais cheio, classe média quer aparelhos de tela plana e maiores; de cada 5 comprados, 1 é de 29 polegadas
Melhora na renda "aumenta" a tela da TV
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
De cada 5 televisores que a indústria venderá às lojas em neste
ano, 1 será de 29 polegadas, segundo estimativa do setor.
As vendas de TVs de tela plana
-desejo de consumo da classe
média neste Natal-, ficarão entre 1,5 milhão e 1,7 milhão de unidades no ano, 70% acima do volume do ano passado.
No caso do DVD gravável, outra
coqueluche do mercado, de 6.000
a 7.000 peças são vendidas, em
média, a cada mês no país em
2005. Em dezembro, esse número
deve aumentar de 30% a 40%.
Por trás desse movimento há
uma classe média com o bolso ligeiramente mais cheio neste ano,
que sente os efeitos do aumento
da renda desde 2004, é altamente
receptiva a novidades tecnológicas e, mais do que isso, assiste a
uma queda vertiginosa dos preços
nas prateleiras.
Para ter uma idéia clara do tombo nas etiquetas, o gravador de
DVD custava R$ 7.000 quando foi
lançado no país, há cerca de dois
anos. No início de 2004, já estava
sendo vendido por até R$ 3.500.
Para este Natal, as lojas de ruas
vão colocá-lo à venda por R$ 999,
em seis vezes, sem juros.
Na avaliação de Hiroshi Kishima, gerente de produtos da Semp
Toshiba, o consumo em massa do
gravador de DVD se dará mesmo
daqui a um ano e meio. Ficará, talvez, para o Natal de 2006.
"Iniciamos um processo de expansão nas vendas agora. O produto custa um sétimo do valor
quando entrou no país, mas vai ficar ainda mais barato no próximo
ano", afirma Kishima.
Num patamar de preço acima,
para a classe de maior poder aquisitivo, a TV de plasma de 42 polegadas entrou no país em 2003 custando R$ 22 mil -caso do modelo da Samsung. O mesmo produto custa hoje R$ 12,5 mil, em média. Em promoções neste final de
semana, o produto poderá ser encontrado por R$ 11,5 mil -quase
metade do seu preço em 2003.
Atração por tecnologia
A popularização da tecnologia
tem forte peso nisso. O país é o décimo maior mercado consumidor
em eletrônicos, e o que conta é o
efeito do "cachorro correndo
atrás do próprio rabo": quanto
mais acessível o produto, menor o
valor, pois os ganhos de escala aumentam e barateiam os custos.
Em conseqüência, mais acessível
ainda ele fica.
"Há uma questão comportamental. O brasileiro gosta de tecnologia e simplicidade e é muito
aberto a novidades que se tornam
objeto de desejo. Pesquisas mostram isso", diz José Fuentes, presidente da divisão de eletrônicos da
Philips Brasil.
Todos esses fatores pesam na
decisão de compra e há, especialmente, uma questão inédita para
o setor: a necessidade de compra
do consumidor, por conta do início do processo de renovação da
frota dos eletrônicos.
É algo confirmado e já sentido
pelos fabricantes neste momento.
Em 1994, com a expansão no consumo pela implantação do Plano
Real, que reduziu a inflação, uma
massa de consumidores fora do
mercado retornou às lojas.
A demanda por produtos eletrônicos disparou em 1996 e em
1997. Como o "tempo de vida"
dessas mercadorias é de oito a
dez, começou novamente o troca-troca de produtos.
Renda maior
O que faz diferença agora é que
aquele que comprou a TV de 29
polegadas convencional há dez
anos, tenderá a trocá-la por outra
com um patamar acima em termos tecnológicos -possivelmente pela de tela plana.
Isso não ocorreria se não houvesse ganho no rendimento da
população (a renda real subiu
3,7% nos últimos 12 meses), melhoria nos indicadores de emprego e uma "mãozinha" do varejo.
O consumidor terá à disposição
no varejo neste final de ano planos de pagamento em até 24 meses, ou em 12 vezes sem juros, no
cartão. E descontos de R$ 100 a R$
200 se pagar à vista.
É a forma de a loja incentivar as
compras da classe C, classificada
pelas consultorias de consumo,
como a LatinPanel, como a classe
média que ganha de quatro a dez
salários mínimos (R$ 1.200 a R$
3.000) mensais.
Tela plana
Pelos cálculos da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de
Produtos Eletroeletrônicos) para
a Folha, 12,88% das vendas totais
da indústria de TVs em 2004 foram de aparelhos de tela plana.
A taxa deve quase dobrar neste
ano, para 24,69%, segundo previsão inicial. Para os aparelhos de 29
polegadas, a participação deve subir de 16,5% em 2004 para 20,87%
em 2005 -o que dá 1 em cada 5
televisores vendidos neste ano.
Segundo relatório sobre o setor
de TV digital feito em abril por
Jorge Chami Batista, professor do
Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio, neste ano a
indústria espera vender de 1,5 milhão a 1,7 milhão de TVs de tela
plana (1 milhão em 2004).
Os televisores de plasma e LCD
(cristal líquido) começaram a ser
comercializados no Brasil em
2002, com 2.100 unidades vendidas, informa a Eletros. Em 2003,
foram 2.400 unidades. Em 2004,
houve um salto de 379%, para 11,5
mil TVs entregues às lojas.
Para este ano, a associação espera algo em torno de 35 mil unidades. A Philips, por exemplo, fala
em algo como 60 mil unidades.
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