São Paulo, terça-feira, 09 de outubro de 2007

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BC retoma intervenção, e dólar tem alta

Moeda subiu 0,72% e fechou o dia a R$ 1,818; analistas avaliam que atuações oficiais não devem voltar a ocorrer diariamente

Banco Central não realizava intervenções no mercado de câmbio desde meados de agosto, quando a crise elevou o dólar a mais de R$ 2

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após quase dois meses, o Banco Central retomou suas atuações no mercado de câmbio. Em dia de negociação mais fraca, devido ao feriado nos Estados Unidos, o leilão de compra de dólares promovido pelo BC favoreceu a alta da moeda americana, que terminou vendida a R$ 1,818, depois de subir 0,72%. Na máxima do dia, a moeda foi vendida a R$ 1,824.
Na sexta-feira, o dólar fechou vendido a R$ 1,805, menor valor em mais de sete anos.
O BC havia suspendido suas intervenções em meados de agosto, devido às turbulências internacionais, que levaram o dólar acima de R$ 2. Mas, diferentemente do que vinha ocorrendo antes, analistas entendem que o Banco Central não fará leilões diariamente para adquirir moeda dos bancos.
"A atuação do BC foi mais para dar um sinal e marcar presença no mercado", diz Mário Battistel, analista de câmbio da Fair Corretora. Segundo operadores, o BC comprou cerca de US$ 90 milhões ontem.
Apesar da elevação de ontem, a cotação da moeda ainda é bastante baixa se comparada aos níveis atingidos há pouco tempo. No dia 16 de agosto, o dólar encerrou a R$ 2,09. No acumulado do ano, o dólar tem desvalorização de 14,93%.
Ao comprar dólares, o BC eleva a demanda pela moeda, o que aumenta as chances de sua cotação subir.
"Neste momento, entendo que o BC deve realizar atuações mais esporádicas", diz Alex Agostini, economista da consultoria Austin Rating.
"O custo das intervenções é alto, e as reservas do país estão em um nível elevado, satisfatório em relação ao tamanho da dívida externa brasileira", afirma Agostini.
As reservas internacionais do país estão em torno de US$ 162 bilhões. Em momentos de crise financeira, principalmente nas de alcance internacional, ter um patamar elevado de reservas é relevante para que o país sofra um contágio negativo menor -é possível mitigar crises de confiança na capacidade de o governo poder honrar sua dívida externa e conseguir, assim, evitar uma preocupante fuga de capitais externos do país.
Mas, como existe um custo para o Banco Central comprar dólares e manter essas divisas, analistas afirmam que não há sentido em se adquirir moeda infinitamente.
Além disso, as pressões inflacionárias que os últimos índices de preços têm demonstrado podem perder força com a queda do dólar, que tem impacto positivo sobre os preços de diferentes produtos.

Ações
Durante boa parte do pregão de ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo operou em baixa, chegando a marcar recuo de 0,77% na mínima do dia. Porém, o bom momento que a Bovespa atravessa acabou por prevalecer: seu principal índice subiu 0,55%, a um novo patamar recorde (62.660 pontos).
As ações da Petrobras e da Vale do Rio Doce concentraram 35% das operações realizadas no pregão de ontem. A ação PN da Petrobras, a mais negociada, subiu 1,12%. A PNA da Vale teve alta de 0,21%.
Outro destaque de giro ontem foram as ações units do Unibanco, que movimentaram 3,8% do total e subiram 0,22%. A instituição costuma ser alvo de especulações sobre sua hipotética venda a concorrentes.


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