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Anfavea quer ação contra os argentinos
em São Paulo
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores) quer que o governo federal formalize protesto à
possibilidade de criação de uma
nova barreira argentina contra a
entrada naquele país de veículos
produzidos no Brasil.
A revolta da entidade deve-se a
um decreto assinado pelo ministro da Economia da Argentina,
Roque Fernandez, no início do
mês, prevendo incentivos de
2.500 pesos para a compra de carros com motores menos poluentes, os chamados "Autos de Baja
Contaminacion (ABC)."
Para ter acesso ao incentivo, que
seria concedido integralmente
pelo governo, o decreto exige que
o motor do veículo tenha pelo
menos 60% dos componentes
produzidos na Argentina.
Essa exigência, segundo o presidente da Anfavea, José Carlos Pinheiro Neto, inviabiliza a entrada
de motores e de carros produzidos no Brasil.
"É uma tentativa de salvaguarda. Não pode haver discriminação", disse o representante das
montadoras brasileiras".
Além do incentivo para os carros menos poluentes, a Argentina
já tem um projeto de renovação
de frota que concede bônus de
3.500 pesos para a troca de veículos velhos por novos. O governo
argentino banca 2.000 pesos e as
fábricas, o restante.
A Anfavea disse que encaminharia ainda ontem correspondência aos ministros do Desenvolvimento, Alcides Tápias, e ao
de Relações Exteriores Exteriores,
Luiz Felipe Lampreia, oficializando o protesto e pedindo providência.
De acordo com Pinheiro Neto, o
secretário de Política Industrial,
Hélio Mattar, subordinado ao Ministério do Desenvolvimento, teria informado na sexta-feira que
já estava sabendo da tentativa de
restrição e também seria contrário a ela.
O secretário teria dito à Anfavea
que estaria ontem na Argentina e
que esse seria um dos temas a ser
tratado.
Pinheiro Neto não informou
quantos motores a indústria brasileira exporta para o país vizinho.
"Não vou entrar no mérito de cálculos. Isso (salvaguardas) não pode ocorrer", afirmou.
Ele fez declaração ontem na
abertura da 12ª Fenatran (Feira
Nacional de Transportes), que
acontece até sexta-feira no
Anhembi, em São Paulo.
Hoje a entidade divulgará oficialmente o resultado do setor em
outubro, um dos piores do ano
(leia reportagem acima).
A Anfavea distribuiu ontem cópias do decreto assinado por Fernandez no qual ele justifica a medida como forma de estimular o
desenvolvimento tecnológico e de
as empresas cumprirem as metas
ambientais.
A entidade não soube informar
a partir de quando o decreto passará a valer.
Pinheiro Neto defendeu a criação que o Mercosul tenha um sistema de solução de controvérsias
para discutir essas questões.
"Não queremos que o Mercosul
tenha essas negociações em separado", disse.
(FP)
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