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VIZINHO EM CRISE
Rumor era que Machinea divulgaria nova série de medidas econômicas; Bolsa cai 2,11% e FRB recua 1,5%
Boataria derruba mercado argentino
JOSÉ ALAN DIAS
DE BUENOS AIRES
A fragilizada economia da Argentina sofreu com outro dia de
rumores e informações desencontradas no mercado e de desmentidos por parte do governo.
Entre os rumores que circularam ontem estava o de que o ministro da Economia, José Luis
Machinea, aproveitaria a participação hoje à noite em um seminário com empresários em Mar del
Plata (sul do país) para apresentar
uma nova série de medidas econômicas. A informação foi desmentida pelo Ministério da Economia. De acordo com assessores, Machinea apenas conversará
sobre o pacote anunciado 20 dias
atrás, que previa cortes de impostos tentando estimular investimentos no setor produtivo.
A onda de rumores fez com que
com os FRB, os mais importantes
títulos da dívida Argentina, recuassem 1,5%. A Bolsa de Buenos
Aires também acusou o golpe: o
índice Merval fechou em baixa de
2,11%. O grau de nervosismo pode ser expressado pela taxa de risco do país, que subiu 53 pontos,
atingindo 990 pontos básicos, o
mais alto índice do ano.
A reação ocorreu um dia depois
de o governo ter aceitado pagar
taxas entre 13% e 16%, outro recorde em 2000, para repassar a
bancos que operam no país US$
1,1 bilhão em Letras do Tesouro
Nacional. Os papéis com vencimento em 91 dias, por exemplo,
foram negociados com taxa de
13% ao ano enquanto que, duas
semanas antes, em operação semelhante, o mercado exigira
9,25% de remuneração.
Outro dos rumores que circularam era que o governo estaria negociando junto a órgãos internacionais, entre os quais o FMI, o
Banco Interamericano de Desenvolvimento, e até mesmo o Tesouro dos EUA, um empréstimo
de, no mínimo, US$ 12 bilhões,
que serviria para o país não precisar por algum tempo recorrer a
operações com bancos privados.
As especulações sobre o empréstimo já existem há cerca de
duas semanas, mas o ingrediente
novo é o aumento substancial no
valor inicialmente previsto -entre US$ 7 bilhões e US$ 9 bilhões.
As negociações teriam até prazo
para a conclusão: 20 de janeiro,
quando o novo presidente dos
EUA tomará posse.
No próximo ano, a Argentina
precisará financiar US$ 19 bilhões
para cumprir com suas obrigações junto a credores.
Até mesmo uma prestigiada rede de TV, especializada em noticiário econômico, aderiu à boataria e informou que haveria troca
de gabinete: o ministro da Defesa,
Ricardo López Murphy, assumiria o cargo de Machinea antes de
dezembro. O governo da Argentina, mais uma vez, negou.
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