São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2000

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Efeito da alta do dólar ainda é uma incógnita

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda é cedo para afirmar se as últimas altas do dólar vieram para ficar ou não. No entanto, mesmo que as recentes desvalorizações do real se revelem permanentes, com o valor do dólar ficando próximo de R$ 2, é difícil prever quais serão os efeitos do novo patamar da taxa de câmbio para a economia brasileira.
Os manuais de economia ensinam que desvalorizações cambiais incentivam as exportações e reduzem as importações, já que os produtos nacionais ficam mais baratos no mercado externo e produtos importados ficam mais caros. Desse ponto de vista a desvalorização é positiva: ajuda o país a melhorar o resultado da balança comercial.
No entanto, esses não são os únicos efeitos de uma desvalorização cambial. O aumento dos preços dos produtos importados, por exemplo, pode minar parte do ganho de competitividade das exportações.
Muitos produtos importados não podem ser substituídos por similares nacionais. Para as empresas nacionais que usam esses produtos, isso significa um aumento dos custos de produção.
Se esse aumento de custo é repassado para os preços, podem surgir dois efeitos negativos:
1) no caso de produtos destinados à exportação, o aumento do preço os torna menos competitivos no mercado externo;
2) no caso de produtos vendidos no mercado interno, a alta de preços gera inflação.
Outro efeito indesejável do ponto de vista da inflação é a pressão sobre os preços dos combustíveis. Ainda que o governo controle esses preços, já existe uma defasagem entre o preço internacional do petróleo -fixado em dólar- e o interno.
Muitos analistas esperam que o governo conceda, ainda este ano, um aumento nos preços dos combustíveis. Com o dólar mais caro, aumenta ainda mais a defasagem entre os preços interno e externo do petróleo. O aumento dessa defasagem faz com que seja maior também a probabilidade do governo ter de elevar os preços dos combustíveis.


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