|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Efeito da alta do dólar
ainda é uma incógnita
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ainda é cedo para afirmar se as
últimas altas do dólar vieram para
ficar ou não. No entanto, mesmo
que as recentes desvalorizações
do real se revelem permanentes,
com o valor do dólar ficando próximo de R$ 2, é difícil prever quais
serão os efeitos do novo patamar
da taxa de câmbio para a economia brasileira.
Os manuais de economia ensinam que desvalorizações cambiais incentivam as exportações e
reduzem as importações, já que
os produtos nacionais ficam mais
baratos no mercado externo e
produtos importados ficam mais
caros. Desse ponto de vista a desvalorização é positiva: ajuda o
país a melhorar o resultado da balança comercial.
No entanto, esses não são os
únicos efeitos de uma desvalorização cambial. O aumento dos
preços dos produtos importados,
por exemplo, pode minar parte
do ganho de competitividade das
exportações.
Muitos produtos importados
não podem ser substituídos por
similares nacionais. Para as empresas nacionais que usam esses
produtos, isso significa um aumento dos custos de produção.
Se esse aumento de custo é repassado para os preços, podem
surgir dois efeitos negativos:
1) no caso de produtos destinados à exportação, o aumento do
preço os torna menos competitivos no mercado externo;
2) no caso de produtos vendidos no mercado interno, a alta de
preços gera inflação.
Outro efeito indesejável do ponto de vista da inflação é a pressão
sobre os preços dos combustíveis.
Ainda que o governo controle esses preços, já existe uma defasagem entre o preço internacional
do petróleo -fixado em dólar-
e o interno.
Muitos analistas esperam que o
governo conceda, ainda este ano,
um aumento nos preços dos combustíveis. Com o dólar mais caro,
aumenta ainda mais a defasagem
entre os preços interno e externo
do petróleo. O aumento dessa defasagem faz com que seja maior
também a probabilidade do governo ter de elevar os preços dos
combustíveis.
Texto Anterior: Boataria derruba mercado argentino Próximo Texto: Opinião econômica - Paulo Nogueira Batista Jr.: Um livro Índice
|